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CEO Conference: governadores defendem relação com governo Lula, mas destacam política liberal nos estados

CEO Conference: governadores defendem relação com governo Lula, mas destacam política liberal nos estados

O painel “Governos Estaduais: Desafios dos Novos Ciclos”, do evento CEO Conference do BTG Pactual, teve a participação dos governadores Tarcísio de Freitas, de São Paulo; Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul; e Ratinho Jr., do Paraná. 

Na apresentação dos políticos, André Esteves, CEO do BTG, destacou que os três têm são jovens e têm perfil para alçar voos maiores na política. 

Durante a conversa, o debate passou da polarização política no Brasil, relação com o governo federal e até reforma administrativa. Confira as principais falas dos governadores no CEO Conference. 

CEO Conference – Governadores debatem polarização política

Tarcísio de Freitas abriu o debate para responder a pergunta da consultora política, Cila Schulman, sobre a polarização política no Brasil. O governador paulista não pode participar de forma presencial do CEO Conference por ter sido diagnosticado com covid-19. 

O governador de São Paulo destacou que é preciso trazer racionalidade e pragmatismo para o debate político.  

Às vezes, as pessoas me perguntam: você é de direita? Independente de eu ser um cara de direita, eu digo o seguinte: não importa ser de direita ou esquerda. O pobre não sabe o que é isso, mas ele precisa de teto, de abrigo, de proteção, de saúde e solução dos seus problemas imediatos”, aponta Tarcísio. 

No final das contas, as pautas de direita e esquerda acabam se convergindo. A gente tem que buscar, obviamente, o melhor para a população”, complementa. 

Apesar disso, ele relata que, embora os políticos tenham o mesmo objetivo, a diferença entre os espectros ideológicos é a forma de atingir a sua função. 

Com isso, Tarcísio diz que na avaliação dele o desenvolvimento econômico vem com responsabilidade fiscal, aprovação das reformas estruturantes e garantir estabilidade e segurança política para o capital privado. 

Temos que andar lado a lado com o capital privado, garantindo um ambiente de estabilidade e segurança jurídica para fomentar o investimento privado como o grande indutor do crescimento econômico”, destaca. 

Em seguida, Eduardo Leite tem a palavra. O gaúcho cita o histórico de polarização política no Rio Grande do Sul e que isso dificultou o desenvolvimento do estado, principalmente na questão da velocidade de transformação na máquina pública. 

Com isso, o RS tinha uma grande dificuldade nas contas públicas, o que gerou um déficit considerável no estado. 

Eu dizia que não vai adiantar ficar em uma disputa ideológica aqui porque temos um problema real, a nossa despesa é maior que a receita, sendo que a maior despesa está na folha de pagamento. (…) A gente vai ter que discutir reformas nas estruturas de carreira, reforma da previdência, dentre outras ações”, aponta Leite. 

O governador do RS declarou que havia um clima muito hostil para debater a situação do estado devido a polarização política, mas mesmo assim ele diz que conseguiu promover um conjunto robusto e profundo de reformas. Para isso, ele dá o exemplo da reforma do plano de carreira do magistério. 

Por exemplo, quem se posicionasse contra o plano de carreira do magistério dos professores, que era de 1974, sendo o único estado do Brasil com plano de carreira anterior à Constituição de 1988, era achincalhado. Sofria com o sinetaço dos professores, que era com sinetas. Era quase um suicídio político falar em reformas e privatizações em ambiente tão polarizado”, explica.

Apesar da polarização, Leite comentou que escolheu o caminho do diálogo para construir soluções. ”Eu fui nos sindicatos, conversamos e fizemos um diálogo com os partidos de oposição. Não na expectativa de que a gente pudesse convencê-los, mas na expectativa de trazermos a bola para o centro do campo para não darmos caneladas um nos outros”.

A exposição de Ratinho Jr foi mais concisa. O paranaense disse que a tensão política deixa as pessoas estressadas. Por isso, ele comentou que, desde o início do seu primeiro mandato, não iria perder tempo discutindo ideologia, mas debater metodologia. 

A questão ideológica é muito relativa. Se você perguntar pra mim se eu sou de direita, se for olhar o Estado menor, enxugamento da máquina, avançando com privatizações e concessões, eu tenho um perfil de direita. Agora se você pegar os programas sociais do meu governo, eles são os maiores da história do Paraná. Então, pode ser que alguém olhe pra mim e diga que o meu governo é de esquerda”, explica.

Relação com o governo federal

Questionado sobre a relação com o governo federal, Ratinho Jr. cita que ela é institucional. “Eu tenho que respeitá-lo como presidente da república  e como governador, eu espero ser respeitado pelo Planalto também”, afirma. 

O governador do Paraná apontou que os homens públicos devem pensar em atitudes para fazer os seus estados e o Brasil crescerem, independentemente das questões ideológicas. 

A população nos paga para trabalhar e não para brigar”, critica.

Apesar disso, Ratinho Jr. ressalta que é preciso tirar a questão ideológica em cima das concessões e privatizações, visto que o mundo inteiro já faz isso. Além disso, ele classificou que a falta de debate sobre esse tema é uma grande bobagem. 

Posição semelhante à do governador de São Paulo. Tarcísio comentou que a relação com o governo federal é republicana e deve conversar com o presidente da República naquilo que é convergente para os dois. 

Nós vamos caminhar juntos com o governo federal. SP representa um terço do PIB brasileiro. Não tem como o Brasil ir bem com o SP indo mal”, afirma.

Contudo, ele diz que fará um contraponto em relação ao atual governo. “O nosso contraponto não vai ser na briga, mas em um grande programa de concessão, de privatização e parceira público-privada, um grande programa de enxugamento, reforma administrativa para a gente mostrar que é possível fazer política social mostrando de onde vai sair o recurso. Vai ser nessa linha que o estado de SP vai caminhar”, explica. 

Já Eduardo Leite elogiou a postura de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, em ouvir as demandas dos governadores, principalmente na questão tributária e arrecadação. Ele cita que há um ambiente de diálogo entre eles, mas que isso não significa que não há divergências entre os dois na política. 

Quando a gente consegue sentar e discutir os temas tecnicamente, a gente consegue garantir avanços, embora nem sempre dentro do meu ponto de vista ideológico”, relata. 

Leite explica que o Estado deve ser menor. No entanto, ele não deve se ausentar do mundo moderno, visto que é função do Estado estabelecer regras e fiscalizá-las.

Na economia, na avaliação do governador gaúcho, o Estado não consegue ser eficiente e muito menos inovador. 

O Estado não consegue, como empresa estatal, tomar riscos em uma inovação. Toda inovação tem algum nível de risco, pode dar muito certo ou não. Todo o arcabouço jurídico que a gente tem não tolera riscos para a máquina pública. Se alguém arriscar um método inovador e não der certo é punido no Tribunal de Contas e é processado por improbidade administrativa. Ela pune e cerceia a inovação”, esclarece.

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