O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA recuou 0,3% no primeiro trimestre de 2025, marcando a primeira contração da economia americana desde o segundo trimestre de 2022. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (30) pela primeira estimativa do Bureau of Economic Analysis (BEA).
No último trimestre de 2024 — final da gestão do presidente Joe Biden — a economia havia crescido 2,4%. A queda atual surpreendeu negativamente o mercado, que esperava uma leve alta de 0,4%.

Queda inesperada no PIB dos EUA
De acordo com o BEA, o resultado negativo foi impulsionado, principalmente, por um aumento nas importações — que têm efeito de subtração no cálculo do PIB — e pela redução nos gastos do governo. Esses fatores foram parcialmente compensados por aumentos nos investimentos privados, no consumo das famílias e nas exportações.
O órgão destacou que o crescimento das importações foi concentrado em bens de consumo, com exceção de alimentos e veículos. Além disso, uma retração nos gastos públicos também pressionou negativamente o indicador.
A nota técnica do BEA mencionou ainda que os incêndios na Califórnia, embora sem impacto mensurável, podem ter afetado a produção e o consumo no estado, um dos mais relevantes economicamente do país.
Apesar do cenário desafiador, o desempenho dos investimentos, do consumo e, em menor escala, das exportações ajudaram a conter uma retração ainda maior da atividade econômica.
Outro sinal de alerta veio da inflação: o índice de preços ao consumidor subiu 3,4% no primeiro trimestre, ante 2,2% nos três últimos meses de 2024. Excluindo os itens mais voláteis — alimentos e energia —, a inflação chegou a 3,5%, frente aos 2,6% registrados no trimestre anterior.
Uma nova leitura do PIB norte-americano será divulgada pelo Departamento de Comércio no próximo mês e poderá trazer revisões importantes sobre o desempenho da economia no início de 2025.
Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no primeiro trimestre de 2025 apresentou um desempenho abaixo do esperado, segundo análise do economista.
O dado preliminar mostrou uma queda anualizada de 0,3%, enquanto o mercado esperava uma alta de 0,2%. Apesar da surpresa negativa, Kautz pondera que “esse é o dado trimestral anualizado, então é praticamente zero”, indicando que tanto o número divulgado quanto a expectativa estavam próximos da estabilidade.
Um dos principais fatores que puxaram o resultado para baixo foi o aumento expressivo nas importações, que já era esperado, mas cuja magnitude impactou fortemente o PIB.
“As importações tiveram uma alta super forte nesse primeiro trimestre […] e acabaram tendo uma contribuição de mais de 5 pontos negativa para o PIB”, destacou Kautz. Segundo ele, esse movimento foi causado por uma antecipação de compras externas devido à expectativa de imposição de tarifas pelo ex-presidente Donald Trump, o que não deve se repetir nos próximos trimestres.
Por outro lado, o economista aponta que os investimentos voltaram a crescer, configurando-se como um ponto positivo. O consumo, embora ainda em território negativo, apenas desacelerou. “O setor positivo rodando anualizado ali próximo de 3%, então não foi um PIB ruim”, avaliou Kautz.
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