O IBC-Br, considerado uma espécie de “prévia” do PIB e calculado pelo Banco Central, registrou queda de 0,70% em maio na comparação com o mês anterior. O resultado veio abaixo das projeções dos economistas consultados pela Reuters, que esperavam estabilidade (0%) na atividade econômica. O dado reforça o sinal de desaceleração no início de 2025, em um momento em que o país ainda tenta consolidar a recuperação após um ano de crescimento moderado.
Essa retração marca uma inflexão preocupante, principalmente após o desempenho observado em abril, quando o índice registrou uma alta de 0,2%. A queda de maio, portanto, não só interrompe a trajetória positiva como também impõe dúvidas sobre a consistência do crescimento econômico ao longo do ano. Para muitos analistas, o recuo do IBC-Br é um termômetro da perda de tração em setores-chave da economia.
Na comparação com o mesmo mês em 2024, o IBC-Br subiu 3,2%, enquanto o acumulado em 12 meses passou a um ganho de 4%, segundo números não dessazonalizados.
Oscilações mensais e perda de tração
O comportamento recente do IBC-Br de maio mostra uma economia que oscila mês a mês, sem consolidar uma tendência de crescimento sustentável. Em abril, por exemplo, o índice voltou a subir, registrando alta de 0,2%. Embora esse avanço tenha superado a projeção do mercado (0,1%), ele ainda representa uma desaceleração frente ao desempenho de março e fevereiro, ilustrando um padrão de crescimento errático.
Essa alternância entre avanço e retração revela a fragilidade da atividade econômica. Setores como comércio, indústria e serviços enfrentam desafios diversos, como crédito caro, consumo em baixa e incertezas políticas e fiscais. Em especial, a indústria tem apresentado dificuldades persistentes em manter uma produção estável, o que impacta diretamente o indicador agregado do IBC-Br.
IBC-Br: termômetro da economia brasileira
Embora não substitua o PIB oficial, calculado pelo IBGE a cada trimestre, o IBC-Br é amplamente utilizado como uma ferramenta de acompanhamento em tempo real da economia. O indicador agrega dados de diversos setores – indústria, comércio, serviços e agropecuária – e serve como base para decisões econômicas e projeções do mercado financeiro.
Por essa razão, uma variação negativa como a de maio gera preocupação imediata. O recuo não significa apenas um número ruim isolado, mas levanta dúvidas sobre a capacidade da economia de responder a estímulos, como cortes de juros ou programas de incentivo. Ele também impacta as expectativas sobre o comportamento do PIB no segundo trimestre de 2025.
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