A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda revisou a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2025, reduzindo a expectativa de crescimento de 2,5% para 2,3%.
A revisão ocorreu devido ao impacto das políticas monetária e fiscal contracionistas e foi divulgada no documento “2024 em retrospectiva e o que esperar de 2025”, publicado na última quinta-feira (13).
De acordo com a SPE, o aumento da taxa básica de juros e o ambiente externo adverso influenciaram a revisão para baixo da previsão de crescimento.
“O carry-over para 2025 também se reduziu recentemente”, destaca o documento.
O impacto será mais forte para setores cíclicos, como aqueles dependentes de crédito, massa salarial e transferências governamentais, que devem sofrer com o menor ritmo de expansão.
Em contrapartida, segmentos não cíclicos, como a produção agropecuária e extrativa, devem manter crescimento expressivo, garantindo que a atividade econômica não se distancie do seu potencial e contribuindo para um efeito desinflacionário devido ao aumento da oferta de produtos.
Entre os setores produtivos, a projeção para a indústria foi revisada de 2,5% para 2,2%, enquanto o setor de serviços teve sua expectativa reduzida de 2,1% para 1,9%. A agropecuária, por sua vez, manteve a projeção de crescimento em 6,0%.
A SPE prevê que o crescimento econômico será mais forte no primeiro trimestre de 2025, impulsionado pela colheita recorde de soja e pelos efeitos do reajuste do salário mínimo, beneficiando setores como transportes e comércio.
Entretanto, a partir do segundo trimestre, o ritmo deverá desacelerar, com estabilidade a partir de julho, em função da política monetária restritiva e da redução dos impulsos de crédito e mercado de trabalho.
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Impacto das tarifas dos EUA e previsão de inflação
A SPE também avaliou o impacto das tarifas de importação sobre ferro, aço e alumínio nos Estados Unidos, que podem ser implementadas. O documento indica que as exportações brasileiras desses produtos para os EUA corresponderam a 1,9% do total exportado pelo Brasil em 2024, representando 40,8% do valor total exportado de ferro, aço e alumínio. Dessa forma, o impacto esperado na indústria de metalurgia será relevante, mas limitado no contexto geral das exportações e do PIB brasileiro.
A expectativa para a inflação em 2025 é de estabilidade, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) projetado em 4,8%, situando-se ligeiramente acima do teto da meta. A pasta atribui essa resiliência a efeitos defasados da depreciação cambial e ao ritmo aquecido da atividade econômica. Os preços dos alimentos devem apresentar queda, enquanto os serviços devem permanecer estáveis. Já os preços monitorados e bens industriais tendem a subir.
“Os preços de carnes tendem a desacelerar até o final do ano, menos impactados pela reversão no ciclo de abate do gado e pelo avanço das exportações. O cenário também deverá ser mais favorável para o arroz, feijão, alimentos in natura e derivados de soja e leite, refletindo as boas perspectivas para o clima e a produção agrícola em 2025”, ressalta o documento. No entanto, a baixa colheita de 2024 deve pressionar para cima os preços do trigo e seus derivados.
A SPE ainda apontou que 0,9 ponto percentual da inflação projetada para 2025 está relacionado aos efeitos da variação cambial até o final de 2024. O cenário inflacionário poderá melhorar caso o real mantenha um desempenho favorável em relação a outras moedas, mantendo-se abaixo de R$ 5,80 por dólar.
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