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Por que a Vivo não entrou na onda dos dividendos extraordinários?

Por que a Vivo não entrou na onda dos dividendos extraordinários?

O objetivo principal, conforme a companhia, é aprimorar a estrutura de capital

Em um momento em que diversas empresas brasileiras aceleram a distribuição de dividendos extraordinários para driblar a iminente tributação sobre lucros, a Telefônica Brasil (VIVT3), dona da operadora Vivo, adota uma abordagem diferente. A companhia anunciou uma redução de capital social no valor de R$ 4 bilhões, sem cancelamento de ações e mediante a restituição de recursos aos acionistas, preferindo essa modalidade que, ao contrário dos dividendos, não deve incorrer em impostos. Essa escolha, aprovada pelo Conselho de Administração e pendente de deliberação em assembleia geral extraordinária, reflete uma estratégia de otimização fiscal e financeira, mas vai além: sinaliza confiança na solidez do balanço patrimonial e na geração de caixa futura.

A operação, divulgada em fato relevante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), prevê o pagamento em parcela única até 31 de julho de 2026, com data exata a ser definida pela diretoria. O objetivo principal, conforme a companhia, é aprimorar a estrutura de capital, promovendo um equilíbrio entre as necessidades de investimento e a remuneração aos acionistas.

“Essa medida permite maior flexibilidade na alocação de recursos, gerando valor sustentável para os investidores”, destacou a Vivo em seu comunicado.

Telefônica: BTG vê compromisso com disciplina de capital

O timing da decisão chama atenção no mercado. Enquanto rivais correm para antecipar distribuições em 2025, evitando potenciais impactos fiscais, a Vivo – que já distribui lucros regularmente e não acumula reservas significativas – não enfrenta a mesma pressão. Optar pela redução de capital agora, sem urgência tributária, é interpretado por analistas como um gesto de compromisso com a disciplina de capital, segundo relatório do BTG.

“A Vivo não precisava agir imediatamente, mas escolheu fazê-lo, demonstrando conforto com seu fluxo de caixa e capex”, avalia trecho do relatório.

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De acordo com o documento, essa postura contrasta com o “efeito festa” observado em outras empresas, que buscam maximizar retornos antes de mudanças regulatórias.

Investidores, no entanto, questionam se o anúncio implica um payout superior a 100% para 2026. De acordo com o banco de investimentos, a redução não altera a distribuição esperada de R$ 8,8 bilhões no período; trata-se apenas de uma mudança no mecanismo de devolução de caixa. Em 2024, por exemplo, a Vivo já registrou um payout de 105,3%, impulsionado por R$ 3,045 bilhões em juros sobre capital próprio, R$ 1,5 bilhão em outra redução de capital e R$ 1,3 bilhão em recompra de ações. O yield da operação atual gira em torno de 4%, adicionando atratividade ao papel.

Opção defensiva

No contexto mais amplo, a Vivo se posiciona como uma opção defensiva para investidores cautelosos. Com um dividend yield estimado em 8,2% para 2026 – superior aos cerca de 4% das operadoras de telecomunicações nos Estados Unidos e equiparável ao da TIM –, a companhia beneficia-se de um modelo de negócios estável, forte presença no mercado brasileiro e geração robusta de caixa. Seu posicionamento competitivo, aliado a retornos atraentes, a torna uma escolha sólida em tempos de volatilidade econômica.

A assembleia extraordinária para deliberar sobre a proposta e alterar o estatuto social será convocada em breve, com detalhes a serem divulgados. Para o mercado, o movimento da dona da operadora Vivo não é apenas uma manobra fiscal: é uma declaração de confiança em um futuro equilibrado entre crescimento e remuneração. Resta observar como os acionistas reagirão, mas o sinal é claro – a Vivo não pretende ficar de fora da “festa” de retornos, mas joga pelas regras que melhor se adequam à sua estratégia de longo prazo.

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