A Verde Asset, sob a liderança de Luís Stuhlberger, divulgou um relatório sobre o desempenho do Fundo Verde em novembro. O documento revela que os gestores estão apostando na valorização do Real contra o Dólar, devido a uma melhora estrutural que ocorreu ao longo de 2023, a qual pode não ter sido adequadamente percebida pela maioria dos analistas.
A aposta no Real é motivada pela renovação da balança comercial brasileira, que está batendo recordes. De acordo com a Verde, em novembro, o saldo superou US$ 90 bilhões no acumulado em 12 meses, sendo este o maior da história.
Embora as projeções para o próximo ano sejam modestas, a Verde relata que os resultados recentes indicam uma direção oposta. A média anualizada dos últimos três meses se aproxima de US$ 130 bilhões, sinalizando possíveis novos recordes para o futuro.
“Acreditamos que a manutenção desse novo patamar, próximo a US$ 100 bilhões (o dobro do pré-pandemia), é um fator relevante na determinação da taxa de câmbio. Por isso, dedicamos este texto para avaliar quão sustentável é esse resultado“, explica o relatório.
A Verde alerta para uma possível correção deste superávit com uma queda nos preços dos itens exportados, que estão 30% acima do nível pré-pandemia. No entanto, os analistas argumentam que, apesar da validade deste ponto, existem duas ressalvas:
- Os preços dos itens exportados já caíram 15% desde o pico, mas o saldo comercial continua crescendo;
- Nos últimos meses, o preço dos itens exportados vem se estabilizando, enquanto o dos importados continua caindo, melhorando os termos de troca em vez de piorá-los.
O relatório da Verde Asset reforça que o saldo comercial do Brasil, atualmente em US$ 130 bilhões, dificilmente diminuirá para menos de US$ 95 bilhões em 2023, mesmo com uma possível queda nos preços das exportações.
Para entender melhor este cenário, a Verde usa duas grandes commodities como exemplos para ilustrar seu ponto de vista: petróleo e soja. Ambos os produtos tiveram um aumento significativo na pauta exportadora devido a investimentos e podem manter sua influência positiva no saldo.
Embora possa haver quedas nas safras devido a fatores climáticos em 2024, a recuperação dos preços pode mitigar as perdas. Portanto, é provável que o Brasil continue a ter superávits comerciais de cerca de US$ 100 bilhões ou mais.
A Verde também menciona críticas que apontam que o fluxo cambial não cresceu proporcionalmente e que o Banco Central do Brasil não está acumulando reservas. No entanto, tendências históricas sugerem que outros fluxos financeiros podem melhorar após um aumento nas exportações e uma possível queda nas taxas de juros americanas.
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- Verde reduz posição em bolsa com alta nos juros dos EUA
Como foi o desempenho do Fundo Verde em novembro
Segundo o relatório, o Fundo Verde obteve ganhos em Ações no Brasil, na posição aplicada em juros reais, na bolsa global e nas posições de juros nos EUA e Europa. No entanto, o gestor sofreu perdas no livro de moedas, com a correção na moeda chinesa, na posição tomada em juros no Japão e nos hedges na bolsa americana.
Para explicar a situação, a Verde revela que conseguiu fortes ganhos nos ativos de risco. Uma explicação para este resultado é que as correções das taxas de juros, após uma sequência de quatro meses de fortes altas, melhoraram o ambiente de investimentos em ativos de risco.
Este cenário impulsionou os mercados em geral, com o S&P subindo 8,92% e o Ibovespa escalando 12,54%.
“Nossa opinião de que havia um certo exagero no movimento de juros se mostrou correta, mas daqui para frente o cenário começa a se tornar mais complexo, especialmente com relação ao crescimento americano. Até que ponto a desaceleração que vimos recentemente vai evoluir para uma recessão é a pergunta de muitos trilhões para os próximos meses“, esclarece o relatório.
Dessa forma, a Verde conta que o fundo aproveitou o rally e já reduziu sua exposição em ações, tanto no Brasil quanto no mundo. Os gestores mantiveram a sua posição em juros reais no Brasil.
No mercado global, a Verde diminuiu as posições no Japão e zerou as posições aplicadas na parte longa da curva nos EUA. No entanto, eles ainda continuam aplicando no juro real americano.
“Mantivemos também uma pequena alocação em petróleo e a exposição em crédito high yield local e global. Em moedas, continuamos com posição comprada na Rúpia indiana contra o Renminbi chinês, aumentamos a posição no Peso mexicano e voltamos a comprar Real contra o Dólar“, concluiu o relatório, mostrando como estarão alocados em dezembro.