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Ata do Copom fala em “serenidade e paciência” para queda de juros

Ata do Copom fala em “serenidade e paciência” para queda de juros

A ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), que manteve a Selic (taxa básica de juros) em 13,75% ao ano, explica que a decisão foi tomada porque ainda há um cenário de incertezas quanto à consolidação da queda da inflação e ao controle da dívida pública e que é preciso “serenidade e paciência” antes da mudança na trajetória dos juros. A ata do Copom foi divulgada nesta terça-feira (9) pelo BC.

O texto cita o cenário internacional “adverso”, diz que os Bancos Centrais mundo afora estão atuando de forma a reduzir a inflação, também por meio de políticas de contração, e aponta que as projeções de inflação feitas pelo comitê “se mantiveram relativamente estáveis” desde a reunião anterior, realizada em março, Por isso, após a análise do cenário, o Copom avaliou que ainda há risco de descontrole na dívida pública.

“A probabilidade de cenários mais extremos de trajetória da dívida pública se reduziu, mas também que não houve mudança relevante nas projeções de inflação uma vez que as expectativas não se alteraram de forma significante. Tal comportamento reforça o entendimento de que não há relação mecânica entre a política monetária e o arcabouço fiscal”, diz a ata.

Segundo o texto, a execução da política monetária “requer serenidade e paciência para incorporar as defasagens inerentes ao controle da inflação através da taxa de juros e, assim, atingir os objetivos no horizonte relevante de política monetária”. 

O Copom avaliou que os cenários que poderiam requerer a retomada do ciclo de aperto monetário se tornaram menos prováveis, mas não se comprometeu com a reversão e o início da queda. “O Copom enfatiza que, apesar de ser um cenário menos provável, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”, acrescenta o texto.

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Por fim, o comitê justificou a decisão de manter a Selic em 13,75% ao ano “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, explica a ata.

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Ata do Copom: próxima reunião

A próxima reunião do Copom será em 21 e 22 de junho, possivelmente já com a participação dos dois novos diretores do Banco Central que devem ser indicados pelo governo Lula e precisam de aprovação no Senado: Gabriel Galípolo como diretor de Política Monetária e Ailton de Aquino Santos como diretor de Fiscalização.

Analistas acreditam que a presença de dois nomes ligados ao governo ainda não deve criar inicialmente grandes divergências nas decisões do comitê, que é formado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e por mais oito diretores, todos com mandato fixo de quatro anos, sendo trocados dois por ano.

O texto da ata reforça que a política monetária não deve ter mudanças significativas no curto prazo. “O Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, diz o texto, repetindo o pedido de “paciência e serenidade na condução da política monetária”.

Tá, e aí?Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset

O economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, afirma que a ata do Copom deixa claro que o Banco Central analisa com preocupação a desaceleração apenas gradual da atividade econômica e a resiliência do mercado de trabalho, dados que mostram a manutenção da pressão inflacionária a despeito do aperto monetário.

“É um quebra-cabeça, em que se analisa se a taxa de juros real não seja maior do que a prevista, o que faz com que o aperto monetário seja insuficiente e indica que talvez os juros devessem ter subido mais, em reuniões anteriores, para que a economia desacelerasse mais rápido. Mas, hoje, eles parecem satisfeitos, até por terem reduzido a possibilidade de novos aumentos futuros”, explica o analista.

Kautz diz ainda que o Copom parece sinalizar uma confiança de que a dívida pública será controlada pelo novo arcabouço fiscal, ainda a ser aprovado pelo Congresso. “Mas o arcabouço ainda não é o suficiente para uma redução, até porque ainda não houve mudança nas projeções do relatório Focus e, assim, nas feitas pelo próprio BC”, aponta o economista.

Ele diz que, diante do cenário atual, a EQI Asset mantém suas projeções de que a Selic seguirá em 13,75% até o fim do ano, a despeito das pressões políticas, ainda que o consenso do mercado comece a se distanciar desse número. 

Para Kautz, a única hipótese de uma mudança no cenário é a presença de sinais positivos na reunião do Conselho Monetário Nacional marcada para 27 de junho, que pode fazer ajustes na meta de inflação. “Vale ressaltar que, se nessa reunião, a meta for mantida ou subir pouco, e de acordo com outros dados, é possível que a partir da reunião de setembro do Copom a gente tenha uma possibilidade de redução, mas por ora nossa cenário é te estabilidade”, conclui o analista.