O governo da China se comprometeu a aumentar o volume compras de bens e serviços dos EUA pelo próximos dois anos, como estabelece o acordo comercial assinado nesta quarta (15) com os americanos. A medida gerou preocupação de parceiros comerciais na Europa.
Segundo informações do portal de notícias South China Morning Post, empresários europeus consideraram esse item do acordo como “distorção do mercado”.
Imposição dos EUA
Após a assinatura da fase um do acordo em Washington na quarta-feira, o vice-primeiro-ministro Liu He decidiu apaziguar os ânimos de outros governos, avisando que eles não sofreriam com o compromisso firmado entre China e EUA.
Mas a mensagem não parece ter sido convincente. O presidente da Câmara de Comércio da União Europeia na China Joerg Wuttke, por exemplo, disse que o comprometimento chinês em acelerar compras dos EUA é “imposição americana e levaria empresas da Europa a perderem espaço no comércio internacional”.
“A China ficou com menos opções ou possibilidades de fornecimento, digamos, de importação de soja do Brasil, de gás da Austrália e do Catar, carvão da Índia ou de aviões da Europa, e isso tudo é distorção do mercado”, disse Wuttke a repórteres em Pequim nesta quinta-feira.
Promessas
O vice-premiê chinês também argumenta que as promessas de Pequim a Washington sobre proteção de direitos de propriedade intelectual, transferências de tecnologia e acesso aos mercados financeiros se aplicaria a seus outros parceiros comerciais.
Wuttke elogiou a ponderação e disse que a fala de Liu He era “muito encorajadora”. “Vamos ver como será implementado no próximo ano. Veremos ainda por quanto tempo a fase 1 sobreviverá. Será um empreendimento muito desafiador para ambas as partes ”, afirmou ele.
Itens do acordo
Segundo o documento assinado, os EUA aumentarão suas vendas para a China em US$ 200 bilhões, concentrados em produtos agrícolas, industriais, financeiros e tecnológicos, durante dois anos.
Em troca, os EUA retirarão as sobretaxas sobre as importações chinesas, mas apenas após a conclusão da segunda fase.
“Esse é um acordo muito mais poderoso que o dos US$ 200 bilhões. É um acordo de US$ 250 bilhões, US$ 300 bilhões. É o maior acordo já negociado. A China tem 1,5 bilhão de habitantes e é um mercado que se abre para nós”, disse Trump.
O acordo encerra meses de especulações e notícias sobre a guerra tarifária entre os dois países. Trump falou na Casa Branca: “Esse é um momento histórico”.
Liu He afirmou: “este acordo é mutuamente benéfico. A China vai honrar escrupulosamente a primeira fase do acordo.”
“A China irá se abrir mais amplamente no futuro”, acrescentou.
Sem isolamento chinês
A chanceler alemã Angela Merkel acredita que a guerra comercial com a China não pode levar ao isolamento do país asiático. Para ela, é preferível “assegurar que as relações comerciais são justas” e que todos possam ganhar. Merkel diz ter a “firme convicção” de que é possível ter situações de “win-win”, em que as parcerias beneficiam ambos os lados.
Ela deu a afirmação em entrevista ao Financial Times, publicada esta quinta-feira (16). A China é vista como uma ameaça para a Alemanha.
“Tal como foi o caso da Alemanha, a ascensão (da China) baseia-se em grande medida no trabalho árduo, criatividade e capacidades técnicas”, disse Merkel. “Na minha opinião, isolar completamente a China não pode ser a resposta”.