O cenário eleitoral para a Prefeitura de São Paulo ganhou novos contornos com a divulgação da pesquisa do Instituto Real Time Big Data nesta terça-feira (3). Pablo Marçal (PRTB) aparece com 21% das intenções de voto, liderando a disputa, mas tecnicamente empatado com o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), e Guilherme Boulos (PSOL), ambos com 20%.
A pesquisa reflete o acirramento da disputa e marca a ascensão de Marçal, que em julho tinha apenas 14%, enquanto Nunes e Boulos lideravam com 29% cada.
O levantamento, realizado entre 31 de agosto e 2 de setembro com 1.500 eleitores paulistanos, apresenta um cenário em que as margens de erro, de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, possibilitam diversas combinações no topo da corrida eleitoral. Em um eventual segundo turno, Marçal teria dificuldades: ele perde tanto para Boulos quanto para Nunes nas simulações.
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Polêmicas em debates e controvérsias sobre passado judicial
A recente ascensão de Marçal, porém, ocorre em meio a uma série de polêmicas. Durante o programa Roda Viva na segunda-feira (2), o candidato protagonizou embates acalorados ao ser questionado sobre seu histórico judicial e suas ligações políticas.
Pablo Marçal enfrenta judicialmente algumas acusações. Entre elas, ele foi condenado a pagar R$ 30 mil por difamação contra seu adversário, Guilherme Boulos. Marçal o acusou falsamente de uso de drogas durante debates e entrevistas. Além disso, ele já esteve envolvido em processos anteriores, incluindo uma condenação por furto qualificado em 2010 e uma prisão provisória em 2005 por um caso de desvio de dinheiro de contas bancárias. No programa, ele demonstrou incômodo quando jornalistas o pressionaram a esclarecer a ligação de aliados seus com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
O confronto no Roda Viva seguiu o padrão de sua participação em entrevistas recentes, onde Marçal adotou uma postura agressiva, o que, segundo ele, é uma estratégia calculada para gerar conteúdos virais nas redes sociais.
Sua postura combativa tem dividido opiniões, enquanto seus perfis em redes sociais foram desativados por decisão da Justiça Eleitoral, que investiga denúncias de abuso de poder econômico. A acusação alega que o influenciador vem remunerando aqueles que compartilham shots de suas performances, mas a legislação eleitoral veda o patrocínio de perfis por terceiros, pessoas físicas ou jurídicas.
“Não sou mais coach”: Marçal busca afastar-se do termo
Outro ponto que tem gerado controvérsia envolve o passado de Pablo Marçal como coach. Embora ele tenha ganhado notoriedade através de palestras motivacionais e venda de cursos, o candidato rejeita o rótulo. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Marçal declarou que não deseja mais ser chamado de coach, pois deixou de atuar na área. “Assim como já fui atendente, não sou mais coach”, afirmou, reforçando que hoje ocupa o cargo de CVO (Chief Visionary Officer) de sua empresa.
O tema gerou desdobramento após a International Coaching Federation Brasil (ICF Brasil) afirmar que Marçal nunca foi coach certificado pela instituição e que o uso inadequado do termo prejudica a categoria. Em resposta, o candidato defendeu processar qualquer veículo de comunicação que continuar associando-o à função. “Isso precisa parar, e eles devem acionar judicialmente quem insistir em me chamar de coach”, afirmou Pablo Marçal.