O Banco Central (BC) elevou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2025, passando de 1,9% para 2,1%. A atualização consta no Relatório de Política Monetária (RPM), divulgado nesta quinta-feira (26), e reflete uma combinação de fatores como o bom desempenho do primeiro trimestre, melhora na produção agrícola e aquecimento do mercado de trabalho.
Apesar da revisão positiva, o BC mantém um tom de cautela. O relatório aponta que a economia brasileira deve passar por um processo de desaceleração ao longo do segundo semestre deste ano. A instituição atribui esse movimento à manutenção da política monetária restritiva, à redução do impulso do agronegócio — que teve forte impacto no primeiro trimestre —, à menor ociosidade dos fatores de produção e à expectativa de moderação do crescimento global.
“A perspectiva de crescimento ao longo do ano continua menor que a registrada em 2024, quando o PIB cresceu 3,4%”, destaca o documento.
Relatório de Política Monetária: inflação ainda acima da meta
Outro ponto de preocupação destacado pelo RPM é o comportamento da inflação. O BC afirma que os índices de preços seguem acima do limite de tolerância da meta e que as expectativas para os próximos meses continuam desancoradas — ou seja, distantes da meta estabelecida. A autoridade monetária projeta que a inflação deve começar a recuar a partir do quarto trimestre deste ano, mas ainda permanecerá acima do centro da meta em 2025.
Na comparação com o relatório anterior, houve uma leve redução nas projeções de inflação para os anos de 2025 e 2026 – 4,9% e 3,6%, com redução de 0,2 ponto porcentual e 0,1 ponto porcentual, respectivamente. No entanto, o cenário externo ainda é considerado adverso, especialmente para países emergentes, o que exige cautela por parte da política econômica.

Probabilidade de a inflação estourar a meta
Segundo o BC, a probabilidade de a inflação estourar o limite superior da meta (4,50%) é de 68% em 2025, de 26% em 2026; e de 17% em 2027.

Novo formato do relatório
Esta edição do RPM é parte da nova sistemática adotada pelo Banco Central desde 2024, substituindo o antigo Relatório Trimestral de Inflação (RTI). A mudança tem como objetivo alinhar o documento às melhores práticas internacionais, reunindo diretrizes de política monetária, projeções econômicas e avaliações sobre a condução do Comitê de Política Monetária (Copom).
O que diz o mercado
As projeções do BC para o PIB de 2025 (2,1%) se aproximam das expectativas do mercado financeiro, que preveem crescimento de 2,21%, segundo o último Boletim Focus. Para 2026, o Banco Central estima crescimento de 1,85% — levemente acima dos 1,83% da previsão anterior. Para os anos seguintes, as projeções permanecem estáveis: 2% em 2027 e 2% em 2028.
O relatório também cita que mudanças recentes nas regras do crédito consignado para trabalhadores do setor privado podem influenciar o consumo e, consequentemente, o PIB. No entanto, o BC ressalta que esse impacto é incerto e depende da resposta do mercado de crédito.
Perspectiva de desaceleração persiste
Apesar do alívio momentâneo com a revisão positiva das projeções, o Banco Central sinaliza que a economia brasileira ainda enfrenta desafios importantes. A combinação de inflação alta, juros elevados e ambiente externo desfavorável segue pressionando o crescimento. Para os formuladores de política monetária, o momento exige vigilância e cautela.
Em resumo, embora o crescimento de 2,1% previsto para 2025 represente uma leve melhora nas expectativas, o Banco Central continua projetando um cenário de desaceleração nos próximos meses — reforçando que a política econômica seguirá atenta à estabilidade de preços e ao equilíbrio das contas públicas.