Alô, câmbio! Tudo bem com você?
O Banco Central Americano parece ter voltado ao lugar de onde nunca deveria ter saído. O de guardião do poder de compra do dólar e por consequência, do controle da inflação.
Esta é a aposta do mercado, que desde o começo do mês passado tem se preparado para pelo menos 7 altas de juros por lá. Mas será que vai acontecer mesmo?
Câmbio: como calibrar as altas de juros?
Desde antes do início da pandemia, tem ficado claro que os ativos mais arriscados geraram uma dependência muito grande ao “dinheiro barato”. Ações de “empresas zumbi” subiram muito para depois tomarem um tombo (e assustar muitos “investidores”).
Eu mesmo comentei aqui por diversas vezes… Mercados como o de “repo” (recompra, mas vale uma pesquisa sobre o tema na internet) se comportam de forma bem irracional sob pressão de alta de juros.
O segundo mandato do Fed
Poucos sabem, mas além de cuidar da inflação, o banco central de lá deve zelar pelo crescimento econômico também… Mesmo com toda a dificuldade de agir em duas pontas inversamente proporcionais (usualmente) em economia.
Ou seja, se apertar demais, subindo os juros muito rapidamente, o resultado pode ser uma recessão. Aliás, algo que parece já estar precificado…
A curva curta chegou a ficar maior que a curva longa.
Como é que é? Traduz, por favor? Vamos lá… Ao contratar um empréstimo nos EUA, hoje por exemplo, a taxa para uma linha de 2 anos vai ser maior do que para 5 anos.
Isso porque o mercado coloca uma alta no curto prazo para depois haver uma queda na sequência. Na prática, o que este dado diz? Simples: devemos ter um choque de juros para segurar a inflação (gerando recessão) para depois uma queda mirando o reaquecimento da economia. Vale ficar de olho nesse “fenômeno”.
Câmbio: e tem o tapering também
Claro, não podemos esquecer deste movimento. E que vai acontecer… Saindo do “economês” para o português, o tapering vai ser a diminuição do balanço do Federal Reserve. Que hoje passa longe de inimagináveis US$ 8 trilhões.
Os títulos que foram comprados na pandemia e serviram para inundar o mundo de dólares, serão colocados à venda.
Na prática, ao receber dinheiro por esta venda, o BC vai começar a enxugar toda a liquidez extra dos últimos 2 anos. Nem precisa dizer que tem muita gente bastante preocupada com essa virada de chave não é mesmo?
Dito tudo isso… e o câmbio?
O dólar tende a se valorizar frente às outras divisas. Não tem como ser diferente… Ao tirar alguma coisa (US$) do mercado daquela coisa, ela tende a subir de valor.
E o mundo, ainda viciado em liquidez abundante e o tal do dinheiro barato comentado lá atrás, vai ter que aprender a conviver com esta nova realidade. Ou, em economia, haverá “reprecificação” de ativos, ajustes etc. Chegou a conta pela “festa” toda que tivemos por assim dizer.
Festa? Sim meu amigo, minha amiga… Não são poucos os analistas que colocam a culpa pelo chamado “rally” do S&P que tivemos, na injeção de liquidez por parte do Fed.
Várias empresas tiveram o seu valor de mercado subindo, justamente por não haver alternativas ao capital. Com os títulos do governo rendendo zero ou até mesmo negativo quando descontamos a inflação, a alternativa era correr para a bolsa mesmo…
Câmbio: e o real, como fica nesta história?
Olhando de forma isolada, o dólar deveria se valorizar. Porém, estamos passando por um daqueles momentos em que precisamos olhar para outras derivadas. O diferencial de juros continua enorme, recursos estrangeiros chegam a todo instante ao país e mesmo em ano eleitoral, o fiscal tem sido uma grata surpresa em 2022. O Brasil segue como uma estrela ascendente do mundo financeiro no ano corrente…
Até a semana que vem! Câmbio, desligo.
Por Alexandre Viotto, head de câmbio e comércio exterior da EQI Investimentos
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