O tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pode gerar um impacto devastador no agronegócio brasileiro. Segundo estudo obtido pela CNN, o setor estima uma perda de até US$ 5,8 bilhões em receitas com exportações para os EUA, caso as novas tarifas entrem em vigor no dia 1º de agosto.
Em 2024, o Brasil exportou US$ 12,1 bilhões em produtos do agro para o mercado norte-americano. O levantamento, elaborado por representantes do setor, projeta que uma elevação tarifária de até 50% pode derrubar as exportações brasileiras em 48%. “O tarifaço e o agro entram em rota de colisão, com prejuízos diretos para os produtores e para a balança comercial do país”, alerta o estudo.
O documento aponta ainda que o impacto será repassado integralmente aos preços dos produtos, tornando muitos itens brasileiros inviáveis nos Estados Unidos. Sucos de laranja, por exemplo, seriam fortemente afetados, com as novas tarifas praticamente impedindo sua entrada. Já o café verde, embora também atingido, enfrentaria perdas menores, devido à escassez global do grão e à baixa possibilidade de substituição.
Tarifaço e o agro: setor de carnes bovinas tem queda nas vendas
Os efeitos do tarifaço já se manifestam no comércio bilateral. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), mostram queda acelerada nas exportações de carne bovina brasileira para os EUA. Em abril, foram embarcadas 47,8 mil toneladas — o maior volume da série histórica. Em maio, após o anúncio da primeira rodada tarifária de 10%, os embarques caíram para 27,4 mil toneladas. Em junho, recuaram para 19,2 mil, e até 21 de julho somaram apenas 9,7 mil toneladas. A retração acumulada desde abril chega a 79,7%.
Com o tarifaço e o agro no centro da tensão comercial entre Brasil e EUA, o setor teme uma retração duradoura nas exportações e pressiona o governo brasileiro por medidas diplomáticas urgentes. Caso não haja acordo, o impacto poderá comprometer o desempenho do agronegócio no segundo semestre e agravar os desafios da economia nacional.
