As eleições presidenciais americanas em 2024 se aproximam – acontecem em 5 de novembro – e estão marcadas não apenas pela escolha de quem ocupará a Casa Branca, mas também pelo impacto que o resultado pode ter na economia global e, especialmente, no dólar.
Enquanto o cenário político é pautado por posições antagônicas dos candidatos, investidores globais e, em particular, brasileiros acompanham atentamente as possíveis oscilações na moeda americana, que poderá refletir nas bolsas de valores e na inflação em todo o mundo.
Eleições americanas: como funciona o processo eleitoral americano
Diferente do sistema eleitoral direto, o processo americano é indireto. A escolha do presidente passa pelo Colégio Eleitoral, composto por 538 delegados que representam os estados.
Os delegados são selecionados de acordo com a votação dos cidadãos em cada estado, mas é necessário conquistar pelo menos 270 desses votos para ser eleito.
Estados com maior população possuem mais delegados, o que pode gerar a situação de um candidato conquistar a maioria dos votos populares, mas não vencer no Colégio Eleitoral, uma característica que historicamente gera discussões sobre a representatividade do sistema.
Impasse político: o cenário favorito dos mercados
Investidores enxergam o cenário de “gridlock” ou impasse como um resultado interessante, no qual o controle da Casa Branca e do Congresso fica dividido entre democratas e republicanos.
Esse impasse tende a impedir grandes mudanças políticas e econômicas, o que traz previsibilidade ao mercado. “Manter o status quo traz previsibilidade, mas também não resolve as questões no longo prazo”, explica o analista Felipe Paletta, CNPI. O gridlock dificulta a implementação de novas regulamentações e mudanças fiscais radicais, resultando em uma postura mais conservadora nas políticas econômicas.
Segundo o estrategista de mercado Marink Martins, caso o resultado das eleições leve a um governo democrata completo — ou seja, controle da Casa Branca e do Congresso -, o mercado pode reagir negativamente. “Se der só Partido Democrata, o mercado pode reagir de forma bem negativa, porque impostos subiriam e outras questões iriam aflorar.” O medo dos investidores gira em torno do possível aumento de impostos sobre empresas, defendido pela vice-presidente Kamala Harris, que pretende elevar a tributação de 21% para 28%.
As propostas econômicas em jogo e o efeito no dólar
A moeda americana, o dólar, é a grande variável deste pleito. De acordo com Martins, os Estados Unidos vivem um momento de “excepcionalismo norte-americano”, sendo agora exportadores de petróleo, o que permite controlar a inflação. Ainda assim, a situação fiscal americana está cada vez mais semelhante à de países em desenvolvimento, com déficits anuais superiores a 5%. Para ele, o dólar pode sofrer uma depreciação se o cenário político mudar para uma administração democrata completa.
Já Felipe Reis, estrategista de ações da EQI Investimentos, observa que uma vitória de Trump poderia favorecer um dólar mais forte, impactando positivamente empresas exportadoras brasileiras, como PRIO e Suzano, cujas receitas são atreladas à moeda americana.
Com a abordagem protecionista de Trump, que busca elevar tarifas para proteger a indústria americana, a tendência é de um dólar valorizado, beneficiando empresas que exportam para os EUA. “Com Trump, o dólar fica forte, e as exportadoras se beneficiam”, comenta Reis.
Por outro lado, uma vitória de Kamala Harris poderia acelerar o corte de juros nos EUA, levando o dólar a se desvalorizar e favorecendo mercados emergentes, como o Brasil. “Kamala traria uma queda mais rápida dos juros nos EUA e uma busca por mercados emergentes”, destaca Reis, o que abriria oportunidades para empresas brasileiras focadas no mercado doméstico, como Itaú e B3.
Reflexos para o investidor brasileiro
As eleições americanas, em qualquer cenário, terão impacto direto no Brasil, especialmente em setores com forte exposição ao dólar. Para investidores brasileiros, Paletta recomenda cautela e sugere uma postura mais defensiva até que o quadro se defina. “Aguardar pode ser uma boa opção. Especular, não”, aconselha, indicando a importância de diversificar com ativos mais previsíveis como títulos atrelados à inflação e debêntures neste momento.
Além disso, Paletta explica que a correção do ciclo econômico americano, já em curso após uma década de crescimento, será um fator relevante. Com a desaceleração econômica e o corte de juros, há impacto no dólar. Assim, para os investidores que buscam segurança, ativos como bonds e commodities são recomendados, uma vez que o dólar pode se enfraquecer, enquanto o real tende a apreciar-se com o aumento de juros no Brasil.
Independentemente do resultado, o cenário político americano continua sendo acompanhado de perto pelo mercado. E enquanto os olhos do mundo estão voltados para a disputa pela Casa Branca, o dólar segue como o termômetro principal para as expectativas econômicas globais, definindo não apenas o rumo das bolsas de valores, mas também o futuro de muitas economias emergentes, incluindo a brasileira.
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