O Copom mantém a taxa Selic a 13,75%, conforme o mercado já esperava. Para o futuro, o colegiado informou manterá vigilância sobre o processo inflacionário e deixou uma porta aberta para uma eventual retomada do aumento dos juros, dependendo do processo de desinflação.
O colegiado acrescenta que a decisão de hoje reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação. E é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e de 2024.
“O Comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”, diz trecho do comunicado do Copom – Comitê de Política Econômica.
O Comitê informou ainda que manterá a perseverança nesse esforço até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
Além disso, o colegiado também declarou que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.

Copom mantém a taxa Selic: comitê vê ambiente externo adverso
Além das questões envolvendo o processo inflacionário no Brasil, o Copom também citou que o ambiente externo mantém-se adverso e volátil, com revisões negativas para o crescimento global e aumento da volatilidade nos ativos financeiros. E encontra-se pressionado, enquanto o processo de normalização da política monetária nos países avançados prossegue na direção de taxas restritivas, tornando as condições financeiras mais apertadas.
“O Comitê notou também a maior sensibilidade dos mercados a fundamentos fiscais, inclusive em países avançados. O Comitê avalia que ambos os desenvolvimentos inspiram maior atenção para países emergentes”, aponta outro trecho do comunicado.
Stephan Kautz, economista chefe da EQI Asset, informou que o comunicado do Copom trouxe poucas surpresas, porém manteve o discurso duro com relação ao combate à inflação. De acordo com ele, o processo inflacionário ainda se mantém concentrado em itens considerados voláteis.
“Não quiseram ressaltar os dados melhores na margem, como serviços, apontando para uma preocupação do lado da inflação”, avaliou.
Para o economista chefe, o único ponto de alívio foi a sinalização de uma desaceleração da atividade econômica, porém pouco relevante. “Mantemos perspectiva de corte de juros em meados do ano que vem, em linha com essa sinalização e com as incertezas de fiscais”, pontuou ele.
Como investir com a Selic em 13,75%?
Denys Wiese, head de Renda Fixa, avaliou que a inflação está cedendo, então o cenário econômico é melhor do que era há alguns meses. Porém, o cenário externo ainda é incerto, com os bancos centais ao redor do mundo aumentando os juros. Com isso, há boas opções de renda fixa.
Para quem vislumbra um investimento de curto prazo, ele avalia os investimentos pós-fixados. Já para quem investe com um horizonte de longo prazo, os pré-fixados e os títulos atrelados à inflação ainda são boas opções, até porque os juros ainda estão muito estressados.
“Tem debêntures pagando IPCA + 7% e IPCA + 6,5%. E títulos de Tesouro Direto com IPCA mais 5,5%. Então vem a calhar para quem tem um horizonte mais longo”, avaliou ele.
Ele ressalta que o mundo está em um ciclo mais inflacionário do que antes e prevê que os próximos dez anos serão mais inflacionários do que a última década.
Com relação à renda variável, os investimentos ainda devem ser mais conservadores, com aplicação em papéis de valor e que pagam bons dividendos. As ações de maior risco devem ser mais recomendadas quando os juros começarem a cair de fato.
Sobre os fundos imobiliários, ele explicou que os mais interessantes são os FIIs de papel que possuem CDI em carteira. Já sobre os fundos de tijolo, ele avalia que é melhor aguardar uma sinalização de queda de juros.
Ouça o áudio de Wiese na íntegra:
EQI Research: fundos de papel devem ser beneficiados
Carolina Borges, especialista de Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs) da EQI Research, aponta que a manutenção dos juros deve beneficiar mais os chamados fundos de papel atrelados à CDI. Então, os fundos com uma exposição maior de 50% da carteira em CDI tendem a ter melhores proventos mensais.
“Já os fundos de tijolo tendem a ter uma lateralização. Caso venhamos a ter uma expectativa de queda na taxa de juros, aí sim teremos a visualizar um aumento mais expressivo destes fundos”, explicou ela.
Ouça o áudio na íntegra de Carolina Borges:
BTG (BPAC11): maior cautela do Banco Central
Relatório anterior do BTG Pactual (BPAC11) havia informado que, desde a reunião anterior, em 21 de setembro, os sinais recentes por parte do Banco Central já estavam na direção de maior cautela. Em reuniões com o Fundo Monetário Internacional e com o Banco Mundial, o presidente Roberto Campos Neto enfatizou que o Copom ainda não estaria pensando em corte de juros naquele momento.
Campos Neto também disse estar atento à inflação de serviços e aos índices de difusão. O IPCA-15, prévia da inflação oficial, de outubro foi divulgado com alta de 0,16% no mês e 6,85% no ano, sendo que a expectativa do mercado era por 0,09%. Ainda assim, o qualitativo do resultado foi considerado muito bom, com abertura bastante boa, e a média trimestral dos núcleos desacelerando de 8,4% para 6,7%, além da inflação de serviços ir de 10,4% para 8,3% também na média trimestral.
Paralelamente, o cenário externo continua desafiador e pode ter impactos nas decisões de juros no Brasil, dado que os Estados Unidos ainda vêm registrando inflação bastante alta (CPI de setembro foi de 0,4%, acima do esperado e com qualitativo ruim).
“Logo, entendemos que a comunicação do Copom deve enfatizar os desafios supracitados e minimizar a discussão sobre cortes de juros à frente, a fim de sinalizar o tom hawkish como estratégia para reprecificar os contratos de março (-17bps) e maio (-33bps) na curva de juros. Para 2023, nosso call ainda é de início dos cortes no 2º semestre e com Selic final em 11%, mas com viés altistas”, sinalizou o relatório BTG.
Entenda a taxa Selic
A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela é definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), a cada 45 dias, e serve de referência para todo o mercado financeiro.
Entender o que é a taxa Selic é importante, pois ela influencia diretamente os investimentos, assim como o seu dia a dia.
Isso porque é dela que deriva o custo do dinheiro em nosso país. Entenda agora os impactos no seu bolso com Selic em alta e em baixa.
A Selic é a referência do governo para tomar recursos emprestados para custear suas despesas.
E quem empresta dinheiro ao governo? Todas as pessoas físicas ou jurídicas que compram e vendem títulos do Tesouro Direto.
Além do governo, o mercado como um todo usa a taxa Selic como uma referência.
É como se o pensamento funcionasse da seguinte forma: “se até o governo toma dinheiro emprestado nesse valor, então vale ter essa taxa como a base dos outros empréstimos”.
Selic hoje
A Selic, taxa básica de juros da economia, está hoje em 13,75% ao ano. Este referencial foi definido em agosto de 2022, na décima segunda alta da taxa – que saiu do piso de 2% em março de 2021. Em setembro, a taxa já havia sido mantida. A reunião encerrada nesta quarta-feira (26) foi a segunda manutenção nesse patamar.
Quando vai ser a próxima reunião do Copom?
O Banco Central define com antecedência o calendário de reuniões. A próxima será realizada nos dias 6 e 7 de dezembro e será a última do ano. Para 2023, a projeção, é que o ciclo de queda tenha início a partir de junho e que a taxa caia a 11,25% até dezembro, de acordo com o Boletim Focus.
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