O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) sobe 0,20% em agosto, após registrar queda de 0,07% em julho, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). Apesar da reversão, o resultado veio abaixo da expectativa de mercado, que apontava avanço em torno de 0,37% a 0,38%, segundo levantamentos das agências Reuters e Broadcast.
Com o desempenho do mês, o índice acumula retração de 1,62% em 2024, mas apresenta alta de 3,00% no período de 12 meses. Esse contraste mostra como o comportamento recente dos preços ainda reflete pressões pontuais, especialmente ligadas a commodities e custos específicos, enquanto no ano a deflação prevalece em alguns segmentos.
Atacado volta a subir com commodities agrícolas
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-DI), que responde por 60% da composição do IGP-DI, registrou alta de 0,35% em agosto, revertendo a queda de 0,34% observada em julho. O movimento foi impulsionado pelas commodities agrícolas. A soja em grão avançou 3,77%, o café em grão saltou 12,98%, revertendo uma forte queda anterior de 18,79%, e o milho subiu 2,15%, após recuar 4,02% no mês anterior.
Esses reajustes, concentrados em itens de grande peso no setor produtivo, ajudam a explicar por que o IGP-DI sobe 0,20% em agosto, ainda que outros componentes tenham registrado desaceleração. Como ressaltou André Braz, economista do FGV IBRE: “No varejo, o avanço de planos de saúde e refeições fora de casa manteve o IPC em terreno positivo, enquanto no INCC as maiores influências vieram de materiais de construção como tubos de PVC e serviços de mão de obra.”
IPC-DI tem retração puxada por Educação e Habitação
Enquanto o atacado puxou para cima, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI), que representa 30% do IGP-DI, registrou queda de 0,44% em agosto, após ter avançado 0,37% em julho. Das oito classes de despesa que compõem o indicador, seis mostraram recuo. Os destaques foram Educação, Leitura e Recreação, com baixa de 1,79%, e Habitação, que caiu 0,80%, depois de alta de 0,88% no mês anterior.
No entanto, alguns itens específicos mantiveram pressão de alta. Planos de saúde e refeições fora de casa registraram variações positivas, mostrando que a inflação no consumo das famílias permanece heterogênea, com avanços em serviços de maior demanda e recuos em categorias sensíveis à sazonalidade.
INCC-DI desacelera mas segue em alta
O Índice Nacional de Construção Civil (INCC-DI), que compõe 10% do IGP-DI, também apresentou variação positiva, mas em ritmo menor. O indicador subiu 0,52% em agosto, após avanço de 0,91% em julho. Todos os três grupos que formam o índice mostraram desaceleração, refletindo tanto a estabilidade nos preços de materiais quanto a menor pressão de serviços de mão de obra.
Apesar do arrefecimento, o setor da construção continua a registrar aumentos relevantes em insumos como tubos de PVC e custos com pessoal. Esses elementos mantêm a atenção sobre os impactos da cadeia de construção nos índices de preços ao longo do ano.
Tendências e núcleo do IPC-DI
Outro ponto observado foi o núcleo do IPC-DI, que exclui as maiores variações individuais para medir tendências de médio prazo. Em agosto, o núcleo subiu 0,20%, após alta de 0,33% em julho. No acumulado do ano, o núcleo avançou 3,15%, e em 12 meses, 4,55%.
Esse dado sugere que, embora o IGP-DI acumule queda no ano, há pressões inflacionárias persistentes no consumo das famílias. A leitura reforça que o comportamento dos preços segue marcado por choques pontuais, mas ainda sem indicar uma trajetória uniforme de desinflação.
Leia também: