O Ministério da Agricultura e Pecuária suspendeu as exportações de frango do Rio Grande do Sul para a União Europeia, Argentina, China e outros países, após confirmação de caso da doença de Newcastle em um aviário comercial com 14 mil animais. A medida foi informada pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária da pasta aos frigoríficos processadores e exportadores.
O Brasil não registrava uma ocorrência da doença de Newcastle (DNC) em plantéis de aves desde 2006, mostram dados da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). Na época, os casos se deram em aves de subsistência, no Amazonas, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
A doença de Newcastle pode ter várias formas de transmissão indireta, como por contato com água, alimentos, insetos, roedores, equipamentos, materiais contaminados, entre outros. Dessa forma, é possível que o caso atual tenha ligação com as enchentes ocorridas recentemente no estado.
O vírus é transmissível também para humanos, porém causando apenas sintomas leves. A transmissão pode se dar apenas por meio do contato de humanos com as secreções de aves doentes. Portanto, o consumo da carne de frango continua sendo totalmente seguro.
Para as aves, por outro lado, as complicações podem ser severas, podendo levar a 100% de letalidade do plantel. Por isso, uma vez identificado um caso, todo o plantel precisa ser sacrificado.
Exportações de frango são interrompidas: o que muda
Para a Argentina, não poderão ser exportadas carnes frescas de aves e derivados, ovos, carne de aves para alimentação animal, matéria-prima de aves para fins opoterápicos de todo o território nacional.
No caso da União Europeia, o governo suspendeu exportações e produtos à base de carne fresca de aves, assim como não tratados derivados de sangue. A comercialização de itens avícolas e ovos do Rio Grande do Sul foram suspensas para 32 mercados. São eles:
- África do Sul;
- Albânia;
- Arábia Saudita;
- Bolívia;
- Cazaquistão;
- Chile;
- China;
- Cuba;
- Egito;
- Filipinas;
- Geórgia;
- Hong Kong;
- Índia;
- Jordânia;
- Kosovo;
- Macedônia;
- México;
- Mianmar;
- Montenegro;
- Paraguai;
- Peru;
- Polinésia Francesa;
- Reino Unido;
- República Dominicana;
- Siri Lanka;
- Tailândia;
- Taiwan;
- Ucrânia;
- União Econômica Euroasiática;
- Uruguai;
- Vanuatu;
- Vietnã.
Outros 15 mercados também não receberão carne de frango e derivados da localização não receberão carne de frango e derivados dentro do raio de onde a doença foi detectada.
“Deve ser reforçada a atenção na análise dos dados do boletim sanitário, principalmente quanto à mortalidade de aves a campo. Lembramos que todas as aves que forem encaminhadas ao abatedouro-frigorífico acompanhadas de guia de trânsito animal estão aptas para o abate, pois se houver suspeita de SRN (síndromes nervosas e respiratória de aves) a campo, o trânsito destas aves é interditado“, informou um ofício do governo.
Quais as empresas mais impactadas?
O Rio Grande do Sul é o terceiro maior exportador de carne de frango do país, atrás apenas do Paraná e de Santa Catarina, destaca a EQI Research.
As empresas mais impactadas pela suspensão, segundo o analista Tiago Ferreira da EQI Research, são BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3).
“A BRF possui mais de 40% da sua receita vinda de frangos, por isso é disparada a mais impactada pela notícia. Após o anúncio, as ações de BRF despencaram 8%. Marfrig sofre por tabela, já que detém o controle da BRF. A JBS também é bastante impactada por meio da sua operação de Seara (cerca de 10% do lucro operacional consolidado“, aponta. “Por fim, apesar de não possuir nenhuma exposição à carne de frango, a Minerva (BEEF3) também pode ser impactada, caso a suspensão das exportações leve a um excesso de oferta de carne de frango no mercado doméstico, pressionando também os preços da carne bovina.




A EQI Research avalia que o impacto para as empresas do setor pode ser bastante significativo. No entanto, é preciso reforçar que a suspensão autoimposta é, em sua maior parte, restrita apenas ao estado do RS, o que minimiza bastante os possíveis prejuízos.
“Os dois únicos destinos com restrição nacional (Argentina e União Europeia) respondem juntos por apenas 1,5% do total de frango exportado pelo Brasil no ano. Dessa forma, é possível redirecionar as exportações para os demais países a partir de outros estados, e absorver a produção gaúcha no mercado doméstico.“
Os principais riscos para manter no radar, segundo o analista, são:
- se os principais importadores adotarão novas restrições comerciais para além da suspensão apenas regional auto imposta pelo Brasil;
- se a doença de Newcastle se disseminará por outros estabelecimentos de produção comercial.
“Por ora, não há indicativo nem de uma coisa nem de outra”, finaliza Ferreira.
- Você leu sobre as exportações de frango. Para investir melhor, consulte os e-books, ferramentas e simuladores gratuitos do EuQueroInvestir! Aproveite e assine a nossa newsletter: receba em seu e-mail, toda manhã, as principais notícias do portal!