O economista Gabriel Galípolo vai ser indicado pelo governo para a diretoria de Política Monetária do Banco Central. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (8) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ailton de Aquino Santos, servidor de carreira do banco, vai ocupar a diretoria de Fiscalização. Os nomes de Santos e Galípolo no BC ainda precisam ser aprovados pelo Senado.
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Galípolo vinha ocupando o posto de secretário-executivo do Ministério da Fazenda, uma espécie de “vice-ministro”, desde o início do governo, e chegou a ser citado por Haddad nos bastidores como um possível substituto para a presidência do BC caso o presidente Roberto Campos Neto decidisse sair antes do fim de seu mandato, em dezembro de 2024.
Haddad, contudo, disse que o próprio Campos Neto sugeriu a indicação de Galípolo, e que a expectativa é que a indicação possa aumentar a interlocução entre a pasta e a autoridade monetária. A secretaria executiva do Ministério da Fazenda deve passar a ser ocupada por Dario Durigan. que é advogado, já ocupou cargos em gestões anteriores do PT e vinha atuando como diretor jurídico do WhatsApp.
O BC tem oito diretores além do presidente, todos com mandatos fixos de quatro anos, mas que são trocados dois por ano, justamente a fim de pulverizar a influência do governo ao longo do mandato do presidente. Eles são trocados sempre em 1º de janeiro, à exceção dos cargos do primeiro ano de governo, cujo vencimento foi em 28 de fevereiro.
Assim, os novos diretores de Política Monetária e Fiscalização já poderiam ter sido indicados desde o começo de março, mas o governo buscou nomes ligados a seu campo político sem que houvesse o risco de rejeição no Senado.
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Galípolo no BC. objetivos da indicação
Economista com graduação e mestrado pela PUC-SP, Galípolo também tem passagem pelo mercado financeiro, como CEO do Banco Fator. Ele também atuou como conselheiro da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e pesquisador do Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais), além de ter ocupado cargos de assessoria nas Secretarias de Transportes Metropolitanos e de Economia do Estado de São Paulo, ambos no governo José Serra (2007-2010).
A indicação de dois nomes mais ligados ao governo, especialmente de Galipolo, deve criar divergência nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), responsável pelas decisões sobre as taxas de juros O comitê, sob a gestão de Campos Neto, vem sendo criticado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e por setores do governo pela decisão de manter a Selic em 13,75% em suas três reuniões realizadas até agora no ano. A próxima está marcada para os dias 21 e 22 de junho.
No caso de Ailton de Aquino Santos, que será o primeiro executivo negro a ocupar um cargo na diretoria da instituição, a indicação cumpre a expectativa interna do banco, que era a nomeação de um servidor de carreira. Havia temores de que um nome ligado ao mercado para o setor de Fiscalização pudesse causar algum conflito de interesses. Em seu LinkedIn, Santos se apresenta como funcionário do BC desde 1998.
O economista-chefe da EQI Asset, Stephan Kautz, acredita que a indicação de Gabriel Galípolo, num primeiro momento, é positiva, já que o novo diretor é uma pessoa próxima ao mercado e que vem atuando como interlocutor entre o setor e o governo, ao lado do ministro Fernando Haddad.
“É uma diretoria importante, porque acompanha o que gestores e bancos estão achando, prevendo e precificando sobre a política monetária e tem uma relação forte com o que ele já vinha fazendo, para levar subsídios à diretoria do BC”, explica Kautz.
Segundo ele, Galípolo tem uma visão mais heterodoxa da economia, mas chega mais aberto ao diálogo do que outros nomes cotados para o cargo. “A gente tinha nomes como Luiz Gonzaga Belluzzo, André Lara Resende, que viriam com uma bagagem de combatividade em relação à atual diretoria muito maior. Galípolo é próximo dessas visões mais à esquerda da economia, mas ao mesmo tempo tem essa perspectiva, essa visão do que o mercado está olhando e como é que o mercado interpreta e se comporta”, completa o analista.
Kautz acredita, contudo, que a relação pode se tornar mais tensa com a passagem do tempo, à medida que se aproximar o fim do mandato do presidente Roberto Campos Neto, ainda mais que Galípolo é um novo cotado para a sucessão no cargo a partir de 2025. “Em dezembro o governo pode nomear mais dois diretores, então ao longo do ano que vem a gente pode ter o Galípolo defendendo com mais rigor uma visão própria que se chocaria com o Campos Neto e criaria uma luta de poder”, diz o economista.
Sobre a indicação de Ailton de Aquino Santos, Kautz vê como natural a escolha de um funcionário de carreira. “É uma diretoria muito técnica, tem a ver muito com controles de fraude, alavancagem, coisas do sistema financeiro que são bastante detalhadas, informações muito sensíveis, por isso tem sido sempre um funcionário de carreira do Banco Central assumir essa diretoria, é um nome que não trouxe grandes surpresas e novidades”, conclui.
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