A aprovação de pautas do governo Lula enfrenta ceticismo crescente entre os próprios parlamentares da Câmara dos Deputados. Uma pesquisa divulgada pela Quaest mostra que 57% dos deputados federais avaliam como baixas as chances de a agenda do Executivo ser aprovada pelo Congresso Nacional. O levantamento entrevistou 203 deputados – o equivalente a 40% da Casa – entre 7 de maio e 30 de junho, com margem de erro de 4,5 pontos percentuais.
Esse índice representa um aumento em relação ao último levantamento, feito em maio, quando 47% consideravam pequena a probabilidade de sucesso do governo no Legislativo. Enquanto isso, apenas 36% ainda acreditam em altas chances de aprovação das propostas do Planalto, número que também caiu em relação à pesquisa anterior (47%).
Desarticulação política aparece como principal entrave
Um dos pontos mais sensíveis apontados pelos parlamentares é a falta de articulação política do governo. Para 45% dos entrevistados, esse é o maior obstáculo para a baixa produtividade legislativa em 2024. O cenário se agrava com outros fatores como o impasse em torno da anistia eleitoral (33%), a não liberação de emendas parlamentares (15%) e a paralisia nas comissões internas da Câmara (6%).
A dificuldade de aprovação de pautas do governo tem se refletido em votações frustrantes para o Executivo. Um exemplo claro foi a recente crise envolvendo o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), quando o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), pautou e aprovou um projeto que derruba o decreto presidencial relacionado ao imposto. A medida passou com ampla maioria tanto na Câmara quanto no Senado, e o governo recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) numa tentativa de reverter o revés, o que elevou ainda mais a tensão com o Congresso.
Avaliação do governo e da relação com o Congresso piora
A pesquisa também aponta deterioração na imagem do governo Lula entre os deputados. Hoje, 46% avaliam a gestão de forma negativa – número que era 42% em maio. Apenas 27% enxergam o governo positivamente, enquanto 24% fazem uma avaliação regular.
A relação institucional entre o governo e o Congresso também é mal avaliada: 51% dos deputados a consideram negativa, 30% dizem que é regular e apenas 18% a classificam como positiva. Isso sinaliza um ambiente de desconfiança e descompasso político entre o Executivo e o Legislativo.
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