O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 14,75% (+50pbs), de maneira unânime, em linha com o esperado.
Algumas mudanças relevantes ocorreram na comunicação em relação a decisão anterior. O balanço de riscos deixou de ser assimétrico para a alta, tornando-se mais equilibrado.
O cenário internacional de desaceleração do crescimento global, levando a uma queda nos preços das commodities poderiam fazer com que a inflação no Brasil desacelere de maneira mais rápida do que o esperado, contrapondo o risco de um crescimento local mais forte mantendo a inflação mais resistente.
A alta de juros nessa reunião foi justificada pelas expectativas de inflação ainda acima da meta e uma atividade que tem mostrado sinais ainda incipientes de desaceleração. Com isso, o Comitê indica que os juros devem permanecer em “patamar significativamente contracionista por um período prolongado”, ou seja, apesar do fim do ciclo de altas estar próximo ao fim, o início dos cortes de juros ainda permanece em horizonte mais distante.
Sobre a próxima reunião, os membros do Comitê indicaram que o “apropriado” é seguir com “cautela adicional” e mantendo “flexibilidade”. Aqui, a sinalização mantém as opções em aberto, dado que poderia ser uma nova redução no ritmo de queda (“cautela adicional”) ou fim do ciclo (“flexibilidade”).
A Ata dessa reunião pode dar mais detalhes sobre as discussões internas do Copom, mas nosso cenário de que a taxa Selic alcançasse 15,25% parece menos provável, dado o comunicado. Assim, nossa expectativa deverá ser revisada para baixo, mas a magnitude ainda dependente de informações adicionais.
Em geral, o ciclo de aperto monetário está chegando ao fim, mesmo que as expectativas de inflação na pesquisa Focus permaneçam próximo de 4,5% para final de 2026, e as próprias projeções do Copom indiquem IPCA de 2026 em 3,6%, acima da meta de 3%. Com isso, não vemos espaço para início dos cortes de juros ainda em 2025, devendo ser postergados para o ano que vem.
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