A gigante britânica do setor de energia, BP (BP; $B1PP34) , divulgou nesta terça-feira (29) um lucro abaixo do previsto para o primeiro trimestre de 2025, em meio a uma redefinição estratégica e à queda nos preços do petróleo. A empresa registrou um lucro de custo de reposição subjacente de US$ 1,38 bilhão, aquém da expectativa de US$ 1,6 bilhão dos analistas da LSEG. No mesmo período do ano anterior, o lucro líquido foi de US$ 2,7 bilhões.
Em fevereiro, a BP anunciou uma mudança significativa de rumo: menos investimentos em energias renováveis e mais recursos direcionados ao seu core business, petróleo e gás. O movimento busca retomar a confiança de investidores, especialmente após pressões recentes de fundos ativistas.
O CEO Murray Auchincloss, em entrevista à CNBC, defendeu a nova direção da empresa. “Tivemos um ótimo trimestre operacional. Tivemos a maior eficiência operacional upstream da história. Nossas refinarias no primeiro trimestre operaram com a melhor performance em 24 anos. Tivemos seis descobertas exploratórias consecutivas, o que é realmente incomum, e iniciamos três grandes projetos”, afirmou.
Apesar do desempenho fraco, a BP anunciou dividendos de 8 centavos por ação e um programa de recompra de ações de US$ 750 milhões. Por outro lado, a dívida líquida subiu para US$ 26,97 bilhões, ante US$ 22,99 bilhões no final de 2024. A própria empresa já havia alertado sobre aumento da dívida e menor produção no trimestre.
Ativismo em alta e pressão sobre a liderança
A redefinição estratégica, no entanto, não apaziguou os ânimos dos investidores ativistas. O fundo Elliott Management, que detém agora mais de 5% da BP, tornou-se o segundo maior acionista da empresa, atrás apenas da BlackRock.
O movimento sugere uma tentativa de influenciar a direção estratégica da BP, potencialmente pressionando por mais foco nos combustíveis fósseis. A recente rebelião de 24,3% dos acionistas contra a reeleição do presidente Helge Lund reforça esse clima de insatisfação interna.
Empresa sob especulação de aquisição
Com desempenho inferior a concorrentes como ExxonMobil, Chevron e Shell, a BP passou a ser vista por analistas como possível alvo de aquisição. Auchincloss não confirmou essa possibilidade, mas assegurou: “Somos uma empresa forte e independente e temos um crescimento líder no setor”.
Cenário externo: petróleo em queda
A volatilidade no mercado de petróleo também pesa sobre a BP. O Brent, referência internacional, caiu para US$ 65,19 por barril, contra os US$ 84 registrados no mesmo período de 2024. Mesmo assim, o CEO se manteve firme: “Temos um equilíbrio de produtos que consideramos e que geram receita para nós”.