O presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi reeleito com cerca de 87,3% dos votos, conforme anunciado pela Comissão Eleitoral Central da Rússia (CEC) nesta segunda-feira (18). O resultado da eleição presidencial significa que Putin garante a continuidade do seu governo até pelo menos 2030, quando terá 77 anos de idade.
Esta é a segunda vez consecutiva que Putin garante uma margem tão ampla de votos, consolidando ainda mais sua posição como o líder mais duradouro da Rússia desde Joseph Stalin. Além disso, a Comissão Eleitoral Central da Rússia relatou que a participação nas eleições presidenciais atingiu um recorde pós-soviético, alcançando 77,44% no domingo (17).
Eleição presidencial: detalhes da vitória de Putin
Putin consolidou ainda mais seu domínio sobre a nação que lidera desde o início do século. Os três outros candidatos, representantes de partidos alinhados ao Kremlin, não obtiveram mais mais que 4% de apoio, de acordo com dados da comissão eleitoral. Nikolai Kharitonov, do Partido Comunista, obteve 4%; Vladislav Davankov, do recém-criado Novo Povo em 2020, alcançou 3,8%; e Leonid Slutsky, líder do ultranacionalista Partido Liberal Democrático da Rússia, ficou atrás com 3%.
Com grande parte dos candidatos da oposição mortos, presos, exilados ou impedidos de concorrer, e com a dissidência efetivamente proibida desde a invasão em larga escala da Ucrânia em fevereiro de 2022, Putin não enfrentou nenhum desafio substancial ao seu governo.
O resultado foi inevitável – o porta-voz de Putin disse no ano passado que a votação “não foi realmente democracia”, mas sim “burocracia dispendiosa” – mas o ritual das eleições é, no entanto, de importância crucial para o Kremlin como meio de confirmar a autoridade de Putin.
Processo eleitoral na Rússia
Antes, o ritual era realizado a cada quatro anos, até que em 2008 a lei foi modificada para estender os mandatos presidenciais para seis anos. Posteriormente, mudanças constitucionais removeram os limites dos mandatos presidenciais, o que potencialmente permitiria que Putin permanecesse no poder até 2036.
No domingo, em sua sede eleitoral, Putin declarou em tom de vitória que a eleição havia “consolidado” a unidade nacional e destacou que há “muitas tarefas pela frente” para a Rússia, especialmente enquanto continua sua trajetória de confronto com o Ocidente.
“Não importa o quanto alguém tente nos assustar, quem tente nos suprimir, nossa vontade, nossa consciência, ninguém jamais conseguiu ter feito tal coisa na história, e isso não vai acontecer agora e não vai acontecer no futuro. Nunca”, disse ele.
Guerra na Ucrânia
Passados mais de dois anos desde o início da guerra na Ucrânia, o conflito mais significativo na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, a Rússia mantém a vantagem, enquanto as tropas ucranianas enfrentam dificuldades para garantir munições para suas forças. Isso ocorre em meio a atrasos na assistência militar por parte dos aliados americanos e europeus.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse em discurso por vídeo que Putin é “viciado no poder e está fazendo tudo o que pode para governar para sempre. Não há mal que ele não cometerá para prolongar seu poder pessoal. E não há ninguém no mundo que esteja a salvo disso“.
Ao meio-dia, longas filas se formaram do lado de fora de vários locais de votação, incluindo em Moscou e São Petersburgo, depois que os aliados do falecido líder da oposição Alexey Navalny convocaram os cidadãos a protestarem contra a eleição de Putin. Essa manifestação representou um sinal de oposição em meio à mais severa repressão do Kremlin à dissidência em décadas.
Morte de Navalny
Nos últimos meses, os maiores opositores de Putin faleceram. As eleições ocorrem um mês após a morte de Navalny, o maior rival de Putin, em uma colônia penal no Ártico. Tanto a família quanto seus apoiadores acusaram Putin de ser responsável por sua morte, uma alegação que foi rejeitada pelo Kremlin.

Durante a coletiva de imprensa após sua vitória nas eleições russas, o presidente Vladimir Putin afirmou no domingo (17) que havia autorizado uma troca envolvendo o líder opositor Alexei Navalny dias antes de sua morte súbita em uma prisão no Ártico, além de alegar a presença de soldados da OTAN lutando no conflito da Ucrânia.
“Acreditem em mim ou não. O homem que falou comigo não havia terminado a frase, e eu disse: concordo. Mas, infelizmente, aconteceu o que aconteceu”, mencionando o nome de Navalny pela primeira vez em uma entrevista coletiva após sua vitória na eleição presidencial.
Putin ainda fez alusão ao “senhor Navalny” e descreveu sua morte em uma prisão do Círculo Ártico como “um triste acontecimento”.
Manifestações na eleição presidencial
Na véspera do último dia de votação nos 11 fusos horários e 88 assuntos federais da Rússia, Yulia Navalnaya, viúva de Navalny, convocou os russos a se manifestarem em massa como um gesto de oposição. Em contrapartida, o Kremlin emitiu um aviso contra reuniões não autorizadas.
Protestos semelhantes ocorreram nas embaixadas russas em toda a Europa, com grandes multidões reunindo-se ao meio-dia em cidades como Londres, Paris e outras. Em Berlim, Navalnaya participou de uma manifestação, aguardando na fila com outros eleitores em um ato de oposição.
Além disso, a eleição foi marcada por atos de desafio mais diretos. Até sábado, pelo menos 15 processos criminais foram abertos na Rússia após indivíduos despejarem tinta em urnas, iniciarem incêndios ou lançarem coquetéis molotov em locais de votação.
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