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Decisão de juros do Copom: na dúvida, não ultrapasse!

Decisão de juros do Copom: na dúvida, não ultrapasse!

Na decisão de juros do Copom (Comitê de Política Monetária), o comitê reduziu a taxa Selic para 12,75%, dentro do esperado, no segundo corte consecutivo de 50pbs. Além disso, sinalizou que manterá esse ritmo nas próximas reuniões.

Sobre atividade, o Comitê entendeu que ela está vindo mais forte do que o esperado, mas antecipa uma desaceleração à frente, potencialmente minimizando os efeitos dessa resiliência.

Na inflação, poucas novidades, com efeito base puxando a comparação anual para cima, mas com os núcleos mostrando desaceleração.

Em termos de projeções, o Copom estima que a inflação será de 5% nesse ano, declinará para 3,5% em 2024 e atingirá 3,1% em 2025.

Todas essas projeções estão mais altas do que na reunião anterior, dada uma taxa de câmbio mais depreciada e uma expectativa mais baixa de taxa de juros na pesquisa Focus.

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Ainda assim, esses resultados vieram um pouco abaixo das nossas estimativas, e sugerem que os preços livres podem estar numa trajetória mais benigna do que a nossa, dado que os preços administrados foram revisados para cima em 2023 e pouco para baixo em 2024.

Finalmente, sobre o balanço de riscos, não houve alterações significativas. A inclusão do tema fiscal fora desse arcabouço analítico nos sugere que o comprometimento com as metas fiscais é um tema relevante para o Copom, mas não o suficiente para retornarem ao balanço de riscos e sim permanecerem com um ponto de alerta.

Entendemos que não é uma condição necessária a zeragem do déficit primário em 2024 para que o Copom continue cortando a taxa de juros, ou mesmo que acelere o ritmo se achar possível ou necessário.

Em resumo, nossa interpretação é de que a decisão e a comunicação não trouxeram alterações materiais para o cenário ou precificação da curva de juros. O tom duro permaneceu, mas já era esperado. As projeções de inflação se elevaram, porém menos do que o esperado. A sinalização de manter o ritmo de cortes não foi surpresa, ainda mais após da decisão mais dura do Fed sobre a trajetória de juros nos EUA.

Por enquanto, mantemos nossa expectativa de uma taxa Selic alcançando 8,75% em 2024, com aceleração no ritmo de cortes nas reuniões de dezembro/23 e janeiro/24.

Porém, a decisão nos EUA pode ser uma restrição a esse cenário. As atas de ambos os bancos centrais, assim como os discursos e dados nas próximas semanas nos indicarão se essa aceleração no ritmo de cortes deverá ser postergada, de maneira a estender o período de cautela. Afinal, na dúvida, não ultrapasse.

Por Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset

Você leu sobre a decisão de juros do Copom. Para mais colunas de Stephan Kautz no portal EuQueroInvestir, clique aqui.