O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou nesta terça-feira (8) a ata de sua última reunião, realizada na quarta-feira (2).
A ata do Copom reforçou as motivações que levaram o comitê a reduzir a taxa básica de juros, Selic, em 0,50 ponto percentual, para 13,25% ao ano.
O comitê reafirmou que entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025.
E revelou que ponderou fazer uma redução menor, de 0,25 p.p., mas acabou por considerar 0,50 p.p. adequado.
Também reforçou que as próximas quedas de juros devem acompanhar o mesmo ritmo. E que a magnitude total do corte dependerá da evolução da dinâmica inflacionária.
As próximas reuniões do Copom em 2023 acontecem em 19 e 20 de setembro; 31 de outubro e 1 de novembro; e 12 e 13 de dezembro.
Na projeção do mercado, a aposta é de Selic em 11,75% até dezembro e 9% em 2024, como apontou o Boletim Focus desta segunda (7). A EQI Asset já tem expectativa de queda mais significativa: 11,50% ao ano até o final de 2023, e 8,75% em meados de 2024.

Avaliação do cenário externo e interno
Segundo a avaliação do Copom, o ambiente externo mostra-se incerto, com núcleos de inflação ainda elevados e resiliência nos mercados de trabalho de diversos países. Os bancos centrais das principais economias permanecem com políticas restritivas, a fim de promover a convergência da inflação para suas metas.
Em relação ao cenário doméstico, este é de desaceleração da economia nos próximos trimestres.
O Copom vê arrefecimento dos índices de inflação cheia ao consumidor, mas com elevação da inflação acumulada em doze meses ao longo do segundo semestre.
Cenário para inflação
As projeções de inflação do Copom em seu cenário-base estão em:
- 4,9% em 2023
- 3,4% em 2024
- 3% em 2025
Riscos de alta para a inflação:
- uma maior persistência das pressões inflacionárias globais; e
- uma maior resiliência na inflação de serviços do que a esperada.
Riscos de baixa para a inflação:
- desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e
- impactos do aperto monetário sincronizado global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
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Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, não viu grandes novidades na ata em relação ao comunicado divulgado pelo Banco Central após a decisão de reduzir a Selic a 13,25%. E que o comitê indica já ter unanimidade para um corte de 50 pontos-base na próxima reunião.
Kautz afirma que enxerga dois cortes de 50 pontos-base da Selic nas próximas reuniões (setembro e outubro) e um corte final na última do ano (dezembro) de 75 pontos-base, o que levaria a taxa básica de juros a 11,50% ao ano.
Para 2024, ele espera mais um corte de 75 pontos-base em janeiro. E depois um ciclo de 50 pontos, até a Selic chegar em 8,75%, em meados do próximo ano.
Ele aponta que, se a expectativa de inflação para 2025 e 2026 convergir para o centro da meta da inflação, que é 3%, o ciclo de corte de juros pode ser ainda mais agressivo, podendo haver mais cortes de 75 pontos no ano que vem, com Selic podendo chegar a 7,75%. “Nosso cenário-base é 8,75%, mas tem esse condicionante, caso as expectativas do Boletim Focus confirmem que as expectativas estão desacelerando”, diz.
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