A possibilidade de o preço dos combustíveis sofrer reajustes após o ataque dos Estados Unidos a militares do Irã em Bagdá mobilizou as atenções do presidente Jair Bolsonaro e da alta cúpula da Petrobras nesta sexta (3).
Bolsonaro confirmou aos jornalistas que procurou o presidente da companhia, Roberto Castello Branco, para, ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, tratar da repercussão do assunto no Brasil.
“Que [o ataque dos EUA] vai afetar, vai. Agora vamos ver o nosso limite aqui”, sintetizou o Chefe do Estado, admitindo que o aumento chegará aos bolsos dos consumidores.
Petrobras não se manifesta
Segundo informações da Agência Reuters, os contratos futuros do petróleo subiram 3% no início da tarde de sexta, justamente após a confirmação do ataque que vitimou o general iraniano Qassim Suleimani.
A Petrobras, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre o assunto, mas é sabido que a empresa acumulou prejuízos recentemente ao não repassar para o mercado interno os aumentos do petróleo fora do País.
Preocupação é correta
Em entrevista para a Reuters, Edmar de Almeida, professor de Economia da UFRJ e pesquisador do Instituto de Energia da USP, afirmou que Bolsonaro tem todo o direito de ficar preocupado com o provável efeito nos combustíveis.
“O presidente tem direito de ficar preocupado com o preço do combustível, aliás, deveria ficar preocupado… O que vai fazer com essa preocupação que é o problema”.
A ofensiva militar dos Estados Unidos em Bagdá, que resultou na morte do general iraniano Qassem Soleimani, terá impacto direto no preço dos combustíveis praticado no Brasil.
O presidente Jair Bolsonaro admitiu que vai discutir o assunto com a equipe econômica e com o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno.
Sem tabelamento
Bolsonaro disse que a ação dos EUA causará impacto e o provável aumento dos já elevados preços dos combustíveis. O presidente alertou que não pretende implantar qualquer tipo de tabelamento, mas que não permitirá aumentos abusivos.
“Que vai impactar, vai. Agora vamos ver nosso limite aqui, porque já está alto, e se subir mais, complica. Mas não posso tabelar nada. Já fizemos esse tipo de política de tabelamento antes e não deu certo. Vou agora conversar com quem entende do assunto”.
Bolsonaro fala em “quebra do monopólio”
O presidente tentou conversar com o mais alto executivo da Petrobras, Roberto da Cunha Castello Branco, para saber quais serão as atitudes tomadas, mas não conseguiu êxito no encontro.
A ideia, segundo Bolsonaro, é quebrar o monopólio atual da empresa para, então, efetivamente ter sucesso na tarefa de evitar o aumento constante no preço dos combustíveis.
“Temos de quebrar o monopólio [para evitar a alta dos combustíveis]. A distribuição é ainda o que mais pesa no preço, e depois o ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços], que é um imposto estadual”.