A taxa Selic deve subir 0,25 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que se encerra nesta quarta-feira (18), para 15% ao ano. Relatório do BTG Pactual (BPAC11), a revisão na projeção ocorre após a comunicação oficial da última reunião deixar claro que a decisão está em aberto e dependerá da evolução dos dados econômicos.
Desde então, a atividade econômica se mantém resiliente e a inflação de serviços segue pressionada, sem sinais consistentes de moderação. Diante desse cenário, analistas avaliam que um ajuste residual é necessário para reforçar o compromisso com a convergência da inflação à meta.
Embora compatível com o discurso recente do Banco Central, a simples manutenção da Selic — atualmente em 14,75% ao ano — é vista como insuficiente diante das expectativas de inflação ainda desancoradas, da atividade econômica aquecida e da transmissão monetária ainda limitada. Uma alta adicional de 0,25 ponto, segundo especialistas, seria a estratégia mais eficaz para consolidar o processo de desinflação, preservar a credibilidade do ciclo já implementado e evitar um aperto mais custoso no futuro.
Copom deve manter comunicação cautelosa e flexível na taxa Selic
De acordo com o relatório do banco de investimentos, a expectativa é de que a comunicação do Copom após a reunião mantenha o tom de cautela e flexibilidade adotado recentemente. A escalada do conflito geopolítico entre Israel e Irã aumenta a incerteza sobre os preços da energia e se soma a um ambiente já marcado por volatilidade, expectativas desancoradas e apenas sinais iniciais de moderação na atividade e na inflação subjacente.
Apesar de o Banco Central reiterar que os efeitos do ciclo de alta da Selic ainda estão em curso, o comitê deve continuar adotando uma postura dependente dos dados, deixando espaço para eventuais recalibrações caso o cenário evolua de forma diferente do esperado.
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Atividade econômica segue aquecida
Desde a última reunião do Copom, os dados divulgados apontam para uma economia com demanda apertada. O mercado de trabalho continua surpreendendo positivamente, e o PIB do primeiro trimestre de 2025 (excluindo o setor agrícola) indicou uma demanda doméstica resiliente. Embora indicadores como as vendas no varejo e a produção de serviços comecem a sinalizar os efeitos da política monetária, essa transmissão ainda é considerada incipiente.
Apesar de o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vir abaixo das expectativas nos últimos meses, isso se deve em grande parte à queda nos preços de bens industriais, favorecida por um real mais valorizado. A inflação de serviços, mais sensível à política monetária, permanece elevada, segundo o relatório.
“Em maio, houve uma leve desaceleração no núcleo amplo de serviços, concentrada em itens com maior sensibilidade ao repasse de custos. Já o núcleo de serviços intensivos em mão de obra se manteve estável em relação a abril, ainda em um patamar desconfortável”, disse o BTG.
Já o novo pacote tarifário dos Estados Unidos tende a ter efeito desinflacionário sobre o Brasil, ao aumentar o excedente exportável da China e pressionar os preços dos bens importados. No entanto, até agora, a queda na inflação de bens industriais é atribuída principalmente à valorização do real. Os impactos iniciais das tarifas sobre os preços de importação chinesa foram de alta, reflexo da antecipação de compras pelos EUA. A expectativa é de que o aumento da oferta chinesa se intensifique no segundo semestre.
Desaceleração dos juros nos segundo semestre
A projeção é que o aperto monetário termine com a alta de 0,25 ponto em junho. Até a reunião de julho, os sinais de moderação da atividade — especialmente nos setores mais sensíveis à política monetária — devem se tornar mais evidentes, permitindo o encerramento do ciclo.
Para o segundo semestre, espera-se uma desaceleração gradual da atividade econômica, ainda com hiato do produto positivo e inflação de serviços elevada. A convergência mais consistente da inflação de serviços é esperada apenas no início de 2026, o que deve abrir espaço para o início do ciclo de corte da Selic no primeiro trimestre do próximo ano.