Como viver de renda?
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Economia
Notícias
IGP-DI recua 1,80% em junho ante queda de 0,85% em maio

IGP-DI recua 1,80% em junho ante queda de 0,85% em maio

O Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) recuou 1,80% em junho, ampliando a deflação de 0,85% registrada em maio. O dado, divulgado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), surpreendeu ao ficar abaixo da mediana das estimativas do mercado, que esperava uma queda de 1,62%. O movimento reforça um cenário de desaceleração inflacionária em diversas frentes da economia brasileira.

Com o novo resultado, o IGP-DI acumula queda de 1,76% no ano, apesar de ainda manter alta de 3,83% no acumulado dos últimos 12 meses. Em comparação, em junho de 2024 o índice havia registrado elevação de 0,50% e uma alta acumulada de 2,88%.

IPA lidera a deflação: matérias-primas puxam índice para baixo

O principal vetor dessa deflação foi o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa cerca de 60% da composição do IGP-DI. O IPA caiu 2,72% em junho, uma queda mais acentuada do que os -1,38% observados em maio. Esse recuo é explicado, principalmente, pela redução nos preços das matérias-primas brutas.

Segundo o economista do FGV IBRE Matheus Dias, o café e o minério de ferro foram destaques nesse movimento. Ambos os produtos vêm registrando quedas expressivas, o que já afeta os preços em cadeia — do produtor ao consumidor.

Os estágios de processamento confirmam essa tendência:

  • Bens Finais: -0,88% (após alta de 0,48% em maio)
  • Bens Intermediários: -1,24%
  • Matérias-Primas Brutas: -4,95%, intensificando o recuo de -2,86% em maio

Inflação ao consumidor desacelera, mas segue positiva

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) também apresentou desaceleração. A taxa caiu para 0,16% em junho, ante 0,34% em maio. Seis dos oito grupos de despesa analisados mostraram queda na variação, com destaque para:

  • Alimentação: de 0,29% para -0,19%
  • Transportes: de 0,02% para -0,15%
  • Saúde e Cuidados Pessoais: de 0,59% para -0,02%

Por outro lado, os setores de Educação e Comunicação apresentaram avanço. O índice de difusão, que mede a proporção de itens com aumento de preços, caiu de 60,65% em maio para 50,97% em junho, indicando uma desaceleração mais ampla.

Construção civil resiste à tendência e avança

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), por sua vez, contrariou a tendência de queda e subiu 0,69% em junho, ante 0,58% em maio. A alta foi puxada principalmente pelos serviços (1,26%) e pela reversão no grupo Materiais e Equipamentos, que passou de -0,27% para 0,12%. Já o custo da mão de obra desacelerou, mas ainda apresentou variação positiva (de 1,68% para 1,32%).

Panorama e implicações

A deflação de junho no IGP-DI reforça o impacto da desaceleração global de commodities e pode contribuir para aliviar as pressões inflacionárias no Brasil nos próximos meses. A queda intensa nos preços no atacado é um indicativo de que os efeitos poderão ser sentidos no varejo, beneficiando o consumidor final.

No entanto, o avanço do INCC aponta que setores como a construção ainda enfrentam desafios específicos, com pressões vindas da mão de obra e dos serviços especializados.

Esse cenário cria um campo complexo para decisões de política monetária, já que, apesar da deflação, a alta acumulada em 12 meses e o comportamento setorial misto ainda exigem cautela por parte das autoridades econômicas.