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Cúpula de Líderes dos Brics: o que esperar

Cúpula de Líderes dos Brics: o que esperar

A cúpula de líderes do Brics, marcada para os dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro, acontece em um momento político delicado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Enquanto o Brasil tenta reafirmar seu protagonismo internacional, o governo enfrenta crises simultâneas de popularidade e embates com o Congresso.

A realização do encontro no Museu de Arte Moderna (MAM), o mesmo cenário da Cúpula do G20 em 2024, contrasta com um clima político interno mais hostil e cheio de incertezas sobre o futuro do bloco.

Brics em transição: de esperança à desconfiança

Formado atualmente por 11 países — incluindo os fundadores Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além dos recém-integrados Arábia Saudita, Emirados Árabes, Etiópia, Indonésia, Egito e Irã — a cúpula de líderes do Brics passa por uma fase de redefinição. A ampliação do grupo gerou expectativas, mas também críticas sobre seu alinhamento geopolítico. Como destacou a BBC News Brasil, o bloco é acusado de formar uma aliança informal contra os Estados Unidos e Europa, com crescente influência de China, Rússia e Irã.

Nos bastidores da cúpula, pairam dúvidas sobre o real comprometimento das potências com o grupo. A ausência confirmada de Xi Jinping, por exemplo, foi atribuída oficialmente a conflitos de agenda. No entanto, veículos da imprensa indiana sugerem que isso pode sinalizar um recuo da China frente ao temor de provocar ainda mais tensões com os EUA.

A mesma ambiguidade cerca a Rússia. Vladimir Putin também estará ausente — ele é alvo de um mandado de prisão internacional — e sua postura diante de uma possível reaproximação com Donald Trump adiciona incertezas ao cenário.

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O Brasil e a tentativa de protagonismo no Sul Global

Apesar das tensões, o Brasil tenta usar a presidência do Brics para impulsionar temas estratégicos no cenário global. A agenda da 17ª Cúpula prioriza seis áreas temáticas, segundo a internacionalista e pesquisadora associada do GEBRICS, Tainah Pereira: entre elas estão saúde, mudanças climáticas, taxação de grandes fortunas e governança da inteligência artificial.

Um dos focos do encontro será a proposta de financiamento climático conjunto, antecipando a participação dos Brics na COP30, em Belém. Também há expectativa de que seja reforçado o compromisso com a cooperação em saúde, visando combater doenças socialmente determinadas como malária e diabetes.

No campo econômico, a revisão da Parceria Estratégica dos Brics — estabelecida em 2020 — deve estabelecer novas metas para 2030. A pauta da desdolarização e do comércio em moedas locais, embora ainda sem avanços práticos, continua como um tema sensível no grupo.

Lula entre o prestígio internacional e os problemas domésticos

Lula aposta que o evento possa reforçar sua imagem de líder global, mas analistas veem limites nessa estratégia. “A melhor chance de Lula reverter sua imagem não será nos Brics”, afirmou Cláudio Couto, da FGV, à BBC News Brasil. O professor destaca que o desgaste de Lula é movido por crises internas — como o escândalo do INSS, a polêmica do Pix e o embate fiscal com o Congresso — e não por questões de política externa.

Com a aprovação em queda e enfrentando resistência ao aumento de impostos sobre o setor financeiro, Lula tenta retomar o controle da narrativa. No entanto, como alertou Luciana Chong, diretora do Datafolha: “Não vejo como a cúpula dos Brics pode ajudar a mudar esse cenário de impopularidade do governo”.

Quem vem e quem fica de fora da Cúpula dos Brics?

Apesar da importância geopolítica da 17ª Cúpula de Líderes dos Brics, dois dos principais nomes do bloco estarão ausentes: Xi Jinping, presidente da China, e Vladimir Putin, da Rússia.

A ausência de Xi Jinping chamou atenção. Segundo fontes do governo brasileiro ouvidas pela BBC News Brasil, o motivo oficial seria um conflito de agenda e a possibilidade de o líder chinês retornar ao Brasil em novembro, durante a COP30, em Belém. No entanto, analistas e veículos da imprensa indiana sugerem que a China pode estar evitando aprofundar a rivalidade com os Estados Unidos, sinalizando um recuo estratégico no engajamento com o Brics.

No caso de Putin, o motivo é mais direto: o presidente russo é alvo de um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). Como o Brasil é signatário do tratado que criou o TPI, a vinda de Putin poderia obrigar o país a detê-lo — o que geraria uma crise diplomática de grandes proporções. Por isso, ele será representado por um enviado oficial.

Quem estará presente:

  • Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) – anfitrião da cúpula;
  • Narendra Modi (Índia) – primeiro-ministro indiano;
  • Cyril Ramaphosa (África do Sul) – presidente sul-africano;
  • Mohammed bin Salman (Arábia Saudita) – príncipe herdeiro;
  • Abiy Ahmed (Etiópia) – primeiro-ministro etíope;
  • Abdel Fattah el-Sisi (Egito) – presidente egípcio;
  • Joko Widodo (Indonésia) – presidente indonésio;
  • Mohammed bin Zayed (Emirados Árabes Unidos) – presidente;
  • Ebrahim Raisi (Irã) – ausente por falecimento; país deve ser representado por autoridade interina.

A lista reforça a complexidade diplomática do encontro e expõe os desafios do bloco em manter coesão em um cenário global polarizado.

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