O Índice de Preços ao Produtor (IPP), inflação ao produtor, que mede a variação de preços “na porta de fábrica”, sem impostos e fretes, caiu 0,12% em fevereiro de 2025, segundo dados divulgados pelo IBGE. A variação negativa põe fim a uma sequência de 12 meses seguidos de aumento nos preços da indústria nacional. Ainda assim, o índice acumula alta de 9,41% em 12 meses e 0,03% no acumulado do ano.
“Em fevereiro de 2025, os preços da indústria variaram -0,12% frente a janeiro de 2025, após 12 resultados positivos seguidos. Nessa comparação, 12 das 24 atividades industriais tiveram diminuição de preços”, informou o IBGE.
Câmbio influencia movimento de retração
A valorização do real frente ao dólar foi um fator decisivo para a retração do IPP. “Assim como nos últimos meses, o resultado do IPP em fevereiro foi impactado pela variação cambial. Na comparação entre janeiro e fevereiro, observamos queda de 4,3% do dólar em relação ao real, a maior depreciação do dólar desde a passagem de fevereiro para março de 2022”, destaca Murilo Alvim, gerente do IPP.
Ele acrescenta que essa variação cambial teve papel importante também na trajetória do índice nos últimos meses: “Se olharmos no acumulado em 12 meses, o dólar em fevereiro de 2025 ainda estava 16,1% acima do patamar de fevereiro de 2024, o que também é uma das explicações para a alta acumulada nesse período”.
Alimentos voltam a cair e puxam o índice para baixo
Entre os setores que mais contribuíram para o recuo do índice em fevereiro está o de alimentos, com variação de -0,84%. Esse foi o segundo mês consecutivo de queda nos preços desse grupo. “É a segunda queda consecutiva de preços em alimentos, que acontece após uma sequência de nove altas consecutivas”, explicou Murilo.
Os destaques foram os menores preços de carnes bovinas, arroz e derivados da soja. “Como esses produtos são exportáveis, a variação cambial também ajuda a explicar esses resultados”, disse.
Mesmo com a queda mensal, o setor de alimentos ainda apresenta forte alta no acumulado de 12 meses: 13,96%, o maior registrado desde julho de 2022 (19,55%). Foi também o setor que mais influenciou a variação acumulada anual, com 3,39 pontos percentuais (p.p.).
Indústrias extrativas lideram queda entre os setores
Outro destaque do mês foi a queda expressiva nas indústrias extrativas, com variação de -3,39%. “A razão para esse resultado passa pelos menores preços dos óleos brutos de petróleo, acompanhando a cotação internacional do petróleo”, afirmou Murilo Alvim.
Ele explica ainda que, por ser um produto cotado em dólar, a valorização do real amplificou a queda. No acumulado do ano, esse setor registra retração de -4,82%, e -6,18% na comparação com fevereiro de 2024.
Refino e químicos sobem, mas não seguram índice
Enquanto a maioria das atividades registrou queda, setores como refino de petróleo e biocombustíveis e outros produtos químicos apresentaram altas. O refino, por exemplo, teve variação de 2,37% em fevereiro, o quarto mês consecutivo de aumento. O resultado de fevereiro, o maior dessa série, fez com que o acumulado no ano atingisse 3,89%, enquanto o acumulado em 12 meses ficou em 9,76%, segundo o IBGE.
Já o setor químico registrou a maior alta mensal, com 2,41%, acumulando variação de 16,57% em 12 meses. “Com esse resultado, o setor acumulou uma alta de 4,16% no ano e, na comparação com fevereiro de 2024, o setor acumulou uma alta de 16,57%, a maior desde agosto de 2022 (25,72%)”.
Categorias econômicas: bens de capital em destaque negativo
Na análise por grandes categorias econômicas, os bens de capital registraram a maior queda, de -0,76%. Bens intermediários recuaram -0,09%, e bens de consumo tiveram leve baixa de -0,04%. A principal influência veio de bens de capital, cujo peso na composição do índice geral foi de 7,56% e respondeu por -0,06 p.p. da variação de -0,12% nas indústrias extrativas e de transformação.
IPP continua sendo termômetro da inflação industrial
O IPP, inflação ao produtor, é um dos principais indicadores de inflação do setor produtivo. Ele acompanha mensalmente a evolução dos preços de cerca de 6 mil produtos industriais, em mais de 2.100 empresas em todo o país. Os dados ajudam a identificar tendências de curto prazo na economia e são referência para políticas públicas e decisões empresariais.
A próxima divulgação do IPP, com os dados de março, está prevista para o dia 8 de maio.
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