Como viver de renda?
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Economia
Notícias
Ata do Copom reforça cenário de incerteza fiscal e Selic deve permanecer estacionada em 13,75%

Ata do Copom reforça cenário de incerteza fiscal e Selic deve permanecer estacionada em 13,75%

A ata do Copom, referente à sua 251ª reunião, realizada na terça e quarta-feira da semana passada, foi divulgada nesta terça (13) e trouxe mais detalhes sobre a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de manter a Selic em 13,75% pela terceira vez.

Vale lembrar que a Selic, taxa básica de juros, foi do piso histórico de 2%, em março de 2021, para os atuais 13,75%, em um período que englobou pandemia e posterior a alta de juros para conter a alta dos preços decorrente de uma política monetária expansionista para conter a crise.

gráfico Selic
Fonte: EQI

Mas, apesar da manutenção da Selic em 13,75% ao ano, o Copom reforçou na ata sua atenção com o fiscal, que pode alterar o cenário futuramente. O novo governo eleito e a expectativa de mais gastos públicos, como já sinalizados na proposta da chamada PEC da Transição, ligaram o alerta do risco fiscal no mercado e, consequentemente, do comitê do Banco Central, que se pauta pelo Boletim Focus (apanhado das projeções do mercado feito semanalmente pelo BC) para basear suas decisões.

“A incerteza sobre a dinâmica fiscal futura e suas consequências sobre a dinâmica de inflação foram discutidas, e julgou-se que a conjuntura incerta requer serenidade na avaliação desses riscos”, afirma o Copom no documento. 

Ou seja, no contexto atual, a ameaça fiscal não coloca em risco a trajetória esperada para a inflação e o cenário de juros visualizado para o ano que vem: manutenção da Selic em 13,75% até meados de 2023, com queda de juros ao final do ano. A EQI Asset, por exemplo, vê Selic em 10,50% ao final do ano que vem.

No entanto, o comitê reforça a vigilância sobre o tema:

“O Comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”.

Tá, e aí?Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset

“A decisão do Copom mostra um ponto de atenção mais forte ao redor da questão fiscal, como esperado. O comitê menciona em um parágrafo exclusivo as discussões que vêm sendo feitas internamente. Uma expansão fiscal muito agressiva poderia levar a uma dúvida sobre a sustentabilidade da dívida e/ou u estímulo para a atividade, o que poderia fazer a inflação voltar a subir, o quer seria contraproducente. Se a inflação voltar a subir, o Banco Central vai ter que agir e subir a taxa de juros novamente. É uma alerta para o novo governo sobre a maneira de pensar do Banco Central”, avalia Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset.

Para ele, o sinal é mais hawkish, com discurso bastante direto e objetivo. “O tamanho da PEC a ser aprovada na Câmara será acompanhado, bem como o que virá de sinalização de política fiscal do ministério da Fazenda”. A EQI Asset mantém, por enquanto, a expectativa de Selic em 13,75% até junho de 2023, com queda para 10,50% até dezembro do ano que vem.

Ouça o áudio na íntegra:

Ata do Copom: Manutenção da Selic em 13,75%

Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a.

O Comitê entendeu que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

Ata do Copom: Projeções usadas na decisão

No cenário de referência usado pelo Copom, a trajetória para a taxa de juros é extraída da pesquisa Focus e a taxa de câmbio parte de R$ 5,25.

O preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura pelos próximos seis meses e passa a aumentar 2% ao ano posteriormente.

Além disso, adota-se a hipótese de bandeira tarifária “verde” em dezembro de 2022 e “amarela” em dezembro de 2023 e de 2024.

Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 6% para 2022, 5% para 2023 e 3% para 2024.

O Comitê optou novamente por dar ênfase ao horizonte de seis trimestres à frente, que reflete o horizonte relevante, suaviza os efeitos diretos decorrentes das mudanças tributárias, mas incorpora os seus impactos secundários.

Nesse horizonte, referente ao segundo trimestre de 2024, a projeção de inflação acumulada em doze meses situa-se em 3,3%.

Mas, novamente, o comitê alerta para o elevado grau de incerteza: “O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual”.

Cenário internacional

O ambiente externo mantém-se adverso e volátil, segundo o Copom, marcado pela perspectiva de crescimento global abaixo do potencial no próximo ano.

O aperto das condições financeiras nas principais economias, as dificuldades no fornecimento de energia para a Europa e o cenário desafiador para o crescimento na China, em parte devido à política de combate à Covid-19, reforçam uma perspectiva de desaceleração do crescimento global nos próximos trimestres.

O ambiente inflacionário ainda segue desafiador. Observa-se uma normalização nas cadeias de suprimento e uma acomodação nos preços das principais commodities no período recente, o que deve levar a uma moderação nas pressões inflacionárias globais ligadas a bens.

Quer saber mais sobre o impacto da ata do Copom nos seus investimentos? Fale com a EQI! Aproveite e, abra, agora mesmo, sua conta de investimentos.