O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira (30) um corte de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros, levando a taxa de referência para 2,75%. A variação do juro europeu ficou dentro das expectativas do mercado.
Esse é o quinto corte seguido dos juros desde junho de 2024. As autoridades europeias citam que essa é uma tentativa de impulsionar a economia da zona do euro e trazer a inflação de volta à meta de 2%.
Em comunicado, o BCE afirmou que a decisão se baseou em uma “avaliação atualizada do Conselho do BCE das perspetivas de inflação, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária”.
A autoridade monetária destacou que o processo de desaceleração dos preços segue dentro das projeções e que a inflação deve atingir a meta ao longo de 2025.
Apesar disso, a entidade alertou que a inflação interna continua pressionada devido ao aumento dos salários e ao reajuste de preços em alguns setores, ainda em resposta ao forte avanço inflacionário dos últimos anos.
“A inflação interna permanece elevada, sobretudo porque os salários e os preços em determinados setores ainda estão a ajustar-se, com um desfasamento substancial, à anterior subida acentuada da inflação”, explicou o BCE.
Efeito da política monetária e condições de crédito
O BCE reconheceu que os sucessivos cortes nas taxas de juros vêm reduzindo gradualmente os custos de novos empréstimos para empresas e famílias. No entanto, as condições financeiras ainda seguem restritivas, pois o impacto das altas de juros anteriores continua sendo transmitido ao crédito.
“Os passados aumentos das taxas de juro ainda estão a ser transmitidos ao stock de crédito, com alguns empréstimos vincendos a ser renovados a taxas mais elevadas”, pontuou o banco.
Ainda assim, a autoridade monetária avalia que a economia pode ganhar fôlego nos próximos meses com a melhora na renda real e o alívio gradual das condições financeiras.
“A economia continua a enfrentar fatores adversos, mas o aumento dos rendimentos reais e o desvanecimento gradual dos efeitos da política monetária restritiva deverão apoiar uma subida da procura com o tempo”, argumentam os conselheiros.
O BCE reforçou que seguirá monitorando de perto a inflação e as condições econômicas antes de tomar novas decisões sobre juros. Segundo a instituição, as próximas ações serão baseadas em uma análise detalhada dos dados disponíveis, sem compromisso prévio com um cronograma específico. “O Conselho do BCE não se compromete previamente com uma trajetória de taxas específica”, avisa.
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Crescimento abaixo do esperado no PIB da zona do euro
Apesar dos cortes nas taxas de juros, a economia da zona do euro ficou estagnada no quarto trimestre de 2024. Dados divulgados pela Eurostat mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) das 20 nações que utilizam o euro não apresentou crescimento em relação ao trimestre anterior, frustrando expectativas de uma leve expansão de 0,1%.
O desempenho da região foi impactado, principalmente, pela recessão prolongada da Alemanha, que registrou dois anos consecutivos de contração econômica.
Além disso, a desaceleração do consumo, impulsionada pela cautela dos consumidores e pelo aumento da taxa de desemprego, também pesou sobre a atividade econômica. Em dezembro, a taxa de desemprego na zona do euro subiu para 6,3%, contra 6,2% no mês anterior.
Entre as principais economias do bloco, a Alemanha e a França registraram contração no período, enquanto a Itália ficou estagnada e a Espanha apresentou um crescimento mais robusto, de 0,8%.
Outro fator que influenciou negativamente o resultado do PIB foi a Irlanda, que registrou uma queda de 1,3% no trimestre. A forte presença de multinacionais no país, especialmente do setor farmacêutico e de tecnologia, torna os números irlandeses altamente voláteis, distorcendo o desempenho geral da região.
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