A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), teve alta de 0,56% em março, desacelerando em relação a fevereiro, quando subiu 1,31%. Apesar disso, a leitura veio acima da expectativa do mercado, que era de alta de 0,54%. Na comparação ano a ano, a inflação subiu 5,48%, dentro do esperado, de 5,06% de fevereiro.
Todos os grupos de produtos e serviços tiveram alta no mês, com destaque para Alimentação e bebidas, que acelerou de 0,70% para 1,17%, com impacto de 0,25 ponto percentual (p.p.) no índice geral.

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IPCA: alimentação é destaque
O grupo Alimentação e bebidas respondeu por 45% do índice do mês. As principais altas foram no tomate (22,55%), café moído (8,14%) e ovo de galinha (13,13%), que juntos responderam por ¼ da inflação de março. O café moído já acumula uma alta de 77,78% nos últimos 12 meses.
“Para o tomate, com o calor dos meses de verão, houve uma aceleração na maturação, levando a antecipação da colheita em algumas praças. Sem essas áreas de colheita em março, houve uma redução na oferta, trazendo pressão de alta sobre os preços. Para os ovos, houve aumento por conta do custo do milho, base da ração das aves, além de estarmos no período de quaresma, com maior demanda por essa proteína”, explica Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa.
Já o café moído acumula uma alta de 77,78% nos últimos 12 meses, “impulsionada pelo aumento do preço no mercado internacional dada a redução de oferta do grão em escala mundial, com a quebra de safra no Vietnã devido a adversidades climáticas, as quais também prejudicaram a produção interna”, destaca o gerente.
O grupo Transportes teve a segunda maior contribuição para o IPCA, com alta de 0,46% e impacto de 0,09 ponto percentual, embora tenha desacelerado em relação a fevereiro (0,61%). O aumento das passagens aéreas, que passaram de uma queda de 20,46% em fevereiro para uma alta de 6,91% em março, foi um dos principais responsáveis por esse resultado.
Por outro lado, os combustíveis desaceleraram: a gasolina subiu 0,51% (ante 2,78% em fevereiro), o diesel 0,33% (ante 4,35%) e o etanol 0,16% (ante 3,62%). O gás veicular, no entanto, saiu de -0,52% para 0,23%. No mesmo grupo, destaca-se a queda de 1,09% nas tarifas de ônibus urbano, influenciada por reajustes e políticas de gratuidades em cidades como Porto Alegre, Curitiba e Brasília.
O grupo Despesas Pessoais teve o terceiro maior impacto no índice (0,07 p.p.), puxado pela alta de 7,76% no subitem cinema, teatro e concertos, devido ao fim de promoções em fevereiro.
Já Habitação desacelerou de 4,44% para 0,24%, com a energia elétrica residencial passando de uma alta de 16,80% para apenas 0,12% em março, refletindo reajustes e mudanças nas alíquotas de tributos em concessionárias.
Outros grupos que também apresentaram desaceleração foram Artigos de residência (de 0,44% para 0,13%), Saúde e cuidados pessoais (0,49% para 0,43%) e Educação (4,70% para 0,10%). Em contrapartida, Vestuário (0,59%) e Comunicação (0,24%) registraram aceleração. No agregado de serviços, o IPCA caiu de 0,82% em fevereiro para 0,62% em março, enquanto os preços monitorados pelo governo recuaram de 3,16% para 0,18%.
Regionalmente, Curitiba e Porto Alegre registraram as maiores variações (0,76%), impulsionadas pela alta da gasolina. Já as menores ocorreram em Rio Branco e Brasília (ambas com 0,27%), influenciadas pela queda nas passagens aéreas e no preço do ônibus urbano, respectivamente.
INPC sobe 0,51%
O INPC teve alta de 0,51% em março, após registrar 1,48% em fevereiro. No acumulado do ano, o índice está em 2,00%, e em 12 meses, alcança 5,20%, acima dos 4,87% anteriores. Os alimentos aceleraram de 0,75% para 1,08%, enquanto os produtos não alimentícios desaceleraram de 1,72% para 0,32%. Curitiba teve a maior variação regional do INPC (0,79%) e Brasília a menor (-0,33%), novamente impactadas pelos preços da gasolina e do transporte público.
Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, o IPCA de março apresentou uma abertura ruim e composição alta, apontado uma inflação ainda bastante pressionada e que deveria preocupar o Banco Central.
“Houve surpresa nos bens industriais, que vieram mais fortes do que o esperado, apresentando um repasse cambial que até então não tinha se manifestado. Outro destaque negativo foram os serviços, que subiram bastante e têm se mantido em 0,65%-0,70% ao mês. Os núcleos do setor também vieram mais altos, rodando próximo a 6%, e estabilizando-se neste patamar. É uma abertura que não traz conforto”, afirma.
Ouça o áudio na íntegra:
IPCA: como é medida a inflação?
Inflação é o nome dado ao aumento dos preços de produtos e serviços. Ela é calculada pelos índices de preços, comumente chamados de índices de inflação.
O IBGE produz dois dos mais importantes índices de preços: o IPCA, considerado o oficial pelo governo federal, e o INPC.
O propósito de ambos é o mesmo: medir a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população. O resultado mostra se os preços aumentaram ou diminuíram de um mês para o outro.
A sigla INPC corresponde ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor. A sigla IPCA corresponde ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo.
A diferença entre eles está no uso do termo “amplo”. O IPCA engloba uma parcela maior da população. Ele aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos.
O INPC verifica a variação do custo de vida médio apenas de famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos. Esses grupos são mais sensíveis às variações de preços, pois tendem a gastar todo o seu rendimento em itens básicos, como alimentação, medicamentos, transporte etc.
O IBGE faz um levantamento mensal, em 13 áreas urbanas do País, de, aproximadamente, 430 mil preços em 30 mil locais. Todos esses preços são comparados com os preços do mês anterior, resultando num único valor que reflete a variação geral de preços ao consumidor no período.
A próxima divulgação do IPCA será divulgada em 9 de maio.
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