O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inflação oficial do país, subiu 0,44% em setembro. A expectativa era por leitura pouco maior, de 0,45%. Em agosto, o IPCA havia recuado 0,02%, ante alta de 0,38% em julho. Naquele mês, a inflação registrou sua primeira taxa negativa desde junho de 2023.
O resultado foi influenciado pelas altas no grupo Habitação (1,80%), após aumento nos preços da energia elétrica residencial, e no grupo Alimentação e bebidas (0,50%), que subiu após dois meses consecutivos de quedas.
No ano, a inflação acumulada é de 3,31% e, nos últimos 12 meses, de 4,42%. Os dados foram divulgados na manhã desta quarta-feira (9) pelo IBGE.

IPCA de setembro: energia e alimentos puxam alta
O gerente da pesquisa, André Almeida, destaca a influência da bandeira tarifária da energia elétrica: “A mudança de bandeira tarifária de verde em agosto, onde não havia cobrança adicional nas contas de luz, para vermelha patamar um, por causa do nível dos reservatórios, foi o principal motivo para essa alta. A bandeira vermelha patamar um acrescenta R$ 4,46 aproximadamente a cada 100kwh consumidos”, explica. O item exerceu impacto de 0,21 p.p. no índice geral de setembro.
O grupo de Alimentação e bebidas registrou alta de 0,50%, com aumento de preços na alimentação no domicílio (0,56%), após dois meses seguidos de recuos. Almeida salienta que esse resultado foi influenciado, em grande parte, pelo aumento nos preços da carne bovina e de algumas frutas, como laranja, limão e mamão.
“Falando especificamente das carnes, a forte estiagem e o clima seco foram fatores que contribuíram para a diminuição da oferta. É importante lembrar que tivemos quedas observadas ao longo de quase todo o primeiro semestre de 2024, com alto número de abates. Agora, o período de entressafras está sendo intensificado pela questão climática”, analisa o gerente.
A alimentação fora do domicílio, com alta de 0,34%, registrou variação próxima à de agosto (0,33%). O subitem refeição desacelerou de 0,44% para 0,18%, enquanto o lanche acelerou de 0,11% para 0,67%.
Por outro lado, a queda mais intensa (-0,31%) e com maior impacto (-0,03 p.p.) em setembro veio de Despesas pessoais. O subitem cinema, teatro e concertos registrou queda de 8,75% e impacto de -0,04 p.p. no índice geral.
“Em setembro, ocorreu a semana do cinema, uma campanha nacional em que diversas redes ao redor do país praticaram preços promocionais ao longo de uma semana. Essas promoções contribuíram para a queda de mais de 8% neste subitem”, explica.
Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, avalia que o IPCA veio praticamente dentro do esperado (a gestora projetava 0,47%), mas que os itens de alimentação serão ponto de atenção daqui em diante.
“A alimentação, que veio mais alto do que o esperado já nesta leitura, deve ser uma pressão daqui para frente, com carnes subindo e também o impacto das queimadas. Vai ser uma pressão altista relevante”, aponta.
Para os próximos meses, a expectativa é que a inflação se estabilize em 4% ao ano, ficando ainda acima da meta de 3% do Banco Central.
Ouça o áudio na íntegra:
O que é o IPCA?
O IPCA, indicador oficial de inflação do país, abrange na pesquisa as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos.
Participam da pesquisa residentes nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.
O próximo resultado do IPCA, referente a outubro, será divulgado em 8 de novembro.
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