Os principais bancos esperam ter bons resultados no primeiro trimestre de 2022. A expectativa é que esses números possam ajudar a determinar bons desempenhos para o restante da temporada. Apesar da possibilidade de um bom cenário, o crescimento da inadimplência acende alerta.
O PIB veio melhor que o esperado. Somado a isso, houve um crescimento surpreendente do crédito. No entanto, na outra via, os juros e a inflação estão altos, fatores que levarão a um esperado aumento da inadimplência ao longo deste ano. O BTG Pactual (BPAC11), por exemplo, prevê uma alta de 41,3% em PDD.
Tais projeções foram colhidas de seis casas pelo jornal Valor Econômico. Elas apontam que Itaú Unibanco (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11) e Banco do Brasil (BBAS3) devem ter juntos lucro de R$ 23,697 milhões referentes ao trimestre. Deste modo, apresentam uma leve alta de 0,5% em relação ao quarto trimestre, além de avanço de 8,5% em comparação com o mesmo período em 2021.
No entanto, é esperado que o balanço anual seja o mais fraco desde o quarto trimestre de 2020, quando os números estavam em queda por conta da pandemia. Os balanços da temporada iniciarão na próxima terça-feira, com o Santander.
Visão dos analistas sobre os bancos
Os analistas do UBS BB avaliam que a inadimplência será o indicador mais acompanhado no balanço. Apontam que, apesar da esperada deterioração na qualidade de ativos, bancos devem apresentar boas tendências operacionais, além de crescimento de empréstimos em dois dígitos baixos na comparação anual e melhora das margens. Acrescentam ainda que algumas instituições devem continuar a usar parte dos colchões construídos no período da pandemia, mesmo havendo leve aumento nas provisões de devedores duvidosos.
De modo geral, os analistas se mostram positivos quanto às dinâmicas dos bancos brasileiros. Portanto, preveem expansão de lucros para a maioria dos bancos que cobrem.
É esperado também que os bancos brasileiros sustentem a estabilidade dos ROEs (retorno sobre o patrimônio líquido). Desta forma, as margens financeiras permanecem resilientes e o custo sob controle. Além disso, há também a expectativa de um cenário com crescimento saudável dos empréstimos, mesmo que a inadimplência mostre alguma deterioração.
Há, no entanto, alguns especialistas mais mais cautelosos. Isto porque mesmo sendo visto spreads em alta, a qualidade dos ativos está piorando em sua margem, uma tendência que está acontecendo mais rápido que o esperado em princípio.
Esses analistas acreditam que a deterioração da qualidade dos ativos provavelmente dominará as discussões.
O Bank of America (BofA) diz, de acordo com o Valor, que a margem financeira deve se beneficiar de um ambiente com taxas mais altas, embora os ganhos de tesouraria mais baixos limitem o crescimento total da receita com juros a aproximadamente 5%.
O BofA, em um relatório divulgado em fevereiro, quando os ‘guidances’ de 2022 foram divulgados, indicou que “as disparidades nas projeções faziam com que o Itaú fosse de Marte, e o Bradesco, Vênus”. Enquanto as projeções do Bradesco apontam crescimento de 8% no lucro de 2022, as do Itaú são de 16%.
Crescimento esperado pelos bancos brasileiros
O Itaú provavelmente terá o maior crescimento anual no lucro, de 14,1%, para R$ 7,30 bilhões. Portanto, é projetado um crescimento total do crédito de 13,2% na comparação anual.
O Bradesco, por sua vez, deve ter um crescimento de 3,7% no lucro, para R$ 6,754 bilhões. Enquanto o Banco do Brasil estima alta de 14,1 % no lucro, a R$ 5,604 bilhões. Logo atrás aparece o Santander, na expectativa de melhora na comparação anual de 0,7%, com lucro de R$4,039 bilhões. No entanto, o Santander encerrou o quarto trimestre com um índice de 220% de cobertura, o menor entre os grandes bancos brasileiros.