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Jackson Hole: o que esperar de Powell no simpósio?

Jackson Hole: o que esperar de Powell no simpósio?

A partir desta quinta-feira (21), a pequena cidade de Moran, em Wyoming, volta a ser o centro das atenções do mercado financeiro global. Até sábado (23), acontece o Simpósio de Política Econômica de Jackson Hole, encontro que reúne presidentes de bancos centrais, economistas, políticos e empresários para debater os rumos da economia mundial.

O evento, criado em 1978 pelo Federal Reserve de Kansas City e transferido para o vale de Jackson Hole em 1982, ganhou notoriedade por antecipar discussões que moldam os mercados. Não à toa, já foi palco de anúncios decisivos, como o programa de flexibilização quantitativa (QE) de Ben Bernanke, em 2012, e de pistas importantes sobre políticas monetárias globais.

Este ano, o tema oficial é “Mercados de Trabalho em Transição: Demografia, Produtividade e Política Macroeconômica”, mas o grande foco estará novamente no discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, marcado para sexta-feira (22).

Jackson Hole: Por que o mercado está de olho em Powell?

O discurso de Powell acontece em um momento delicado para a economia americana:

  • Inflação: após meses de desaceleração, o índice se estabilizou em torno de 2,7% ao ano, enquanto o núcleo (CPI) segue pressionado, a 3,1%, principalmente pelos serviços.
  • Mercado de trabalho: ainda resiliente, mas com sinais de desaceleração em alguns setores.
  • Juros: atualmente entre 5,25% e 5,50%, o maior nível em 23 anos.

A expectativa é grande porque, em setembro, o Fed pode dar início a um ciclo de afrouxamento monetário. Segundo a ferramenta CME FedWatch, 82,9% dos investidores projetam um corte de 0,25 ponto percentual.

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Nesse cenário, cada palavra de Powell será analisada em detalhe, já que pode confirmar ou frustrar as apostas do mercado.

Os dois possíveis tons de Powell

O discurso de Jerome Powell em Jackson Hole pode seguir dois caminhos distintos. O primeiro, considerado dovish, indicaria uma postura mais flexível. Nesse cenário, Powell reconheceria que a inflação ainda não está totalmente sob controle, mas reforçaria sua confiança no processo de desinflação, destacando também riscos relacionados ao mercado de trabalho e ao crédito. Expressões como “risks to growth” ou “softening labor market” seriam sinais claros desse tom. Para os mercados, isso significaria a possibilidade de cortes de juros mais cedo, ainda que graduais. O resultado provável seria um ambiente favorável para ações e commodities, além da perda de força do dólar, o que beneficiaria moedas emergentes, como o real e o peso mexicano.

Já um discurso hawkish traria uma mensagem mais dura e restritiva. Nesse caso, Powell reforçaria que a inflação ainda está acima da meta e que é prematuro falar em cortes, deixando claro que os juros devem permanecer elevados por mais tempo, mesmo que isso pese sobre a atividade econômica. Termos como “persistent inflation” ou “higher for longer” indicariam essa linha de raciocínio. O impacto seria imediato: cortes de juros só mais adiante, possivelmente no fim do ano, fortalecimento do dólar em relação a outras moedas e pressão negativa sobre bolsas globais e ativos de risco.

O que está em jogo para investidores?

O discurso de Powell pode ser um divisor de águas:

  • Se dovish: ativos de risco — como ações, commodities e moedas emergentes — tendem a se valorizar.
  • Se hawkish: renda fixa americana e o dólar ganham espaço, enquanto bolsas podem sofrer.

Além disso, com o mandato de Powell à frente do Fed se encerrando em maio de 2026, este pronunciamento, possivelmente o último em Jackson Hole, ganha peso adicional na busca por sinais sobre os próximos passos do banco central americano.