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Intervenção do Estado na economia: como tirar o melhor da atual situação do Brasil

Intervenção do Estado na economia: como tirar o melhor da atual situação do Brasil

As decisões do governo federal sobre retomar a cobrança de impostos sobre combustíveis em fevereiro e outras medidas de compensação para repor o caixa estão no foco do mercado. 

Quanto aos investidores, é preciso compreender como as intervenções do Estado na economia impactam sobre ativos.

Para explicar esse panorama, Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos, e Ricardo Cará, gestor do EQI Macro, conversaram sobre o tema durante a live “Investidor Inteligente“, de quinta-feira (9).

Eles abordaram as principais questões que têm preocupado os investidores:

  1. Aumento de impostos e equilíbrio fiscal;
  2. Política de preços da Petrobrás, como afeta o investidor;
  3. Reforma tributária;
  4. Nova Âncora Fiscal;
  5. Decisões de curto, médio e de longo prazo.

Siga na leitura se você quer saber como tirar o melhor da atual situação do Brasil.

Saiba como transformar a forma como você enxerga seus investimentos para 2023!

Intervenção do estado na economia: quais são os extremos?

Na opinião de Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos, é importante que o investidor saiba quais são os extremos da atuação do Estado em relação aos modelos econômicos. 

Conforme vemos em mais detalhes a seguir:

Estado grande e interventor

  • Baixa produtividade;
  • Alta influência política;
  • Direcionamento dos investimentos e gastos;
  • Desenvolvimento de setores escolhidos e escassez para os demais;
  • Altos impostos;
  • Alocação de recursos determinada pelo Estado;
  • Crescimento de curto prazo / não sustentável no longo prazo;
  • Inflação e juros estruturalmente mais altos.

Estado mínimo e não-interventor

  • Livre mercado;
  • Maior confiança dos mercados;
  • Investimentos em mercados com demanda genuína;
  • Baixa influência política;
  • Desenvolvimento dos setores escolhidos pelos consumidores;
  • Baixos impostos;
  • Alocação de recursos determinada pelo sistema de preços;
  • Baixo crescimento de curto prazo;
  • Sustentável e crescimento de longo prazo;
  • Inflação e juros estruturalmente mais baixos.

Entre os extremos, para Wiese, o Brasil está no meio do caminho, oscilando de um lado para o outro. “Ora vai para um Estado com menos intervenção, como teoricamente foi o governo anterior, ora vai para um estado mais interventor, como é o caso de agora”, analisa. 

O estrategista reforça que, seja qual for o grau de intervenção, o Estado precisa negociar sua atuação com o Congresso e com os demais atores da sociedade. 

Medidas adotadas no novo governo e os impactos

Para avaliar, na prática, qual é o peso da intervenção do Estado na economia, Wiese e Ricardo Cará, gestor do EQI Macro, comentam algumas medidas nos primeiros dois meses de governo. 

Discussões sobre mudanças na meta de inflação e Lei das Estatais 

Na avaliação de Ricardo Cará, a discussão é correta, mas a forma é errada, quando se entra no âmbito das críticas diretas à atuação do presidente do Banco Central. 

De acordo com ele, o mercado quer enxergar a nova regra fiscal. Dessa forma, é preciso entender o que será colocado no lugar do teto de gastos, o que criaria um ambiente mais propício para o Banco Central avaliar o corte de juros. 

“Até o momento, vemos o mercado embarcando no risco de uma queda de juros forçada vislumbrando juros mais baixos no horizonte de um a dois anos, mas na curva longa de 10 anos, apostando em um patamar que já chegou a operar acima da Selic de hoje. Esse é um sinal de extrema desconfiança de que algo pode dar errado”, pondera.

Decisão de retomar os impostos federais sobre os combustíveis

Para Cará, essa medida é confusa e cheia de ruído. Do lado econômico, ela a considera como importante, pois consegue recompor R$ 30 bilhões no orçamento deste ano, o que é muito relevante. 

Porém, nesse primeiro momento a cobrança não retornará às alíquotas anteriores à desoneração. E como medida de compensação, foi anunciada uma taxação de exportações de petróleo cru, na alíquota de 9,2%.

“Há um cabo de guerra dentro do próprio partido governista, considerando as falas dissonantes do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e de Gleisi Hoffmann, presidente do PT. Toda essa questão de tributação passa uma insegurança para as empresas que querem investir no país e, também, junto aos demais setores da economia”, reforça o gestor.

Prates descarta manter atual política de preços da Petrobras 

Essa é uma outra caixa preta na agenda do governo, conforme avalia Ricardo Cará. Hoje, a política segue a paridade de preços internacionais, mas existem outras ideias que estão sendo cogitadas.

“Uma delas é a criação de um fundo de compensação, que poderia vir com a redução da distribuição de dividendos da Petro, o que suavizaria a oscilação de preços lá de fora. Mas, quando há menos distribuição de dividendos também significa menos arrecadação para o Tesouro, uma vez que a participação do governo, somada a do BNDES é de aproximadamente ⅓ da Petrobras. Isso também impacta a pessoa física que investe no papel”, ele observa.

Expansão do BNDES pode levar juro neutro a cerca de 6% ao ano 

Segundo Ricardo Cara, esse é um estudo, que foi conduzido por Fabio Kanczuk, um economista renomado que esteve no Banco Central até 2022, que diz que, dependendo da forma como o BNDES volte a dar créditos, pode gerar grandes impactos na economia. 

“Por ainda ser um estudo, não vale a pena dar muito peso agora, mas é preciso acompanhar de perto”, reforça o gestor.

Salário mínimo vai a R$ 1.320,00 e correção da tabela de Imposto de Renda 

De acordo com o Cará, do ponto de vista fiscal, em ambas as medidas, é possível ver que o DNA desse governo é mais “gastador”. 

“A estratégia para compensar esses gastos extras é via aumento de receita que pode vir pelo aumento da arrecadação, via crescimento. Por isso, a preocupação do governo com a taxa de juros e a viabilização dos estímulos à economia”, observa.

Ele também sinaliza que uma outra alternativa seria a partir de uma reforma tributária.

“Mas, no meio do caminho pode haver um desencontro de timing. A recomposição de receita depende de diversos fatores. Ainda não temos a certeza de que será possível cobrir esse buraco extra. Por isso, não é uma sinalização positiva para o mercado”, reitera.

Intervenção do estado na economia: efeitos nas expectativas do mercado

Para mostrar os efeitos das medidas discutidas acima no mercado, Ricardo Cará mostra a evolução da curva de alguns indicadores mais importantes da economia nos últimos 60 dias, baseada nas projeções do Boletim Focus. 

Projeções IPCA 

Evolução expectativas IPCA - nos últimos 60 meses - intervenção do Estado na economia.

“Os agentes começaram a entender que o risco de alta da inflação para 2024, 2025 e 2026 aumentou consideravelmente. Isso é um reflexo da discussão sobre revisão da meta da inflação, Selic, risco fiscal”, analisa o gestor.

Selic e PIB 

“O mercado está revisando suas projeções para Selic e PIB, uma vez que o governo deve ampliar os gastos públicos. Há dúvidas sobre o início da queda de juros e PIB, com margem maior para crescimento”, ele reforça. 

Evolução Selic e PIB - projeções nos últimos 6 meses - intervenção do Estado na economia.

De olho no fiscal e inflação

“É preciso olhar para esses indicadores principais para que seja possível criar condições sustentáveis para que o Banco Central inicie a queda de juros”, observa Ricardo Cará.

Média dos indicadores nos últimos 60 dias 

tabela projeção IPCA, Selic, PIB e câmbio - intervenção do Estado na economia.

Oportunidades de investimento para o mês de março

Segundo Denys Wiese, os investidores nesses últimos dois meses temeram uma crise de crédito – desencadeada pelo evento das lojas Americanas – e também de uma recessão forte. No entanto, ambos não estão ocorrendo. 

“Isso cria inúmeras oportunidades de bons investimentos, pois se o juro está alto, tanto a renda fixa, como os ativos de renda variável estão extremamente atraentes, com boas entradas nos Fundos Multimercados”, reforça Wiese. 

Algumas oportunidades de investimento para março de 2023: 

  • Bond prefixado – 16% a.a.;
  • Oferta 160 CRA – CDI + 4% a.a. (isento);
  • Oferta 160 CRI – IPCA + 9% a.a. (isento);
  • CDB 3 anos – 116% do CDI.

Diversificação com Fundos Multimercados 

O Fundo Multimercado tem o dinamismo e a flexibilidade da diversificação, pois opera com posições em diversos países, ativos e índices. Esses ativos sempre tentam antecipar os movimentos no mundo todo, com uma análise profunda do cenário global. 

“É uma boa oportunidade para um prazo de 2 anos, com alvo de CDI + 5%, com liquidez de 30 dias”, reitera o estrategista da EQI Investimentos.

Gráfico rentabilidade Atlas Macro FIM – últimos 6 meses 

Se você perde a live, pode assistir aqui:

Intervenções na economia e impactos sobre os investimentos