O número de investidores da bolsa bate recorde a cada balanço mensal. No total, já são mais de 3,5 milhões de pessoas físicas investidoras. O movimento é visto como irreversível segundo Gilson Finkelsztain, presidente e CEO da B3 (B3SA3).
O executivo é o segundo convidado do Day Touro, evento online e gratuito, comandada por Pablo Spyer, Diretor de Operações da EQI Investimentos. Uma verdadeira “maratona financeira”, o Day Touro acontece ao longo de toda esta quarta-feira (5).
Veja aqui a transmissão completa:
Mercado aquecido na B3
A conversa começou com Spyer lembrando do recorde de IPOs e do número de investidores na bolsa. “A taxa de juros baixa, a maior educação do investidor, a inflação sob controle e a modernização do setor permitiram o aumento do número de interessados na B3. É um caminho sem volta”, avalia Finkelsztain.
O CEO da B3 analisa que o papel das corretoras no processo também foi importante por trazerem muitas informações ao mercado, facilitarem as plataformas e simplificarem o acesso do pequeno investidor.
Além disso, a modernização do setor foi importante para dar mais opções à pessoa física. “Quando falamos em investir na B3 não estamos mais só lembrando de comprar ações, mas de ter acesso a fundos imobiliários, BDRs, ETFs, entre outros produtos”, diz.
Por fim, Finkelsztain afirma que houve uma mudança de mentalidade do investidor, que hoje começa cedo, com pouco dinheiro e mirando o longo prazo. “Temos dados que mostram que a maioria nos novos entrantes são jovens, começam cedo, com R$ 500 e diversificam. Quase dois terços só venderia os investimentos se precisasse. É uma mudança de mentalidade”, afirma.
Para o CEO da B3, o mercado aquecido impulsionou a ida de empresas à bolsa. Há uma expectativa de recuperação após a vacinação e em resultado dos estímulos fiscais que alguns governos têm dado.
“A bolsa tem por característica antecipar movimentos da economia real”, comenta ao explicar o interesse das companhias no mercado. Segundo ele, há mais de 40 empresas na fila de IPOs, o que dá uma dimensão desta demanda.
Juros em alta
Nesta quarta-feira, o Banco Central decide a nova taxa básica de juros (Selic) da economia e a expectativa é de alta. Apesar da alta, Finkelsztain afirma que o movimento não assusta se for acompanhado de uma inflação controlada e equilíbrio fiscal.
“Sabemos que a taxa de juros de equilíbrio é maior do que a temos hoje. Os juros vão subir, mas isso ainda seria estimulante ao mercado de capitais se huver responsabilidade fiscal e inflação sob controle”, diz.
Segundo o CEO da B3, mais importante que o patamar de juros, é o cenário para o qual a Selic estará sinalizando. “O que é ruim é ter essas variáveis fora do controle”, diz.
Atuação da B3
Com todo este cenário, a B3 teve um intenso crescimento sob a gestão de Finkelsztain. Em resumo, o gestor atribui o sucesso ao fato de a empresas colocar o cliente no centro do negócio.
Por cliente, o gestor explica que há sete grupos: bancos, assets, corretoras, as pessoas físicas, as empresas listadas, as empresas de algoritmos e empresas de serviços qualificados para o setor.
“Foi ouvindo os clientes que modernizamos com mercado lançando ETFs, novos índices, BDRs, etc”, comenta.