A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou 0,26% em setembro, ficando 0,03 ponto percentual acima da taxa de 0,23% registrada em agosto. O resultado foi impulsionado pela alta de 2,80% da gasolina, subitem com a maior contribuição individual, com 0,14 ponto.
No ano, a inflação acumulada é de 3,50% e, nos últimos 12 meses, de 5,19%, acima dos 4,61% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2022, a variação havia sido de -0,29%.
Os dados da inflação vieram abaixo da projeção de mercado. Na comparação mensal, a alta prevista era de 0,32%; e na base anual, o consenso era de 5,25%.

“A gasolina é o subitem que possui maior peso no IPCA. Com essa alta, acaba contribuindo de maneira importante para o resultado do mês de setembro”, explica André Almeida, gerente do IPCA.
IPCA: grupo Transportes teve maior impacto
Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, o grupamento de Transportes teve o maior impacto positivo (0,29 p.p) e a maior variação (1,40%). Nesse grupo, destaca-se ainda o subitem passagens aéreas, segunda maior variação mensal (13,47%) e segundo maior impacto (0,07 p.p) no total do IPCA, após recuo de 11,69% em agosto.
Ainda em Transportes, o item combustíveis, onde o subitem gasolina está inserido, teve alta de 2,70%, com aumento nos preços do óleo diesel (10,11%) e do gás veicular (0,66%) e queda no etanol (-0,62%). Já a alta em ônibus intermunicipal, de 0,42%, é influenciada pelo reajuste de 12,90% aplicado em Salvador (2,62%), a partir de 10 de agosto.
Outro impacto considerado importa entre as altas foi do grupo de Habitação, com crescimento de 0,47% nos preços de setembro em relação a agosto. Com a maior contribuição do grupo, (0,04 p.p.), energia elétrica residencial teve alta de 0,99%.
“Influência de reajustes tarifários aplicados em três áreas de abrangência da pesquisa”, justifica o economista do IBGE, citando as revisões em São Luís (10,74%), com reajuste de 10,43% com vigência a partir de 28 de agosto; em Belém (3,00%), com aumento de 9,40% válido a partir de 15 de agosto; e em Vitória (0,65%), onde o reajuste de 3,20% vigorou a partir de 7 de agosto.
No mesmo grupo, ressalta-se a alta da taxa de água e esgoto (0,02%), com reajustes em duas áreas pesquisados pelo IPCA: de 5,02% em Brasília (0,45%), a partir de 1º de agosto, e de 1,37% em Vitória (0,13%), a partir de 1º de agosto.
Por outro lado, houve queda em gás encanado (-0,10%), influência das reduções tarifárias em duas capitais: Curitiba (-0,42%), com redução de 2,23% a partir de 4 de agosto, e no Rio de Janeiro (-0,14%), com redução média de 1,70% a partir de 1º de agosto.
Alimentação e bebidas registrou maior influência de queda
Pelo lado das quedas, o índice de setembro sofreu influência do grupo de Alimentação e bebidas. O pesquisador do instituto explica que esse é o grupo de maior peso no IPCA e teve deflação pelo quarto mês consecutivo, mantendo trajetória de queda no preço dos alimentos principalmente para consumo no domicílio.
A deflação do grupo alimentação foi de 0,71%, contribuindo com -0,15 p.p. para a taxa do mês. Os preços da alimentação no domicílio recuaram 1,02%, com destaque para batata-inglesa (-10,41%), cebola (-8,08%), ovo de galinha (-4,96%), leite longa vida (-4,06%) e carnes (-2,10%). Já o arroz (3,20%) e o tomate (2,89%) subiram de preço.
A alimentação fora do domicílio teve alta de 0,12%, uma desaceleração ante o resultado de agosto, quando foi de 0,22%. O grupo ainda registrou altas em refeição (0,13%) e lanche (0,09%), também menos intensas do que as observadas no mês anterior (de 0,18% e 0,30%, respectivamente).
Entre os índices regionais, a única queda foi registrada em Goiânia (-0,11%), influenciada pela deflação da energia elétrica residencial (-2,97%). Já a maior variação ficou em São Luís (0,50%), pressionada pelas altas dos preços da energia elétrica residencial (10,74%) e do arroz (4,09%).
INPC atinge 0,11% em setembro
Também foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que faz parte da composição do IPCA. Esse indicador teve alta de 0,11% em setembro, abaixo da variação registrada em agosto, de 0,20%.
O acumulado do INPC no ano é de 2,91%, enquanto nos últimos 12 meses o índice acumula alta de 4,51%, acima dos 4,06% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2022, a taxa foi de -0,32%.
Os produtos alimentícios tiveram recuo de 0,74% após caírem 0,91% em agosto. Já os preços dos produtos não alimentícios subiram 0,38%, menos do que no mês anterior, quando a alta foi de 0,56%.
Entre os índices regionais, cinco áreas registraram queda em setembro. O menor resultado foi em Goiânia (-0,28%), pressionado pela queda de 2,97% na energia elétrica residencial. Já a maior variação foi em Rio Branco (0,53%), influenciada pela alta da gasolina (3,60%), entre os dados do IPCA.
Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o número do IPCA veio muito bom, com abertura boa na parte de industriais, oscilando perto da estabilidade, e a inflação de serviços e os núcleos continuando a oscilar entre 3,5% e 4%.
“Ainda não é os 3% que o Banco Central tem como meta de inflação, mas já é bastante bom, um patamar razoável para o Brasil”, diz.
“O dado reforça o espaço do Banco Central para continuar cortando juros. A dúvida é se ele vai acelerar oun não o ritmo dos cortes em algum momento. E o foco de atenção a partir de agora deve ser o cenário internacional, que ficou mais complexo, com nova guerra e dúvidas sobre alta de juros nos EUA, o que deixa tudo mais nebuloso”, complementa.
Ouça o áudio na íntegra:
O que é o IPCA?
O IPCA é a sigla para Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. Ou seja, trata-se de um dado gerado pelo IBGE que serve para medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo. A escolha desses itens tem como objetivo oferecer o “raio-X do consumo” a partir da coleta de informações junto a 90% das famílias pertencentes às áreas urbanas de cobertura da pesquisa.
O IPCA não objetiva identificar o aumento de todos os preços, mas fazer um recorte a partir da população-objetivo, que abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários-mínimos. Desse modo, o IPCA se torna uma fotografia muito capaz de demonstrar a realidade econômica encarada pelas pessoas no dia a dia. E, por isso, influencia as decisões de todos os agentes econômicos do país, começando pelo governo.
Quando o IPCA indica que a inflação anual superará a meta definida, identifica-se um crescimento acima do que se espera para a inflação. E o remédio mais comum para combater esse problema é amargo. O governo tende a aumentar os juros, alterando a taxa Selic, que é a taxa básica de juros do país — o Brasil, aliás, é líder em taxa de juros real no mundo. A taxa Selic também influencia diretamente os investimentos, então, vale a pena entendê-la melhor.
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