O primeiro-ministro do Japão Fumio Kishida surpreendeu ao anunciar sua renúncia nesta quarta-feira (14), sinalizando que deixará a liderança do Partido Liberal Democrático no próximo mês, encerrando seu mandato antes do previsto.
Kishida, que assumiu o cargo em outubro de 2021, vem enfrentando dificuldades para reverter os baixos índices de aprovação durante seu governo.
Primeiro-ministro do Japão: escândalos políticos
A decisão de Kishida ocorre em um momento em que o partido sofre pressão devido a escândalos políticos. Um dos episódios mais impactantes foi a revelação dos laços entre membros do Partido Liberal e a Igreja da Unificação, uma controvérsia que ganhou força após o assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe em julho de 2022.
Além disso, um escândalo de arrecadação de fundos políticos, descoberto em novembro passado, complicou ainda mais a situação para Kishida e seu partido.
Em uma tentativa de restaurar a confiança pública, Kishida dissolveu sua própria facção dentro do PLD e pressionou a dissolução da maior facção conservadora, anteriormente liderada por Abe.
As ações de Kishida resultaram na renúncia de quatro ministros do gabinete e na implicação de até 80 membros do parlamento japonês. No entanto, a investigação conduzida pelos promotores públicos não encontrou provas suficientes para apresentar acusações contra Kishida e outros sete importantes membros do partido.
Novo líder para o partido
Ao anunciar sua renúncia, Kishida destacou a necessidade de um novo líder para o partido, capaz de restaurar a confiança do público. “É importante que o Partido Liberal tenha um novo rosto na liderança”, disse ele durante uma coletiva de imprensa, segundo a Reuters.
A decisão de Kishida provocou uma ampla gama de reações. Izumi, líder da maior oposição no Japão, reconheceu que muitas questões pendentes ainda precisam ser resolvidas, mas agradeceu a Kishida por seu trabalho árduo, afirmando: “Primeiro-ministro Kishida, você deve ter estado sob muita pressão”.
No cenário internacional, diplomatas e líderes mundiais também reagiram à renúncia. O embaixador dos EUA no Japão, Rahm Emanuel, elogiou Kishida por fortalecer as relações entre os dois países, destacando a “nova era de relações” inaugurada sob sua liderança. Da mesma forma, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, prestou homenagem a Kishida, enfatizando o fortalecimento das relações entre Japão e Austrália durante seu mandato.
Analistas acreditam que primeiro-ministro do Japão estava desgastado
Apesar do anúncio ser recebido com surpresa, analistas sugerem que a renúncia de Kishida já estava sendo cogitada há algum tempo. Amir Anvarzadeh, estrategista de mercado da Asymmetric Advisors, afirmou que “ele era um homem morto andando por muito tempo”, segundo a CNBC.
Os dados econômicos podem também explicar a renúncia. O Banco do Japão elevou, recentemente, sua taxa de juros, o que levou a um fortalecimento do iene, provocando uma reação dos mercados do mundo todo e agravando a situação econômica e, indiretamente, pressionando o governo Kishida.
Com a saída de Kishida, o Japão se prepara para uma transição de liderança em um momento crítico, tanto internamente, com desafios políticos e econômicos, quanto externamente, com a necessidade de manter e fortalecer alianças estratégicas na região do Indo-Pacífico.
A decisão do primeiro-ministro do Japão de renunciar antes das próximas eleições abre caminho para um novo nome assumir o comando da quarta maior economia do mundo, trazendo incertezas sobre o futuro político do país.