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Eike Batista no streaming: ascensão e queda do empresário viram filme

Eike Batista no streaming: ascensão e queda do empresário viram filme

A história do empresário Eike Batista sempre volta a estampar capas de jornais, sites e agora ela foi parar no streaming.

Isso porque estreou na Netflix um filme, genuinamente brasileiro – como não poderia deixar de ser – acerca do Grupo EBX, contando a ascensão e queda do megaempresário.

A obra foi baseada no livro Eike – Tudo ou Nada (2020), da jornalista Malu Gaspar, hoje uma das principais colunistas em O Globo.

A película conta com pesos pesados da dramaturgia, mais reconhecidamente no campo da comédia, como o sempre bem-humorado Nelson Freitas encarnando o empresário.

Os demais atores são:

  • Thelmo Fernandes (Benigno);
  • Marcelo Valle (Larte);
  • Jonas Bloch (Tonico);
  • Bukassa Kabengele;
  • Carol Castro (Luma);
  • Isabel Fillardis (Carol);
  • Xando Graça (Dr. Oil);
  • André Mattos (Governador Sobral);
  • Carol Melgaço (Irene).

O filme tem um “q” de pastelão, que é o gênero onde alguma dramatização se dá de forma cômica. E isso cabe muito bem quando o pano de fundo é Brasil.

Isso porque o país tem essa característica, de evocar leveza mesmo em meio aos eventos mais duros que se possam narrar. O que tem pouco na película, e faz muita falta, é música brasileira.

Acontece que a paisagem natural do Rio de Janeiro pede o acompanhamento de um dedilhado de violão. A capital carioca é bossa, é samba, é som de Brasil.

De qualquer maneira, o filme cumpre seu papel e por meio dele o espectador pode entrar na rotina da empresa, das operações e de como, supostamente, a companhia era administrada.

Tudo gira em torno de um empreendedor megalômano, que consegue vender muito bem suas ideias, mesmo que para executá-las, precise de alguma capitalização abissal.

Mas até nisso Eike se mostrava um gênio. Ele captou bilhões de dólares de empresas, fundos de investimentos internacionais, investidores profissionais e sardinhas. Quem ganhou, ganhou, mas quem perdeu, definitivamente perdeu.

Nas próximas linhas o EuQueroInvestir vai aprofundar a ascensão e queda de Eike e seu conglomerado. Prossiga na leitura!

Imagem mostra Eike Batista (ator) em cena de filme sobre o empresário.

Quem foi Eike Batista?

Nascido em Governador Valadares (MG), filho de um brasileiro com uma alemã, ele perdeu a oportunidade de aprender um dos principais mantras das gerais: “comer quieto”.

Desde cedo ele nunca passou despercebido e sua visão acerca de si e de seus negócios sempre estiveram acompanhadas de narrativas superlativas. Ele era um grande “vendedor”.

O termo X, em suas empresas, se dá pelo fator multiplicador. Ele se considerava um Midas, que é um personagem da mitologia grega que ficou conhecido por ter sido amaldiçoado com o poder de transformar tudo que tocava em ouro.

Ele também se considerava um mecenas, palavra que designa alguém que patrocina cultura, esporte e outros tipos de entretenimento, como arte. Entretanto, na prática, esse movimento era uma moeda de troca junto ao Poder Público para, assim, obter favores.

O pai dele, Eliezer Batista da Silva, foi presidente da Companhia Vale do Rio Doce (de 1961 a 1964 e de 1979 a 1986) e ex-ministro de Minas e Energia. A companhia, atualmente, se chama apenas Vale, e está na bolsa brasileira sob o ticker VALE3.

Por aí se vê que Eike foi bem-nascido e, assim, pôde frequentar os melhores círculos sociais, aprender com gente de mercado e técnicos de primeira linha. Não tinha mesmo como ser diferente.

Em relação a sua formação básica, ele estudou em Genebra (Suíça), Dusseldórfia (Alemanha) e Bruxelas (Bélgica), acompanhando a família, que se mudou para a Europa por causa da carreira do pai.

Também cursou a Faculdade de Engenharia Metalúrgica na Universidade Técnica de Aachen, na Alemanha, mas nunca concluiu o curso. Isso foi em meados de 1974.

Logo que completou 18 anos ingressou no mercado de trabalho como vendedor de seguros. E isso no exterior. Essa sim foi uma super escola para quem deseja desenvolver as habilidades comerciais e dar valor a cada centavo conquistado.

Entretanto, a mineração estava no seu DNA. Em meados de 1980, de volta ao Brasil, comercializou diamantes. Uma habilidade aditivava sua carreira: ele é fluente em cinco idiomas.

Aos 21 anos já tinha uma empresa própria. A companhia tinha o sol inca como símbolo. Esta marca se perpetuou nas empresas X.

Eike sempre deu muito valor ao simbolismo. No caso do sol Inca, por exemplo, Inti, o deus Sol, era a divindade protetora da casa real. Seu calor beneficiava a terra andina e fazia as plantas florescerem. Era representado com um rosto humano sobre um disco radiante.

Antes dos 25 anos ele já havia acumulado US$ 6 milhões comercializando ouro e foi o responsável por implementar a primeira planta aurífera aluvial mecanizada na Amazônia.

Menos de cinco anos depois já era o principal executivo da TVX Gold, empresa listada na Bolsa do Toronto, Canadá, o que marcou o início do seu relacionamento com o mercado de capitais global.

O que foi o Grupo EBX?

O Grupo EBX, fundado por Eike em 1983, passou a ter sua sede no Edifício Serrador, região da Cinelândia, ou centro do Rio de Janeiro.

Debaixo do “guarda-chuva” do Grupo, havia a OGX, que atuava na busca por petróleo, a MpX, que atuava no segmento de energia, a LLX Logística, a MMX, que atuava em mineração, a OSX, que operava na indústria naval e offshore. Havia também empreendimentos imobiliários.

O racional por traz destas companhias, ao menos na cabeça de Eike, era fechar o ciclo em torno de suas principais operações, em especial no segmento de petróleo.

Na prática, a OGX perfurava e procurava o “ouro negro” e suas sondas e demais equipamentos eram fornecidos pela OSX, enquanto a LLX tratava do escoamento e por aí vai. Em tese, uma iniciativa genial. Porém, esse volume de negócios acabou não convergindo.

Boa parte dos analistas que acompanharam a ascensão e queda do Grupo EBX elencam que ao invés de focar em uma operação e fazê-la grande, a ideia de fechar a cadeia de fornecimento consigo próprio pulverizou investimentos e enfraqueceu o caixa da companhia.

Claro, essa explicação é mera simplificação de tudo o que aconteceu administrativamente e comercialmente. Quando o império começou a ruir, Eike até tentou fechar contrato para fornecimento de sondas pela OSX à Petrobras (PETR3; PETR4). Esse movimento era, de certa maneira, um socorro que o governo daria ao Grupo. Isso não se confirmou.

Acontece que além de perder capital financeiro, Eike perdeu capital político e tanto o governo federal quanto o governo do Estado preferiram dar um passo atrás. E deram.

Vale lembrar que no dia 26 de abril de 2012 a então presidente Dilma Rousseff declarou, em São João da Barra, no interior do Rio de Janeiro, que Eike era o “orgulho” do Brasil. Nesta época, o Grupo EBX ainda estava em evidência.

Já em novembro de 2013 o Financial Times publicou que a queda de Eike Batista “envergonha” Dilma Rousseff.

Linha do tempo

  • 1983 fundação do Grupo EBX;
  • 2001 fundação da MPX Energia;
  • 2005 fundação da MMX;
  • 2006 fundação da CCX (exploração de carvão);
  • 2006 inauguração do Mr Lam (restaurante);
  • 2007 fundação da OSX;
  • 2007 fundação da OGX;
  • 2007 fundação da LLX Logística;
  • 2007 inauguração do Pink Fleet, iate de Eike;
  • 2009 aquisição da empresa que detinha a concessão da Marina da Glória;
  • 2010 fundação da REX, do segmento imobiliário;
  • 0000 AUX (mineração de ouro);
  • 0000 IMX (esporte e entretenimento);
  • 0000 NRX-Newrest (catering);
  • 0000 JPX Automóveis;
  • 0000 RJX Grupo de Vôlei;
  • 0000 Marina da Glória Hotel (o empresário tentou revitalizar o empreendimento);
  • 0000 Marina da Glória

Em relação à vida pessoal, ele tem dois filhos, Thor e Olin, fruto do casamento, que terminou em 2004, com a atriz e modelo Luma de Oliveira.

Atualmente, Eike namora a empresária e advogada Flávia Sampaio, que esteve à frente da Beaux, centro de saúde e beleza do Grupo EBX na Barra da Tijuca, que encerrou suas operações em fevereiro de 2012.

Como se deu a queda de Eike Batista?

Em meados de 2012 a fortuna de Eike Batista era estimada em US$ 30 bilhões e ele já figurava, há algum tempo, na lista de bilionários da Forbes.

Em janeiro de 2017 ele foi preso em um desdobramento da Operação Lava Jato e, no mês seguinte, tornou-se réu pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Para amenizar as acusações, Eike fez um acordo de colaboração junto ao Ministério Público Federal (MPF), o qual foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 03 de novembro de 2020.

O empresário chegou a ir para a cadeia, ficando preso apenas três meses, na zona oeste do Rio de Janeiro, dividindo cela comum por não ter diploma universitário.

Para sair do presídio, ele pagou fiança de quase R$ 900 milhões. O empresário foi condenado a quase 12 anos de pena.

O fazendeiro, a pick-up e a amante

Um dos casos imbricados à ascensão e queda de Eike Batista foi ouvida por este redator em meados de 2012, no RJ. Enviado pelo jornal ao escritório que orientava o grupo de acionistas minoritários, à época, foi recebido pelo advogado da causa e dono do escritório.

O especialista, também acionista do mercado de capitais, havia acabado de atender a um fazendeiro do centro-oeste, por telefone. O homem tinha confessado ao advogado que o tombo de Eike estava refletindo em seu casamento.

Isso porque ele tinha o hábito trocar a caminhonete da esposa todo ano. Porém, devido ao derretimento das ações, estava descapitalizado e, assim, não podia presentear a amada. Mas também não queria deixá-la a par dos acontecimentos.

Então, por não efetuar a troca do veículo e manter segredo acerca da falta de dinheiro, naquele momento, pelas razões distintas, a esposa considerou que havia um terceiro elemento em cena: uma amante. Logo, começaram as brigas, ameaças de divórcio e outros conflitos familiares. Como o fazendeiro-investidor contornou a situação, é um mistério, mas o caso reflete o dia a dia dos advogados de acionistas, cujo telefone tocava incessantemente naquele período turbulento.