A alta na taxa básica de juros e a guerra na Ucrânia contiveram o capital de empresas no primeiro trimestre de 2022. Além de explicarem o elevado número de setores altamente descontados na bolsa brasileira. Conquanto, o cenário não favoreceu o interesse na abertura de capital (IPO) por parte das companhias no período, de acordo com a B3.
Os dados da bolsa mostram que este é o primeiro trimestre em que nenhum IPO foi registrado. Isso, ao levar em conta o primeiro trimestre dos últimos quatro anos.
No entanto, os dados da B3 revelam que, por outro lado, há pontos positivos. Isso porque é primeira vez que oito companhias realizam follow-on no mesmo período do ano, desde 2004. As empresas são a BR Partners, 3Tentos, BRF, Arezzo, Equatorial Energia, Livetech da Bahia, Alpargatas e Allied.
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O que dizem os especialistas sobre a bolsa?
Na explicação de especialistas, se uma empresa deseja estrear na B3, em 2022, precisa de dados financeiros de até, no máximo, 2019. Isso porque a apresentação exigida da documentação de histórico financeiro é de apenas dos últimos três anos. Contudo, isso impede de avaliar se a condição financeira de determinada empresa é boa ou não.
Portanto, a documentação deve ser apresentada pela companhia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Após esse trâmite, que a abertura de capital será aprovada, de acordo com a exatidão dos documentos financeiros apresentados.
Todavia, esses mesmos especialistas apontam que a dinâmica do mercado de ofertas subsequentes é distinta. Isso ocorre devido ao fato de os acionistas conhecerem o histórico financeiro das companhias. Portanto, possibilita o interesse de investidores na compra de mais papéis e participação nas ofertas, com a realização de uma emissão.
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No entanto, é questionável, na visão de especialistas, até que ponto vale a pena fazer uma emissão. Pois, apesar de ser a um preço mais baixo, e sendo follow-on, a operação não exclui a preocupação com o cenário macroeconômico atual. Uma vez que parte das companhias se programaram e tomaram crédito mais barato para seguirem suas operações. Situação que exige um entendimento mais complexo do nível de um follow-on ou um IPO, antes de fazê-los, neste momento.
Ainda assim, os especialistas mantêm um fio de esperança para o segundo semestre de 2022. Contudo, os fatores político-econômicos, como a alta nas taxas de juros, a inflação globalizada, a volatilidade expressiva; além das incertezas com as eleições presidenciais deste ano, no Brasil, podem atrapalhar essa perspectiva do mercado.
Desistências de abertura de capital
Uma das principais causas que alavancaram os pedidos de desistências de abertura de capital tem sido a guerra na Ucrânia aliada à alta na taxa básica de juros.
Conquanto, os dados da CVM apontam que o número de pedidos de cancelamentos por parte das companhias chegaram a 39. Portanto, desde à fusão da bolsa de valores com a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (CETIP), em 2017, é a primeira vez que mais de 36 empresas desistem da abertura de capital ou emissão de papeis.
O que são follow-on e IPO na bolsa?
O follow-on é o processo em que uma empresa que já possui capital aberto na Bolsa de Valores resolve emitir novas ações ao mercado.
No entanto, o follow-on não tem relação direta com o IPO (Initial Public Offering). Uma vez que o IPO é quando a empresa ainda não tem capital aberto e, portanto, precisa realizar todo um processo de precificação para os seus papéis antes de emiti-los ao mercado.
O IPO ocorre, no entanto, uma única vez que é justamente no seu lançamento de ações. A partir desse momento, todo novo lançamento de ação por parte da companhia, passa a ser chamado de follow-on.
Contudo, da mesma forma que acontece na abertura de capital na bolsa de IPO, um processo de follow-on pode ocorrer de maneira primária ou secundária.