O banco BTG Pactual ($BPAC11) avaliou que os resultados das empresas de varejo e consumo no terceiro trimestre do ano (3TRI23). De acordo com o banco de investimentos, os resultados recentes e os dados do varejo mostram novos sinais de que os gastos do consumidor no Brasil estão sob pressão no segundo semestre, carregando o peso de um cenário adverso para o consumidor. Mas ainda assim, os resultados foram melhores que no trimestre anterior.
A Mensagem principal da temporada de resultados, de acordo com o banco, é a seguinte: os resultados melhoraram depois de atingir o fundo do poço no segundo trimestre, mas os sinais de uma recuperação ficaram abaixo das expectativas que havia entre três e seis meses antes.
A receita consolidada do terceiro trimestre cresceu 5% a/a (0,5% abaixo do esperado), o ebitda cresceu 2,9% a/a (1,5% acima da projeção BTG), com margem caindo 20bps a/a, e o lucro líquido atingiu R$ 1,285 bilhões (ante R$ 895 milhões no 3TRI22).
“Embora o beta do setor de varejo já seja baixo, algumas empresas ainda apresentam potencial para uma queda do beta (e do custo do capital próprio), principalmente se as taxas de juro caírem mais rapidamente”, avaliou o BTG.
Varejo e consumo: ações estão ligadas a recuperação dos fundamentos
O relatório apontou ainda que, como o desempenho das ações permanece inerentemente ligado a uma recuperação mais rápida dos fundamentos e, portanto, às perspectivas macro nos próximos meses, os varejistas ainda enfrentam uma perspectiva de turbulenta e arriscada no curto prazo.
“Foi mais um trimestre desigual para o consumo, como tem acontecido desde meados de 2021, principalmente entre as famílias de renda mais elevada. Durante a pandemia de 3 anos, o crescimento das vendas no varejo local foi impulsionado principalmente por aumentos de preços, uma vez que os volumes permaneceram estáveis (os players com maior poder de precificação se destacaram)”, avaliou o banco, em trecho do relatório.
Resumindo o desempenho dos players de e-commerce, o GMV online para Mercado Livre ($MELI34), Magalu ($MGLU3) e Casas Bahia ($BHIA3) cresceu 17% para R$ 42,2 bilhões, implicando em um acréscimo de GMV online de R$ 6,1 bilhões.
“A tendência pessimista que impulsionou o grande desempenho inferior dos players de tecnologia no ano passado parece ter desaparecido, embora com um custo de financiamento mais elevado (local globalmente)”, avaliou o banco.
Vestuário e calçados se destacam
O relatório informou ainda que os varejistas de vestuário e calçados expostos a famílias de renda mais alta, como Arezzo ($ARZZ3) e Track&Field ($TFCO4) se destacaram novamente, embora tenham desacelerado em relação aos trimestres anteriores.
“Como esperado, a LREN registrou números fracos (vendas 0,8% a/a, com dificuldades no segmento de crédito ao consumidor; apresentando um prejuízo operacional de R$ 35 milhões), enquanto o Grupo SBF registrou uma forte recuperação em seus números operacionais, superando nossas estimativas, embora o capital de giro permaneça um ponto de atenção”, avaliou o BTG, em relatório sobre o trimestre de varejo e consumo.