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Reestruturação dos Correios: o que acontece com a estatal e qual o plano?

Reestruturação dos Correios: o que acontece com a estatal e qual o plano?

O governo federal deu início a um plano de reestruturação dos Correios em meio a uma das mais profundas crises vividas pela estatal. Há tempos, a empresa enfrenta dificuldades diante do avanço dos meios digitais.

Em um esforço para reverter o quadro de prejuízos bilionários e garantir sua sustentabilidade, os Correios apresentaram as medidas que compõem a primeira fase de seu plano de reestruturação financeira e operacional. A iniciativa inclui a negociação de um empréstimo de R$ 20 bilhões, com garantia do Tesouro Nacional, para financiar a operação e reequilibrar as finanças da estatal no biênio 2025-2026, com meta de voltar a ter lucro a partir de 2027.

O anúncio ocorre em um momento de grave crise financeira. No primeiro semestre de 2025, os Correios registraram prejuízo de R$ 4,36 bilhões, um aumento significativo em relação ao déficit de R$ 1,3 bilhão apurado no mesmo período de 2024.

O novo presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, que assumiu o cargo há 21 dias, atribuiu parte do desempenho negativo à concorrência crescente no comércio eletrônico e à lentidão da empresa em se adaptar.

“A nossa empresa não se adaptou de forma ágil a uma nova realidade, e isso fez com que a gente sofresse em termos de resultados, geração de caixa e operação em si”, admitiu Rondon.

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Ele ressaltou que a perda de competitividade tem provocado uma consequente queda nas receitas nos últimos anos.

Outro ponto sensível nas despesas da estatal é o Postalis, o fundo de pensão complementar dos funcionários, para o qual o presidente indicou a necessidade de buscar uma solução mais viável.

Dados financeiros dos Correios no 1TRI25. Fonte: Correios

Reestruturação dos Correios: medidas imediatas e estruturais

O plano de reestruturação se concentra em três frentes principais: corte de despesas, diversificação de receitas e recuperação da liquidez.

Corte de despesas:
Novo PDV: será lançado um novo Programa de Demissões Voluntárias (PDV), com foco em áreas mapeadas como “ineficientes e ociosas”, de forma a evitar perdas de capacidade operacional em setores já enxutos.
Venda de imóveis: a estatal planeja vender imóveis ociosos, o que deve gerar entrada de recursos e reduzir gastos com manutenção.
Renegociação de contratos: está prevista a renegociação de contratos com os maiores fornecedores da empresa, buscando condições mais vantajosas sem comprometer a segurança jurídica.

Diversificação de receitas:
Ampliação do portfólio: tradicionalmente ligada ao serviço postal, a empresa pretende ampliar seu portfólio de produtos e serviços, com foco na rede logística e, principalmente, em serviços financeiros. “Normalmente, as empresas que geram lucro conseguiram se adaptar rapidamente e ampliaram o portfólio de ofertas, com destaque para os serviços financeiros e de seguridade, que são os carros-chefes das companhias mais rentáveis”, avaliou Rondon.
Reaproximação com clientes: um esforço de reaproximação com grandes clientes também está em curso.

Recuperação da liquidez:
Empréstimo de R$ 20 bilhões: a negociação é considerada crucial para financiar as demais ações e reequilibrar o caixa, visando normalizar o pagamento a fornecedores e melhorar a qualidade da operação.

Descarte de privatização

Emmanoel Rondon defendeu que o empréstimo dará o tempo necessário para que as medidas estruturais surtam efeito.

“A ideia é que, em 2027, a empresa já esteja reequilibrada e com lucro”, projetou.

Questionado sobre a possibilidade de privatização, o presidente descartou a ideia, afirmando que as medidas anunciadas são suficientes para a reestruturação. “Neste momento, estamos buscando alcançar o equilíbrio financeiro da empresa — que as receitas sejam suficientes para pagar as despesas que temos todos os meses — e, assim, sair dessa discussão sobre viabilidade. A empresa vai se colocar de pé e será viável”, garantiu.

O novo plano se diferencia do pacote de medidas emergenciais adotado em maio, que incluiu um PDV (com adesão de cerca de 3,5 mil empregados e economia anual de R$ 750 milhões), redução de jornada e fim do trabalho remoto.

“Aquelas foram medidas emergenciais, não estruturais. O que buscamos agora são ações que permitam o equilíbrio da empresa nos próximos anos”, concluiu Rondon.