O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se defendeu na quinta-feira (8), de um relatório que, embora o tenha absolvendo de uma investigação sobre manipulação indevida de documentos confidenciais, o retratou como “um idoso” com “memória ruim”.
“Sou bem-intencionado, estou na terceira idade e sei o que estou fazendo. Sou o presidente e vou colocar este país de volta nos trilhos“, afirmou o atual presidente.
Os comentários sobre idade e memória prejudicaram a notícia positiva de que o procurador especial Robert Hur não irá apresentar acusações contra Biden por manipulação indevida de documentos confidenciais. Durante seu discurso, Biden cometeu uma nova gafe, a terceira em poucos dias, ao se referir ao presidente egípcio Abdel Fatah al Sisi como “presidente do México”.
A conclusão do relatório, em parte, alivia Biden, que é candidato à reeleição nas eleições presidenciais nos EUA, quando provavelmente enfrentará seu antecessor republicano, Donald Trump.
Conteúdo do relatório sobre Biden
No relatório, Hur considerou que o atual presidente tem uma memória tão prejudicada que nem sequer lembra quando foi vice-presidente e quando seu filho Beau, que morreu em 2015 vítima de um câncer, faleceu.
Os republicanos expressaram profunda preocupação com o documento, classificando-o como “profundamente preocupante”. Uma porta-voz de Trump, Karoline Leavitt, reagiu publicando nas redes sociais: “Como se supõe que devemos confiar em sua capacidade para liderar nosso país se sua memória tem ‘limitações significativas’?!?“.
“Um homem tão inapto para prestar contas pela manipulação indevida de informações confidenciais certamente não é adequado para o Salão Oval“, analisou o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson.
O relatório, com 388 páginas, alega que Biden “intencionalmente reteve e divulgou materiais confidenciais” após deixar a vice-presidência, muito antes de derrotar Trump em 2020.
Quem é Robert Hur?
Robert Hur , promotor especial que investiga o presidente dos Estados Unidos, foi designado em janeiro de 2023 pelo secretário de Justiça, Merrick Garland, após documentos secretos serem descobertos na residência de Biden em Wilmington (Delaware, nordeste) e em um antigo escritório. Esses documentos remontam ao período em que Biden era vice-presidente (2009-2017) de Barack Obama.
Hur, anteriormente nomeado por Trump como procurador-geral do estado de Maryland, explicou que os agentes do FBI recuperaram documentos relacionados a assuntos militares e política externa no Afeganistão, entre outros temas.
Diferença com Donald Trump
“Concluímos que as evidências não são suficientes para condená-lo e excluímos recomendar processar Biden por reter os documentos classificados do Afeganistão“, afirmou. Hur também descartou a possibilidade de Biden ser condenado por um júri.
Segundo os investigadores, o presidente democrata parece ser um “idoso compreensivo, bem-intencionado e com memória ruim“, destaca o relatório, que considera “difícil convencer um júri a condená-lo” quando tem mais de 80 anos.
Hur ressaltou, ainda, diferenças entre os escândalos de documentos secretos de Biden e Trump. De acordo com a acusação, o republicano “não só se recusou a devolver os documentos por muitos meses, mas também obstruiu a justiça contratando outros para destruir provas e então mentir sobre isso“.
“Pelo contrário, Biden entregou documentos classificados aos Arquivos Nacionais e ao Departamento de Justiça, aceitou buscas em múltiplos locais, incluindo suas casas, compareceu a uma entrevista voluntária e cooperou de outras maneiras com a investigação“, avalia.
Trump, de 77 anos, se declarou inocente em junho de múltiplas acusações de retenção ilegal de informações de defesa nacional, conspiração para obstruir a justiça e declarações falsas.
O procurador especial Jack Smith o acusa de ter colocado em perigo a segurança nacional ao reter informações nucleares e de defesa ultrassecretas após deixar a Casa Branca. O ex-presidente deverá ser julgado em maio.
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