O Banco da Inglaterra (BoE) decidiu manter a taxa de juros no nível mais alto em 15 anos, 5,25%, afirmando ser muito cedo para pensar em cortes.
A decisão foi anunciada nesta quinta-feira (2). O BoE também informou que a política monetária provavelmente precisará permanecer rígida por um “longo período de tempo”.
A votação foi de 6 a 3 a favor da manutenção da taxa principal do Banco em 5,25%. Três membros votaram a favor de um novo aumento de 25 pontos-base, o que levaria os juros a 5,5%, o que não se confirmou, mas sinaliza que, de fato, qualquer redução está fora de cogitação, ao menos por enquanto.
“As últimas projeções indicam que a política monetária deverá provavelmente ser restritiva durante um longo período de tempo. Seria necessário um maior aperto na política monetária se houvesse evidência de pressões inflacionistas mais persistentes”, afirmou o comitê em comunicado após a decisão.
A inflação segue em 6,7% ao ano, ainda bastante distante da meta de 2%. No entanto, indicadores vêm apontando uma redução da atividade econômica e um mercado de trabalho menos aquecido.
Andrew Bailey, presidente do BoE, reforçou em discurso que a inflação ainda está bem longe do desejado.
“Vamos manter as taxas de juro altas durante tempo suficiente para garantir que a inflação regresse ao objetivo de 2%. Estaremos observando atentamente para ver se são necessários novos aumentos, mas mesmo que não sejam necessários, é muito cedo para pensar em cortes”, disse.
O BoE espera que a inflação ao consumidor fique em torno de 4,75% no quarto trimestre de 2023, cedendo para 4,5% no primeiro trimestre do próximo ano e para 3,75% no segundo trimestre de 2024.
Prevê ainda que o PIB do Reino Unido tenha estagnado no terceiro trimestre de 2023, crescendo apenas 0,1% no quarto trimestre.
Banco da Inglaterra mantém juros seguindo Fed
O Federal Reserve (Fed), banco central americano, também optou por pausa nos juros na quarta-feira (1), mantendo as taxas entre 5,25% e 5,5% ao ano. O presidente do Fed, Jerome Powell, também afirmando que não há espaço ainda para se discutir queda das taxas.
No entanto, em um primeiro momento, os mercados interpretaram os comentários de Powell como uma sinalização de fim de ciclo, o que provocou alta das bolsas e queda nos rendimentos de curto prazo do Tesouro dos EUA.
Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, fez uma leitura um pouco diferente.
“Houve pouca mudança no comunicado do Fed, reafirmando a economia forte e a inflação alta. Na entrevista de Jerome Powell, presidente do banco central, há sinais positivos, mas ele diz que ainda é cedo para falar em trajetória sustentável de desaceleração. Para que se chegue à meta, a inflação precisa chegar a menos de 2% por um tempo, até estabilizar. Então, segue ainda a possibilidade de mais uma alta de juros”, afirma. A última reunião do ano do Fed acontece em 12 e 13 de dezembro.