As exportações de carne bovina brasileira para os Estados Unidos sofreram uma forte retração nos últimos três meses, antecipando os efeitos da nova rodada de tarifas comerciais anunciadas pelo governo do presidente norte-americano Donald Trump. A sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros entra em vigor no dia 1º de agosto, mas os impactos já se fazem sentir no comércio bilateral.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), comandado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, e compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), o Brasil exportou 47,8 mil toneladas de carne bovina in natura para os EUA em abril — o maior volume mensal já registrado. No entanto, desde então, o ritmo das vendas vem despencando mês a mês.
Em maio, após o anúncio de uma primeira sobretaxa de 10% por Trump, os embarques caíram para 27,4 mil toneladas. Em junho, o volume recuou ainda mais, para 19,2 mil toneladas. Já em julho, até o dia 21, apenas 9,7 mil toneladas haviam sido exportadas. A queda acumulada entre abril e julho chega a 79,7%.
Exportações de carne brasileira recuam mais 60% em um mês
Apenas entre abril e junho, a retração nas vendas foi de 61,8%, indicando um movimento de antecipação do mercado à piora nas condições comerciais com os Estados Unidos. O setor teme que o aumento para 50% nas tarifas, a partir de agosto, torne os produtos brasileiros menos competitivos, provocando uma perda ainda maior de participação no mercado norte-americano.
As negociações para tentar reverter a decisão de Washington vêm sendo conduzidas pelo próprio vice-presidente Geraldo Alckmin, que também ocupa o cargo de ministro da Indústria e Comércio. Até o momento, no entanto, não houve avanço concreto para barrar a escalada protecionista.
O agravamento das barreiras comerciais ocorre em um momento delicado para o setor exportador brasileiro, que tem nos EUA um dos principais destinos para a carne bovina in natura. Empresários e associações do setor alertam para os efeitos negativos da medida sobre o emprego e a renda no campo, especialmente em regiões altamente dependentes da pecuária.