Em participação virtual no Fórum Econômico Mundial em Davos, nesta quinta-feira (23), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu os líderes globais ao defender uma redução imediata das taxas de juros, indiretamente se referindo ao Federal Reserve (Fed), que realiza reunião de política monetária na próxima semana.
Durante seu discurso, Trump destacou que pressionará por cortes nas taxas, que, segundo ele, deveriam ser adotados mundialmente.
“Vou exigir que as taxas de juros caiam imediatamente”, afirmou Trump. “E da mesma forma, elas deveriam estar caindo em todo o mundo. As taxas de juros devem nos seguir por toda parte”, disse.
Embora Trump não tenha citado diretamente o Federal Reserve, sua mensagem foi clara, reforçando seu histórico contencioso com o banco central norte-americano durante seu primeiro mandato. Ele frequentemente criticava o presidente do Fed, Jerome Powell, a quem comparou, usando termos depreciativos, a “um jogador de golfe que não sabe jogar”.
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Trump em Davos: reação dos mercados
Após o discurso, o dólar à vista caía 1,15%, a R$ 5,8780, depois de renovar mínimas seguidas, enquanto o índice DXY perdia 0,20%, aos 107,951 pontos, também na mínima do dia.
As bolsas em Nova York mantêm o viés de alta (Dow +0,84%; S&P500 +0,28%), com exceção do Nasdaq (-0,15%), com as techs devolvendo parte da forte alta recente.
Os comentários de Trump acontecem em um momento relevante, poucos dias antes da próxima reunião de política monetária do Fed, programada para ocorrer terça e quarta da próxima semana (dias 28 e 29). As expectativas do mercado sugerem que é improvável que o banco central reduza sua taxa básica de juros no curto prazo, que atualmente está na faixa de 4,25% a 4,5%. No entanto, analistas acreditam que o primeiro corte de juros possa ocorrer em junho de 2025, com chances moderadas de um segundo corte ainda este ano.
Independência do Federal Reserve
As declarações de Trump reacenderam debates sobre a independência do Federal Reserve, uma característica considerada essencial para garantir a estabilidade econômica e a confiança dos mercados. Jerome Powell e outros membros do Fed têm enfatizado que as decisões do banco central não devem ser influenciadas por pressões políticas.
Desde 2021, o Fed tem enfrentado críticas por subestimar o aumento da inflação, classificada como “transitória” na época. O fato levou a uma série de aumentos agressivos nas taxas de juros para conter o avanço dos preços. Apesar de sinais de desaceleração da inflação, ainda acima da meta de 2% do banco central, os formuladores de políticas monetárias mantêm uma postura cautelosa.
Trump culpa Biden pela inflação
No discurso, Trump atribuiu os altos índices de inflação ao que chamou de “gastos deficitários desnecessários” da administração Biden. “O resultado é a pior crise inflacionária da história moderna e taxas de juros altíssimas para nossos cidadãos e até mesmo para todo o mundo. Os preços dos alimentos e o preço de quase todas as outras coisas conhecidas pela humanidade dispararam”, criticou.
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