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Até onde vai a alta da Selic?

Até onde vai a alta da Selic?

Olá, Investidor Inteligente! O novo ciclo de alta da Selic está completando 2 meses. De 19 de setembro para cá (data da primeira alta), a nossa taxa de juros saiu de 10,5% a.a. para 11,25% a.a. Como você já sabe, o motivo principal desse aumento é a deterioração das expectativas inflacionárias desse e dos próximos anos.

até onde vai a alta da selic: gráfico IPCA
Fonte: Banco Central do Brasil e BTG Pactual

No gráfico acima, podemos notar que tanto a expectativa do fechamento do IPCA de 2024, quanto o de 2025 está cada vez mais elevada. Inclusive, é esperado que a inflação desse ano estoure o teto da meta que é e 4,5%.

O principal motivo? A nossa economia está atuando acima da capacidade instalada. Em termos técnicos, dizemos que o PIB efetivo (tudo o que está sendo produzido no país) está acima do PIB Potencial (que é o quanto poderia ser produzido, dada a quantidade de máquinas, equipamentos, mão de obra, tecnologia disponíveis etc.). E, por que estamos em patamares tão elevados de PIB? Porque o governo, desde que se elegeu, vem praticando uma política de altos gastos públicos na tentativa de gerar crescimento econômico.

Essa política gera um crescimento temporário (como estamos vendo), que logo na sequência é corroído pela inflação, juros altos e câmbio depreciado (que é o que também já estamos vendo).

Na tentativa de acalmar os mercados, o governo anunciou um pacote de corte de gastos de R$ 70 bi alguns dias atrás.

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Ocorre que o mercado não está mais comprando anúncios. Ele já não acredita mais – pelo menos em partes – nas promessas do governo. Para ilustrar tal fato, a Adriana Fernandes e a Idiana Tomazelli fizeram uma matéria na Folha, elencando as promessas de ajuste fiscal o governo. Veja:

Tabela com promessas e anúncios do governo entre 2023 e 2024 sobre “Ajuste Fiscal”

Dez/22Haddad diz ter plano robusto de corte de gastos em entrevista à Miriam Leitão.
Jan/23Haddad anuncia as primeiras medidas e promete entregar melhor fiscal e 242 bilhões. O que a gente viu foi uma entrega de um déficit de 264 bilhões no final de 2023.
Abr/23Haddad disse em entrevista à folha que iria propor uma regra mais estável para crescimento dos gastos obrigatórios.
Dez/23Ministro da Fazenda afirma que vinculações do orçamento são desafiadoras, mas que Ministério do Planejamento já está trabalhando no tema.
Abr/24Secretário Executivo da Fazenda diz que ministério vai encampar a pauta da revisão de gastos que não basta ficar só na questão da arrecadação.
Mai/24Haddad contraria Tebet e diz que não há espaço para desvincular a aposentadoria do salário-mínimo.
Jun/24Dólar dispara por ruído de Haddad em uma reunião com o Santander. Aí, a Simone Tebet volta a defender a desvinculação de despesa do salário mínimo e volta a ser contrariada.
Jun/24Uma semana depois da disparada do dólar, Haddad pediu à sua equipe para intensificar o trabalho de revisão de gastos.
Jul/24Haddad anuncia suposto corte de 25bi para o orçamento de 2025, prometendo pente fino nos gastos que até agora não se viu.
Jul/24Governo anuncia portaria para tentar controlar o gasto com BPC (gasto com BPF está crescendo 17% a.a.).
Ago/24Governo anuncia revisão de gastos que vai poupar 18 bilhões no orçamento de 2025, mas não detalha como será feito.
Set/24Fazenda apresenta a Lula cenários para isenção do Imposto de Renda até R$ 5.000.
Out/24Haddad diz que “batata quente” do corte de gastos virou prioridade. (Já estamos em meados de novembro, e ainda não sabemos detalhes do pacote de R$ 70bi).
Out/24Simone Tebet diz que revisão de gastos será levado a Lula depois do segundo turno das eleições.

Por enquanto, o que vimos foi muita conversa e pouca ação. E, diante disso, o mercado vem penalizando os juros e o câmbio.

A próxima reunião do Copom será nos dias 10 e 11 de dezembro. Atualmente, o mercado precifica 56% de probabilidade de que tenhamos uma alta de 0,75 p.p.; 38% de uma alta de 0,50 p.p.; 5,5% de uma alta de 1 p.p. e 0,55% de uma alta de 0,25 p.p. Até aqui, não há chance de que na próxima reunião não tenhamos mais um aumento. (Veja a ferramenta do site da B3 que indica tais probabilidades).

Mas, a pergunta que não quer calar é: até onde vai a alta da Selic?

Os bancos, as assets e as casas de análise vêm atualizando periodicamente as suas expectativas tentando “prever” até onde vai o atual ciclo de alta da Selic.

Semana passada, a EQI Asset revisou as suas projeções. Veja:

até onde vai a alta da selic: tabela projeções taxa de juros
Fonte: EQI Asset

Podemos notar na tabela acima, que as altas devem se estender até maio/2025, quando a Selic irá atingir 13% a.a. Permanecerá neste patamar até fev/26, para iniciar um novo ciclo de queda.

Logicamente, a tabela acima é uma previsão, uma projeção feita pelo economista-chefe Stephan Kautz. Tais números podem (e provavelmente irão) se modificar com o tempo e as novas notícias veiculadas.

Novamente, a economia brasileira e grande parte do futuro dos nossos investimentos estão nas mãos das políticas do nosso governo. Se de fato um corte de gastos robusto for colocado em prática, é possível que o ciclo de cortes da Selic se inicie mais rapidamente. No entanto, o histórico mostra que não podemos esperar nada de espetacular para os próximos meses e, por isso, permanecemos ainda bastante céticos e focando no “básico, bem feito”.

Por Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos

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