Muitas pessoas consideram que comprar um carro é um investimento por conta do preço alto de aquisição.
No entanto, ainda que ele seja uma compra cara, isso não significa que se trata de um investimento. Na prática, um automóvel nada mais é do que um passivo que, se mal gerido, pode inclusive comprometer as contas do dia a dia.
Carro é ativo ou passivo?
Em primeiro lugar precisamos esclarecer que um ativo é qualquer coisa que pode valer algo agora ou em uma data futura, como imóveis, joias e investimentos.
Do lado dos negócios, algo é considerado um ativo se ele detém valor e ajuda a sustentar a operação e o crescimento de uma empresa.
Então, a regra geral é que ativos fazem você ganhar dinheiro. Uma casa, por exemplo, tende a apreciar ao longo do tempo, por conta disso é considerada um ativo.
Já os passivos, por sua vez, são todos aqueles que não geram lucros e sim gastos, como aqueles relacionados a aluguel, energia, impostos, entre outros.
Nesse sentido, o carro para uso pessoal é classificado como um passivo tendo em vista que ele se deprecia em valor a cada ano.
Além disso, você deve levar em consideração o valor que está gastando para manter o carro. Nesse sentido, despesas com seguro, combustível e manutenção são grandes despesas adicionais que devem ser consideradas antes de adquirir um automóvel.
Preço de seminovos disparara em 2021
Os automóveis novos são conhecidos por perderem imediatamente parte de seu valor assim que saem da loja.
De acordo com estudos de mercado, o carro novo médio pode depreciar até 30% no primeiro ano, com cada ano subsequente marcando cerca de 10% a 15% do valor perdido.
Buscando fugir dessa realidade, é cada vez maior o número de pessoas que optam pela compra de um carro usado já que o valor vem descontado da depreciação.
Em 2021, as negociações de carros usados tiveram uma explosão de demanda. O número é 48,8% superior ao de 2020, um dos anos mais fracos para o setor por causa da pandemia.
Entre os motivos que contribuíram para isso estão a escassez de veículos novos, que sumiram das lojas em razão da falta de chip para a produção.
Com a falta de carros novos a demanda por carros usados disparou, levando a forte pressão sobre os preços.
Essa escalada não se via desde o Plano Cruzado (nos anos 1980). Há modelos, inclusive, com valorização de mais de 20% em um ano.
Comprar comprar à vista é melhor que financiar
Se você não tem pressa de adquirir seu carro, uma das melhores coisas que pode fazer é comprar à vista.
Isso porque quando economiza dinheiro para a compra, é menos provável que você se sobrecarregue e ainda aumenta as chances de conseguir um bom desconto.
Além disso, ao manter o dinheiro investido você ganha uma taxa de retorno maior.
Em sentido contrário, ainda que faça um empréstimo com condições mais favoráveis, você acabará pagando milhares em juros se financiar um carro.
Para ficar mais claro, considere que no seguinte exemplo você deseja adquirir um carro usado no valor de R$ 40.000,00.
Ao realizar um financiamento com taxa zero de entrada e parcela em 36 vezes, o valor de cada parcela, com juros de 1,5% a.m. seria de R$ 1.446,10. Sendo assim, teríamos:
- Carro usado: R$ 40.000,00
- Entrada: zero
- Juros: 1,50%
- Parcela mensal: R$ 1.446,10
- Prazo: 36 meses
Neste caso, o total do financiamento seria de R$ 52.059,60, sendo R$ 12.059,60 de juros.
Em sentido contrário, se você investisse todo mês o valor da parcela de R$ 1.446,10 em um ativo de renda fixa que pagasse juros mensais de 0,65%, em apenas 26 meses você teria o montante total para pagar o veículo, como segue:
- Carro usado: R$ 41.083,00
- Entrada: zero
- Juros: 0,65%
- Parcela mensal: R$ 1.446,10
- Prazo: 26 meses
Ou seja, nesse exemplo seria possível economizar 10 meses de prestações do veículo.
Mas fique alerta! Na hora de investir dê preferência a investimentos de baixo risco. Considere ainda aplicações com liquidez diária – ou seja, que possam ser resgatadas a qualquer momento. Ou então, cujo vencimento ocorra perto da data em que você pretende usar os recursos.
Abaixo apresentamos duas opções de investimentos em renda fixa que podem te ajudar a poupar para conquistar o tão sonhado veículo:
- CDBs
O CDB (certificado de depósito bancário) é um título de dívida emitido por instituições financeiras. Na prática, ao aplicar em um CDB o investidor empresta seu dinheiro para o banco esperando tê-lo de volta no futuro acrescido de uma taxa de juros.
Dependendo da forma como esse acordo é feito em relação aos juros da transação, os CDBs podem ser classificados como: prefixado, pós fixado ou híbrido.
Aqueles que têm rentabilidade atrelada à taxa DI, também chamada de pós-fixados, costumam ter liquidez diária e podem ser resgatados a qualquer momento.
Os prefixados oferecem uma rentabilidade fixada no ato da compra do papel, enquanto os híbridos têm uma taxa prefixada mais a variação do IPCA no período do investimento.
- Tesouro Direto
Investir no Tesouro Direto significa, de maneira resumida, emprestar dinheiro para o governo federal.
Então, ao captar os recursos, o governo aplica basicamente em programas de desenvolvimento do país e quita dívidas públicas.
Como é o governo quem emite os próprios títulos, o risco de inadimplência é muito baixo, fazendo com que essa modalidade ganhe destaque frente à poupança.
Para quem quer comprar seu carro em um prazo curto, de até dois anos, o mais indicado costuma ser o título Tesouro Selic.
Por outro lado, para quem pode esperar um pouco mais, o Tesouro Direto traz outras opções interessantes.
Nesse sentido, além do Tesouro Selic, há também papéis prefixados (Tesouro Prefixado) e atrelados ao IPCA (Tesouro IPCA+).
Estes últimos são mais indicados para quem ainda vai demorar a concretizar seu objetivo, já que pagam a remuneração contratada somente na data de vencimento.