Os ovos são um dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros, sendo utilizados de diversas formas, como fritos, cozidos, mexidos, omeletes e em receitas de tortas e bolos. Ao olhar para as opções de “mistura”, este sempre foi o alimento mais barato, superando a carne, o peixe e o frango na acessibilidade financeira. No entanto, o aumento expressivo dos preços tem impactado o orçamento das famílias e despertado preocupação no mercado, gerando a “inflação do ovo“.
Alta dos preços e os principais fatores
Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o valor dos ovos brancos do tipo extra em Bastos, principal polo produtor de São Paulo, atingiu uma média de R$ 198,40 por caixa com 30 dúzias em fevereiro, registrando uma alta de 39,4% em relação ao mês anterior. Já os ovos vermelhos alcançaram R$ 227,24 por caixa, com um aumento de 37,4%.
Entre os principais fatores que contribuem para a inflação do ovo, estão:
- Aumento da demanda: com o retorno das aulas, o consumo de ovos cresce nessa época do ano;
- Redução da oferta: o abate de matrizes foi intensificado no segundo semestre de 2024, diminuindo a produção;
- Impacto do calor: as altas temperaturas causam desconforto nas aves, reduzindo sua produtividade;
- Custos elevados de produção: o aumento dos preços da energia elétrica e da ração também pressiona o valor final do produto.
O impacto na indústria e no consumidor
A inflação do ovo também tem reflexos na indústria, especialmente nos setores alimentício e cosmético, que utilizam seus derivados. Além disso, a substituição da carne bovina por ovos devido ao alto custo da carne tem impulsionado ainda mais a demanda e, consequentemente, os preços.
Entre os insumos que mais impactaram os custos de produção, está o milho, cuja alta foi de 30% nos últimos seis meses. Além disso, a necessidade de climatização das granjas devido ao calor elevou o consumo de energia elétrica em toda a cadeia produtiva.
Haverá queda nos preços?
A curto prazo, não há previsão de redução dos preços, principalmente devido à quaresma, período em que muitas famílias substituem a carne por ovos. A expectativa é que os valores só comecem a cair a partir de abril, quando o mercado tende a se estabilizar.
O mercado brasileiro de ovos em números
- A produção brasileira foi de 53,3 bilhões de unidades em 2020, com crescimento médio anual de 6,4% desde 2010;
- O Brasil ocupou a 8ª posição entre os maiores produtores mundiais em 2021, enquanto a China lidera o ranking;
- O consumo anual per capita no Brasil foi de 251 ovos em 2020, contra 148 unidades em 2010;
- Aproximadamente 99,7% da produção é destinada ao mercado interno.
O impacto da crise nos Estados Unidos
Nos Estados Unidos, a alta dos preços dos ovos foi ainda mais expressiva, chegando a 70% devido a surtos de gripe aviária que reduziram a oferta. Apesar do aumento das exportações brasileiras para o país, que cresceram 62% entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, a inflação do ovo no Brasil ainda não está diretamente ligada a esse fator.
Atualmente, as exportações representam menos de 1% da produção nacional, o que garante que a maior parte dos ovos permaneça no mercado interno. No entanto, se os Estados Unidos mantiverem um alto volume de importação de ovos brasileiros, a tendência pode mudar, afetando a disponibilidade e os preços no Brasil.
Inflação do ovo: alta demanda x custos
A inflação do ovo é resultado de uma combinação de fatores que envolvem alta demanda, custos de produção elevados e condições climáticas desfavoráveis. Embora o cenário a curto prazo não indique redução significativa nos preços, espera-se que o equilíbrio da oferta e demanda leve a uma estabilização nos valores nos próximos meses. Para os consumidores, a recomendação é pesquisar os preços e considerar alternativas dentro do orçamento doméstico.
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