O governo dos EUA está negociando com o Congresso uma autorização para aumentar seu teto de endividamento até o começo de junho, sob o risco de o país não conseguir bancar suas despesas. Um eventual default dos EUA poderia afetar seriamente um mercado já em estado de alerta por causa da crise de crédito que já provocou o fechamento de três bancos desde o início do ano.
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O presidente Joe Biden deve se encontrar hoje com o presidente da Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy (cargo equivalente ao de presidência da Câmara dos Deputados no Brasil). A Casa é responsável pela aprovação de uma lei que permitirá ao governo ampliar seu teto de endividamento e, assim, realizar novas emissões de títulos públicos e pode pagar as despesas.
Como os republicanos têm maioria entre os representantes, a tendência é que Biden, do Partido Democrata, tenha que fazer concessões, com promessas de enxugamento das despesas no médio e longo prazo. Neste domingo, após retornar da cúpula do G7, no Japão, o presidente reclamou da “postura extrema” dos opositores.
Se o aumento do limite da dívida não for autorizado, alguns serviços públicos fecham as portas por falta de dinheiro para pagamento dos funcionários e da manutenção, o que já chegou a ocorrer algumas vezes nos últimos anos com parques e museus financiados pelo governo federal. Outros pagamentos que podem atrasar seriam os benefícios da previdência e os desembolsos para o Medicare (o seguro-saúde federal para pessoas com mais de 65 anos).
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Default dos EUA: o que pode acontecer nas próximas semanas
O maior temor do mercado, porém, é o risco de não pagamento dos Treasures, os títulos da dívida com vencimento nos meio e no fim de cada mês. Cálculos do Escritório de Orçamento do Congresso apontam para vencimentos de US$ 10 bilhões a US$ 16 bilhões em 31 de maio, cerca de US$ 3 bilhões em 15 de junho e novamente valores entre US$ 10 bilhões e US$ 16 bilhões em 30 de junho.
Já as estimativas de bancos apontam para mais de US$ 200 bilhões em títulos com vencimento até o fim de junho. O CBO estima que o Tesouro tenha cerca de US$ 360 bilhões disponíveis em caixa para maio e início de junho, até que entre a receita trimestral adicional com pagamentos de impostos em 15 de junho.
Analistas esperam que a Casa Branca e o Congresso cheguem a um acordo, como já aconteceu tantas vezes antes, e evitem um calote. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, alertou que, se não houver acerto entre os partidos, o país fica sem dinheiro a partir de 1º de junho.
O mercado considera que o não pagamento dos títulos do Tesouro seria suficiente para que as agências de risco registrassem o caso como um default, ou, no popular, um “calote”. Alguns congressistas republicanos sugeriram a priorização desses pagamentos em vez das aposentadorias e planos de saúde dos idosos, mas a ideia foi rejeitada por Yellen, que a chamou de “default com outro nome”.
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Default dos EUA: o risco de não pagamento dos bônus da dívida
Entre os grandes detentores de títulos do Tesouro estão desde os maiores bancos do país até bancos centrais estrangeiros, cujas reservas monetárias dependem dos dólares americanos.
A classificação de crédito dos EUA seria, então, rebaixada por agências de risco como o Moody’s e a S&P, o que tornaria futuros empréstimos mais caros e possivelmente obrigaria o Fed a manter o aperto monetário, com os juros básicos no teto de 5,25% ao ano, por mais tempo.
A Casa Branca aponta que alguns dias de default custaria cerca de 500 mil empregos e uma queda de 0,6% do PIB, efeitos que poderiam se multiplicar se a situação persistir por mais tempo, com risco de fechamento de mais de 6 milhões de vagas de trabalho. Agentes do mercado apontam para o risco de aumento também nos impostos.
Ativos que têm mais riscos, como as ações e títulos de dívida de empresas privadas, também poderiam enfrentar grandes perdas, levando o mercado ao risco de um crash que poderia ter impacto em outras economias mundo afora. Os credit default swaps (CDS), instrumentos de seguro para os bônus do governo dos EUA em caso de inadimplência, tiveram altas recordes nas últimas semanas.
O Fed poderia agir para tentar contornar parte da crise, embora seu presidente, Jerome Powell, já tenha sinalizado, em ocasiões semelhantes de crise em anos anteriores, seu desejo de evitar interferências do banco central. Entre as opções estariam a compra direta de bônus do Tesouro e a retirada de circulação dos títulos inadimplentes, trocados por outros ainda a vencer em seu poder. Oficialmente, porém, a autoridade monetária ainda não se manifestou.
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